ADD – Um enterro adiado

Já toda a gente percebeu que o modelo de avaliação, complex ou simplex 1 e 2, é um nado morto. Contudo, o ME continua com paliativos só para adiar o funeral.

Nos últimos dias, o Ramiro e o PauloG deram eco a um estudo produzido por uma tal Deloitte. Só hoje vi a referência ao dito cujo na página oficial do ME.

Não gosto de funerais e por isso não olhei para o relatório à espera da Santa Unção. Lancei um olhar mórbido, mais entretido com as flores do que com o defunto. E vi esta buganvília (alguém me disse que era uma espécie de trepadeira):

deloitte

Leram as letrinhas? “[…] Esta publicação não substitui tal aconselhamento ou a prestação daqueles serviços profissionais, nem a mesma deve ser usada como base para actuar ou tomar decisões que possam afectar o vosso património ou negócio.” Fartei-me de rir!

Placebo

A ficha de auto-avaliação que publiquei aqui já mereceu o olhar de cerca de 2500 visitantes. Em tão pouco tempo nunca um texto meu mereceu tamanha atenção.

Se por um lado fico satisfeito ao saber que a minha escrita serve de inspiração a tomadas de posição (?) de onde subjaz uma ideia de resistência, por outro lado fico apreensivo ao saber que este tipo de oposição será sempre um placebo aos olhos da opinião pública.

Que chatice, há cada vez mais falta de tempo para legislar…

“O secretário de Estado Adjunto da Educação admite ser “impossível” a aplicação do modelo integral de avaliação docente. Por isso, defendeu ontem ao JN, “o Governo tem de tomar uma decisão a curto prazo”.

– Tardiamente, é certo, lá reconheceram o óbvio: o modelo é inexequível! Mas se pensam que esta evidência é suficiente para parar o processo, estão muito enganados. Não é extraordinário?!

“Parece ser consensual a necessidade de introdução de correcções por ser impossível a aplicação integral do modelo”, defendeu Jorge Pedreira após a reunião de ontem de manhã com a Fenprof. O modelo em vigor (decreto-lei 1-A/2009) é o simplificado que só vigora este ciclo avaliativo, cessando até 31 de Dezembro. Ou seja, sublinhou o secretário de Estado, se não forem aprovadas alterações a partir de 1 de Janeiro regressa o decreto-lei nº2/2008. Pedreira considera que o Governo deve, por isso, anunciar uma decisão até ao início do ano lectivo.”

– Como? Ainda consideram a hipótese de aplicar o modelo inexequível se não for alterado o simplex 2?
Ah… estava a ficar preocupado: afinal a coerência foi coisa que passou… num ápice.

“As negociações com os sindicatos sobre avaliação não devem, no entanto, começar antes de “meados de Julho”, porque o ME ainda espera o parecer da OCDE – que primeiro entregará “um rascunho e só depois do ME reagir o relatório final”, embora as negociações comecem só com esse “rascunho”- e a decisão do Conselho Científico para a Avaliação dos professores (CCAP) sobre qual dos modelos de avaliação deve vigorar no próximo ano (integral ou simplificado). Sem prazo dado pelo Governo para se pronunciarem, Jorge Pedreira espera que os conselheiros tenham em conta a necessidade de se tomar uma decisão rapidamente.”

– Isto está a correr bem. Então é o CCAP que toma decisões sobre o que deve ou não vigorar no próximo ano? A delegação de competências é definitiva ou só dura enquanto der jeito?

“O concurso extraordinário para professores titulares não deve realizar-se antes das eleições legislativas. O secretário de Estado Adjunto da Educação admitiu, ontem, ao JN, ser já “muito difícil” o Governo aprovar legislação e haver tempo suficiente para os procedimentos durante os três meses que faltam até às legislativas. Depois, na reunião de dia 1 com os sindicatos o ME vai propor alterações às regras de acesso à categoria.”

– O senhor secretário tem razão: houve pouco tempo para legislar sobre o assunto. hummm… e três meses não dá para muita coisa, de facto,… em ritmo de cruzeiro da produção legislativa deste ME, em três meses dará apenas para alterar duas resmas de portarias e uma palete de decretos-regulamentares. Coisa de pouca monta para a vontade que há em mexer na massa…

A notícia está aqui: http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1277338

O problema é a (má) memória.

 Ferreira Leite promete ruptura com políticas de José Sócrates.
A líder social-democrata revelou aos deputados quais serão as duas “bandeiras fundamentais” do programa eleitoral: educação e justiça. Hoje, em Portugal, “não se premeia o mérito nem se condena o demérito”, justificou
.

A educação surge, uma vez mais, como bandeira de campanha eleitoral. Só que desta vez até se percebe. Seria injustificável que algum partido político fizesse tábua rasa, nos programas eleitorais, de uma área tão depreciada pelo governo de Sócrates. Depois da passagem de MLR à frente do ME, as palavras de MFL até nem soam mal. O problema é a memória. A minha, obviamente. Mas venha daí esse programa eleitoral para não ficarmos só pelos chavões!

Setembro quente

O secretário de Estado da Educação, Jorge Pedreira, assumiu esta tarde, em conferência de imprensa , que não vai ser possível chegar a acordo com os sindicatos dos professores sobre a revisão do Estatuto da Carreira Docente, […]
Ontem, o Ministério formalizou a sua proposta de revisão estrutura da carreira docente, mas não abdicou da divisão em duas categorias. Pedreira reconheceu que esta posição torna inviável um acordo. “Para os sindicatos tudo o que não seja a abolição das duas categorias não é valorizado”, disse
.”

Os sindicatos da plataforma, ou o que restar dela (atente-se ao ziguezaguear da FNE) depois deste novo embate com o ME, têm o mês de Julho para preparar um Setembro que antevejo muuiiito quente.

Vamos lá acertar uma data para descer a Avenida da Liberdade!?

Na mouche!

“Dois Anos do XVII Governo no Desenvolvimento da Sociedade da Informação”
Ordem dos Engenheiros

“Os minutos 14 a 21 deste vídeo com António Figueiredo, APDSI, sobre o Plano Tecnológico da Educação, são de antologia” (in: Twitter, obrigado António)
E são mesmo!

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Adenda:

Minuto 14 – “O Ministério da Educação tem um modelo de gestão profundamente ultrapassado e tacanho. É um modelo de comando e controlo. Para o ME, os professores são uma cambada de preguiçosos, sem iniciativa. E isso é um erro completo.(…) Nós temos professores espantosos, com uma paixão pela sua missão comovente.”

Minuto 15 – “Há da parte do ministério uma inadequação completa quanto à mobilização dos professores para um projecto de mudança. Enquanto o ministério não conseguir apaixonar de novo os professores para um projecto de mudança pode meter quantos magalhães ou quadros interactivos quiser que não vai mudar o sistema [reforma pedagógica]. Os eventuais resultados positivos não se deverão ao ministério mas apesar dele.”

Minuto 17 – “O Plano Tecnológico da Educação tem uma visão tecnocrática primária, muito semelhante a alguns projectos do início dos anos 80.”

Minuto 36 – “A educação tem que ser profundamente remodelada. Há que recuperar, reconquistar e vai ser difícil reconquistar os professores, recuperar a paixão que os professores tinham pela sua missão. Eu tenho feito o exercício desde que fizemos este relatório, tenho feito o exercício de tentar ver qual é o sonho na cabeça dos professores, em várias partes do país. O sonho que neste momento está na cabeça dos professores é reformarem-se antecipadamente. É absolutamente deprimente, quando havia tantos sonhos, pelo menos em grupos muito representativos das escolas, havia paixões, havia pessoas que de manhã iam para a escola apaixonados por aquilo que faziam, apesar de saberem que aquilo era desgastante. Agora, o sonho dos professores é aposentarem-se antes do tempo”.

Auto-avaliar – o sexo dos anjos

A auto-avaliação do desempenho docente é um exercício crítico, reflexivo, que visa conduzir o avaliado a um estado superior de análise do valor real do seu produto de trabalho. Sendo a actividade docente uma actividade com uma carga inquantificável de trabalho invisível, há um risco elevado de existir um desfasamento entre o valor do trabalho calculado pelo avaliado e o valor que é estabelecido pelo avaliador.

Ora, quando o avaliador é incapaz de definir e mensurar o trabalho do avaliado, dada a natureza “invisível” do produto e processo desse trabalho, não é conceptualmente possível classificar como inválida a auto-avaliação de um docente.

Desafia-nos o Paulo Prudêncio a dizer, com coerência, o que se auto-avalia. Direi, seguindo a linha de raciocínio que discorri atrás (admitamos que é relativista q.b), que tudo e nada pode ser objecto de auto-avaliação: a auto-avaliação é relevante para o auto-avaliado e risível para o avaliador.

Se a minha auto-avaliação só diz respeito a mim próprio, por que carga de água há-de alguém esconder-se por detrás desta engenharia da tecnocracia a atiçar, imerecidamente, tanto alarido?

O ME aguarda por um “milagre das rosas”.

Rel_rede_esc_CCAP_09

O ME pode fazer deste relatório o que quiser. Pode tentar distorcer ou suprimir as ideias-chave, pode até evocar o milagre das rosas para justificar a implementação do seu modelo de avaliação. O que não pode negar é “que no plano transformativo orientado para a melhoria das aprendizagens, não é na conformidade aos normativos que o desempenho docente tem o seu lugar estratégico”, como salienta o redactor. Pergunto como é que este PS (se for governo) pensa reconquistar os professores. Impondo o complex ou, em alternativa, tolerando o simplex?

É que depois do famigerado despacho (a que fiz referência na entrada anterior) da futura ex-ministra da educação, só posso concluir que a estratégia proposta pelo CCAP não foi bem acolhida… ou percebida… sei lá.

C – A alínea que falta ao Despacho.

MLR solicito(a) ao CCAP ponderação e parecer sobre a pertinência de, no próximo ciclo avaliativo, ser adoptada, em alternativa, uma das seguintes medidas:

A – Aplicar o modelo de avaliação de desempenho docente tal como previsto no Decreto Regulamentar nº 2 de 10 de Janeiro 2008, com as alterações eventualmente consideradas necessárias, designadamente a respeitante à duração dos ciclos de avaliação. Esta decisão implicaria retomar o carácter obrigatório da componente científico-pedagógica da avaliação, bem como considerar eventualmente, na componente funcional, os parâmetros que avaliam o contributo dos docentes para a melhoria dos resultados dos alunos e para a diminuição do abandono escolar.

ou, em alternativa,

B – Manter, por mais um ciclo avaliativo, o normativo actualmente em vigor (Decreto Regulamentar 1-A/2009 de 5 de Janeiro que introduziu medidas de simplificação da aplicação da avaliação no ano lectivo de 2008/2009), de forma a permitir às escolas e aos docentes o desenvolvimento e a consolidação das competências avaliativas, bem como um período de maior estabilidade, antes de proceder a novas alterações.

Faltou, obviamente, a alternativa mais sensata,

CSuspender o modelo de avaliação de desempenho docente tal como previsto no Decreto Regulamentar nº 2 de 10 de Janeiro 2008.Esta decisão permitiria abrir caminho à construção de um modelo de avaliação cuja aplicação dignificasse a função docente e que fosse sentido pelos professores como um instrumento de valorização profissional.

O tom pungente do primeiro-ministro

Ando cada vez mais atarefado com procedimentos administrativos que não está fácil manter actualizado este cantinho. Sobra tão pouco tempo da leitura (sim, porque dou preferência à leitura dos blogues da comunidade) que a escrita tem de esperar por melhores dias.

Bem, o que importa mesmo é que a faceta comunicacional do primeiro-ministro está cada vez mais interessante. Agora comovo-me sempre que o ouço falar. Até as lágrimas me correm pela face, como se me deixasse metamorfosear por um Paulo Portas incontido em noite de resultados eleitorais. E se me desfaço em lágrimas com o tom pungente do homem, o que será dos militantes fanáticos? Deve ser uma enxurrada de baba e ranho, digo eu.

Isto serve para dizer que devo ter perdido a memória. Talvez seja mesmo essa a ideia do primeiro-ministro quando representa o papel de noiv@ arrependid@: que eu e os milhares de docentes vivamos da memória de curto prazo. Que o efémero televisivo promova a amnésia colectiva tão indispensável para a reabilitação deste PS até às próximas eleições. Para depois regressar o durão… quantos são, quantos são?…

Manga-de-alpaca

(reedição – 13 de Junho de 2008)

Tenho de reconhecer que tenho ainda muito caminho para andar até me transformar num bom operário da educação. Pressinto que me querem impingir esse estatuto, por razões meramente economicistas, mas ainda [?] não estou preparado para o cumprir. Estarei desfasado deste tempo? Sinto que as funções acessórias que estão a ser relevadas no conteúdo funcional da profissão que escolhi não se coadunam com o investimento que fiz na profissão e muito menos com as minhas expectativas de educador.
Tenho de reconhecer que não me sinto nada confortável, mesmo nada confortável, a ouvir a leitura de uma norma [02], que deveria ser distribuída pelos professores em formato digital [só para evitar o desperdício de papel]; Não me sinto nada confortável a vigiar uma prova de exame onde apenas é requerida a presença física e um mutismo fiscalizador; Não me sinto nada confortável a preparar pautas de provas de exame, resmas de papel para cumprir um ritual administrativo oco de conteúdo…
É um pena não exigirem mais do meu trabalho do que o simples cumprimento de formalismos inócuos. Corro o risco de passar uma imagem de imodéstia ao denunciar um pretenso desperdício de capacidade. Mas quem não se sente não é filho de boa gente!
Manga-de-alpaca? Não muito obrigado!

Entregar a ficha de auto-avaliação (FAA), eis a questão.

Um conjunto de colegas, devidamente identificados e acreditados na luta dos professores, decidiram manifestar publicamente a indisponibilidade para entregar a ficha de auto-avaliação nos moldes determinados pela tutela. Fazem-no em nome da sua consciência e salientam “que esta declaração não é um apelo a qualquer tomada de posição semelhante por ninguém, mas tão-só a afirmação da nossa.”

A Fenprof, respeitando as opiniões dos professores, designadamente materializadas em mais de um milhar de reuniões realizadas durante a semana de Consulta Geral, apela a que, com a entrega da sua ficha de auto-avaliação, reafirmem o seu desacordo com este modelo de avaliação através da ENTREGA DE UM PROTESTO, COLECTIVO E/OU INDIVIDUAL.”

Ao contrário do que possa parecer, as duas posições são complementares. Dir-me-ão que se trata de um paradoxo mas eu estou convencido de que não é, já que esta complementaridade decorre da responsabilidade de cada um dos grupos face à não despicienda representatividade, ou falta dela. Isto é, o grupo dos ousados colegas fazem-se representar a si próprios, não assumindo para si o ónus de eventuais perdas colectivas; enquanto a FENPROF representa um colectivo de professores, assumiu o compromisso de os apoiar e subsidiar nas acções individuais por si aconselhadas, e é responsabilizada politicamente pelos resultados que advierem dessas tomadas de posição.
Apesar de não terem feito qualquer apelo explícito à não entrega da FAA, os colegas subscritores da declaração acabam por fazê-lo veladamente, porque se assim não fosse, a acção pública não faria qualquer sentido já que bastaria agir com discrição na escola situada. Ao tornar pública uma posição que é individual, espera-se muito mais do que a merecida anuência de alguns colegas; espera-se uma adesão efectiva dos colegas. E não vem nenhum mal ao mundo por isso!

A FENPROF, pelo seu lado, assume uma posição de luta mais moderada, porventura menos ofensiva mas muito mais representativa da vontade dos professores. Se a FENPROF foi injustamente acusada de ter decidido contra a vontade da maioria dos professores no caso da entrega dos objectivos individuais, apesar do número exorbitante de assinaturas que a desafiavam a agir como agiu, agora não deveria ser acusada por não se deixar enclausurar numa acção de luta que seria levada a cabo por uma minoria de professores.

Quando afirmo que as duas posições são complementares, quero dizer que ambas visam o mesmo objectivo embora adoptando diferentes metodologias. Utilizando uma desapropriada linguagem bélica para retratar o combate político, direi que uma aposta numa luta de guerrilha, mais corpo-a-corpo, enquanto outra procura o desgaste do adversário face ao número de efectivos envolvidos.

Se todos são os meios são poucos para lutarmos contra o adversário político comum, é perfeitamente escusada a luta entre pares dentro da barricada. E quem não entender que este não é o tempo para dar tiros nos pés (ou nos colegas de luta), permitam-me o atrevimento: calem-se!

Entre a espada e a parede

“Não se percebe como é que é possível, a menos de uma semana de ter havido eleições neste país, ouvirmos este Ministério dizer que os portugueses não iriam compreender por que razão [o Ministério da Educação] iria agora, ao fim de quatro anos, alterar as suas políticas para a educação”, disse aos jornalistas o secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira. in: RTP

Se o ME cede, não se percebem as políticas educativas dos últimos 4 anos.
Se o ME não cede, não se percebem as políticas educativas dos últimos 4 anos.

O melhor é fechar para balanço!

Albino, o paladino… da verborreia

Albino Almeida da Confap (Confederação das Associações de Pais) aponta o dedo ao sistema de ensino. “A escola ensina todos da mesma maneira e esquece-se que todos aprendem de forma diferente”. Por isso, os pais que têm dinheiro têm de se socorrer das explicações para ajudar os filhos a ter boas notas, critica. Fonte: DN de 11/6/09

Depois de ler o comentário do Ramiro às declarações de Albino Almeida (AA), e com o qual concordo na generalidade, não resisto a salientar duas incongruências no discurso de AA.

É verdade. Albino Almeida tem razão. A escola está formatada para um aluno tipo e tem dificuldades na personalização do ensino. Mas a escola também é construída pelos pais que são presumivelmente representados pelas suas associações. Albino Almeida ao apontar o dedo à escola não se pode esquecer que ele também é escola. O que significa que ele pode deve procurar resolver dentro de portas o problema da personalização do ensino:

Em primeiro lugar, Albino Almeida devia zelar para que cada associação de pais, localmente, e a CONFAP, centralmente, deixem de apoiar soluções políticas e administrativas que tratem todos os alunos como se fossem um só. A escola a tempo inteiro, só para não me alongar em exemplos, é uma medida apoiada pela CONFAP que trata todos os alunos com se fossem um só, sem atender às necessidades de cada um. Se há casos em que a escola pode, suplementarmente, coadjuvar algumas famílias ofertando actividades de enriquecimento curricular, há outras famílias que dispensam este tipo de intervenção da escola. [vem mesmo a calhar este texto do JMA sobre a tirania do auxílio]

Em segundo lugar, das afirmações de AA emerge um problema conceptualmente irresolúvel para qualquer associação de pais e, obviamente, para a CONFAP: se os alunos são todos diferentes, se as famílias são entidades singulares, o que defende a CONFAP? Que tipo de famílias e de alunos defende a CONFAP? Ou para ser ainda mais claro, parafraseando Pedro Silva: É que falar em associações de pais não significa que elas efectivamente desenvolvam actividades para os pais. Por outras palavras, não significa que os representem.

Declaração de interesses: sou professor, delegado sindical e dirigente de uma associação de pais.

Marco Fortes

Estão lembrados das declarações polémicas de Marco Fortes depois de ser eliminado no concurso do lançamento do peso nos jogos olímpicos de Pequim?
Muitas vozes se ergueram a condenar o atleta pelo modo como reagiu à eliminação, tendo sido “convidado” a regressar a Portugal pelo chefe da comitiva.


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Marco Fortes bateu hoje, uma vez mais, o recorde nacional do lançamento do peso.  A vida e o desporto em particular têm destas coisas. De besta a bestial vai um passo.
Parabéns, Marco!

Relevante

Importa melhorar a condição física dos nossos jovens, não só numa perspectiva da Defesa Nacional mas também por razões de saúde pública e bem-estar da população“, destacou [Cavaco Silva].

O senhor Presidente da República deve estar a brincar. Melhorar a condição física dos nossos jovens? Onde? Na escola? O melhor é perguntar à sua apaniguada, que por enquanto ainda é ministra da educação, o que tem a dizer sobre a carga horária semanal da disciplina de Educação Física no ensino básico e nos cursos profissionais do secundário. E já agora, o que lhe diz sobre o relatório do parlamento europeu sobre o papel do desporto na educação.

Retórica da treta

10 de Junho: Elevada abstenção “empobrece a democracia” e deve “fazer reflectir agentes políticos” – Cavaco Silva

É difícil não concordar com o Presidente da República. Só que o problema da abstenção não é de hoje. E porque é um problema que suscita invariavelmente as mesmas interrogações, pergunto se o apelo que é dirigido aos seus comparsas não estará condenado a cair em saco roto? Não ouso afirmar que seria preferível fazer de conta que o problema não existe, mas confesso, estou farto de retórica inócua. E como actor principal deste drama em que se transformou a vida político-partidária, Cavaco Silva há muito tempo que devia ter transformado o seu magistério de influência num magistério de acção.

Empurrão

ssifo

Para Vera Jardim “não há dúvida nenhuma que uma parte do eleitorado está descontente com o PS” e essa parte do eleitorado, acrescentou, “são todos aqueles que se sentem vitimizados por reformas do PS. São os professores, são os funcionários públicos, é o pessoal da Justiça, etc”.

Tudo leva a crer que o partido do governo irá entrar num período de reflexão e de questionamento das políticas traçadas por José Sócrates. Será interessante perceber se essa discussão interna se confinará ao “lamber de feridas” ou se irá emergir do interior do partido um sinal inequívoco de rompimento com as políticas que geraram o tal descontentamento do eleitorado vitimizado a que se referia Vera Jardim.

“Afirmou o Primeiro-Ministro, na noite eleitoral, que se iriam manter as políticas que têm sido tão contestadas pelos portugueses; se isso acontecer, com o Governo de Sócrates a insistir nas mesmas medidas e a desvalorizar o diálogo, a negociação e os Sindicatos, os professores e educadores manter-se-ão firmes na primeira linha do protesto e da contestação pública às suas políticas.” O Secretariado Nacional da FENPROF

A poucos meses das eleições legislativas, será pouco crível que o timoneiro e visionário comandante socialista inverta o sentido da marcha, até porque José Sócrates foi demasiado lesto a dizer, no rescaldo das eleições, que iria manter o rumo. Terá sido o orgulho ferido e a teimosia que lhe é peculiar que o levaram a afirmar o que afirmou? Talvez. Mas surpreender-me-ia muito se José Sócrates fosse capaz de reconhecer os equívocos da sua governação, designadamente, a revisão do ECD, a avaliação do desempenho docente, a gestão escolar e o estatuto do aluno.
E por ser muito improvável que José Sócrates reconheça os seus erros de governação é que desafio os professores a agendarem desde já a próxima manifestação de força e de determinação. Em Setembro devemos estar preparados para o último empurrão.

Vendilhões de sonhos e de fantasias.

Confesso que fiquei espantado com os erros grosseiros das sondagens que antecederam as eleições para o parlamento europeu. Percebo o Paulo quando questiona o interesse e a utilidade de sondagens se não existir fiabilidade. Espero que os responsáveis das empresas que as elaboraram reconheçam os erros grosseiros, publicamente. Mas mais importante do que o reconhecimento dos erros, espero que estes responsáveis avancem com explicações aceitáveis e claras sobre o que aconteceu, porque se não o fizerem, não é só o futuro do negócio que fica em perigo. Pode ficar em perigo uma ideia de governabilidade à vista desarmada, isto é, uma governabilidade que procura em cada deliberação a imediata anuência das maiorias. É uma governação do efémero que, vamos lá admitir, até pode resultar com sondagens credíveis. Mas resulta menos com os vendilhões de sonhos e de fantasias.

Não se admire se a acolitagem do poder tentar prolongar ainda mais o estado de alienação em que vivem alguns dos nossos políticos. É bem provável que procurem justificar o indefensável dizendo que o erro, afinal, só aconteceu nas urnas de voto. E que os culpados, a haver culpados, foram os eleitores que os enganaram… coitados!

Cá se fazem, cá se pagam!

 Nenhum partido rejeitou o teste: nem o governo, que se mobilizou em peso para coadjuvar o cabeça de lista do partido aceitando o debate da política caseira; nem a oposição, que procurou associar o estado da crise à crise do governo do estado. Todos assumiram que os resultados desta noite seriam um teste ao governo. Por essa razão é que seria um mau sinal, um sinal muito preocupante se estas eleições não penalizassem o partido do governo. Seria um mau sinal que a arrogância e a bazófia não saíssem derrotadas. Não fiquei surpreendido que José Sócrates, no rescaldo da derrota, demonstrasse incapacidade para reconhecer o óbvio. Circunscrever este resultado às europeias é uma fuga à realidade pelos intervalos da chuva.

Uma potencial candidata a Ministra da Educação

Ana Maria Bettencourt  é, a meu ver, uma potencial candidata à sucessão de Maria de Lurdes Rodrigues se se der o caso de o PS conseguir inflectir a vaga de descontentamento em torno das suas políticas.

Por um lado, possui um rico currículo, é investigadora o que lhe dá uma áurea de autoridade na matéria, e é amigável ao PS.
Por outro lado, o seu pensamento converge com uma boa parte das medidas menos populares de MLR, nomeadamente, as questões da avaliação do desempenho docente – uma das bandeiras eleitorais de José Sócrates, o que garantirá a prossecução da “política do eucaliptal”.

Mas se pretende saber um pouco mais sobre o que pensa esta senhora, entre aqui: http://inquietacaopedagogica.blogspot.com. E para lhe facilitar um pouco mais a vida porque eu sei que o tempo é sempre escasso para estas coisas, deixo-lhe a ligação de 4 posts, só para ver o que a casa gasta:

Bons Professores
Avaliação dos professores
Avaliação dos professores – O direito a aprender.
Ainda a avaliação dos professores

Fora da rede…

… para experimentar o Windows 7.
Além de achar graça às janelinhas voadoras e aos arranjos gráficos, fico com a impressão que o 7 é  um pouco mais rápido do que o Vista.

Uma vez mais, perdi as minhas ligações blogoEsféricas que tentarei recuperar durante os próximos dias.

Um portal a pensar nos “votinhos”

Taxa de retenção no ensino básico diminui com a aplicação de planos de recuperação
1 de Junho de 2009

A comparação dos resultados dos alunos com planos de recuperação, nos anos lectivos de 2006/2007 e de 2007/2008, revela que se registou uma evolução muito positiva, a nível nacional, com o aumento das transições em 9 por cento e a diminuição das retenções em 8 por cento.

O ME nunca foi, nem teria de ser, uma entidade neutra sob o ponto de vista ideológico. Confesso que houve um tempo em que eu queria acreditar piamente nas informações e nas estatísticas do portal do ME. E fazia um esforço para acreditar que essa informação tinha como objectivo fundamental auxiliar as escolas e os professores a tomarem “boas” decisões. Era uma informação endógena, pensada principalmente para o uso interno. Hoje, a informação parece cumprir o grande objectivo de mostrar serviço à saciedade, pensando essencialmente nos “votinhos” a creditar por cada medida tomada. Hoje, a informação do ME é uma informação exógena, preparada para o eleitor. E como entrei no domínio da crença, deixei de visitar a capela. 😉