Vamos cantando e rindo…

A penhora do ordenado da ministra é uma impossilidade, não só porque «a vontade do tribunal será satisfeita», diz Margarida Moreira, mas também porque «em lugar nenhum da parte decisória é referido qualquer nome, seja o da ministra, seja o de outro qualquer responsável do Ministério da Educação». (in: Sol)

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hummm… e não é que a sra. tem razão: de facto não é mencionado o nome de Maria de Lurdes Rodrigues. 8)

As escolas vão pensar

Pais apelam a escolas que boicotem editora que admite aumentar manuais escolares.
[…] Albino Almeida sugeriu ainda, em declarações, que as escolas «pensem se querem continuar a usar livros da Leya».

Presumo que AA considere legítimo sugerir (e não seria ele a fazê-lo, obviamente) às escolas para que pensem se querem continuar a ser governadas pelo partido político que mais contribuiu para a degradação da escola pública.

hummm… bem, se isto não é um apelo à subversão, eu sou o pai natal. Valha-me Deus!

Quem educa pais e treinadores?

“Não é o confronto, a competição, ou o tipo de desporto praticado que determinam automaticamente o valor das actividades para crianças e jovens. É antes do mais a natureza das experiências vividas nessas actividades. São as interacções com os pais, os treinadores, os companheiros, a assistência, que vão determinar o valor qualitativo, a valência, da prática desportiva e se esta representa ou não um verdadeiro factor de formação e desenvolvimento de crianças e jovens.” (Rainer Marteens)

Reflecti muito sobre Educação durante estes dois dias em que estive afastado da blogoEsfera. A localidade de Lousã acolheu uma iniciativa meritória organizada pelo clube de voleibol local e que atraiu centenas de crianças oriundas de várias regiões do país. Como encarregado de educação a peregrinação acontece sempre que a minha filha é convocada a participar neste tipo de evento desportivo.
Fui um espectador atento a tudo o que bulia: como profissional do desporto sou muito sensível ao treino de jovens; como encarregado de educação sou muito sensível ao comportamento e actuação dos “educadores” face às competições desportivas em que participam os seus educandos; como professor sou muito sensível às actividades que suscitam a formação e o desenvolvimento das crianças e jovens.

A principal conclusão a que cheguei é desoladora, embora não surpreendente, para quem vê no desporto um instrumento eficaz na educação para os valores: as crianças e jovens sentem muitas dificuldades em conciliarem as exigências de sucesso – resultado desportivo – na prática desportiva competitiva, sob a influência dos agentes de socialização determinantes (treinadores, pais, companheiros), com os comportamentos inerentes ao Espírito Desportivo.
A pergunta é retórica mas não posso deixar de a colocar:
A quem incumbe definir e desenvolver programas de intervenção para treinadores, pais e dirigentes, com o principal objectivo de enfatizar a responsabilidade própria de cada um, numa orientação e desenvolvimento adequados para o desporto infanto-juvenil?
Dito de outro modo: A quem incumbe educar pais e treinadores?

Escola Cultural

O Ramiro vê na Escola Cultural uma resposta  para combater (alguns d)os problemas com que flagelam a escola contemporânea. Nesta temática andamos no mesmo azimute.

Hoje o Ramiro escreveu sobre o eduquês e decidi provocá-lo:
(Ramiro) Sei que és um “adepto” da Escola Cultural. Como é que respondes àqueles que não encontram diferenças entre esse paradigma de escola e o que designas de eduquês?

Sublimação

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Um bom desporto é aquele que cria beleza na nossa vida. Um bom desporto – sabendo que se trata de um conceito polissémico – é aquele que se pauta por finalidades claras e mobiliza a vontade e o esforço para perseguir objectivos que ficam à frente e acima de nós.
É verdade que me sinto enfastiado com o resultado final de um jogo de futebol. Nunca desprezei esta fonte de paixão que dá cor à alma… e hoje a alma está mais sombria. Mas não será por isso que deixarei de buscar nesta liturgia as referências sociais e morais que facilitam a humanização da humanidade.

Adenda: Cantinho do adepto – O Kompensan actua de imediato ou não?

F de Magalhães

A alegada proibição pelo MP da sátira ao Magalhães no Carnaval de Torres Vedras foi um excelente serviço público e estou em desacordo com muito do que tenho lido na blogosfera. E foi um excelente serviço público porque vem no seguimento do esforço de propaganda realizado ao portátil “português” e que levou o primeiro-ministro, José Sócrates, a oferecer um Magalhães aos líderes presentes na Cimeira Ibero-Americana. O Magalhães, com esta brincadeira de Carnaval que ninguém levará a sério, renasce uma vez mais, e as vezes que for preciso, até às próximas eleições. Podia ter ficado apenas na memória dos foliões de Torres Vedras? Podia! Mas o Magalhães é grande demais… o que não deixa de ser paradoxal para um portátil. E só os detractores do interesse público é que ousariam depreciar esta pérola do regime que nos relembra que somos, ainda, um país dos ffff (este último é um f de magalhães, obviamente).

Viva o Magalhães! Viva!…

Adenda: A construção de Carnaval que satirazava um computador Magalhães, em Torres Vedras, vai ser hoje devolvida ao espaço público, depois do Ministério Público ter ontem dado ordem de retirada.

Louvado seja, ó Magalhães, louvado seja…

Planos e brincadeiras de Carnaval

O plano de actividades do Agrupamento de Escolas Território Educativo de Coura foi alterado: 3 actividades foram canceladas – o desfile de Carnaval, as idas à praia e as visitas de estudo para os alunos do pré-escolar ao 8º ano. A associação de pais decide tomar uma posição pública de repúdio pelo incumprimento desse plano e responsabiliza os docentes. A DREN ordenou a realização do desfile de Carnaval. A directora daquele agrupamento escusou-se a fazer qualquer declaração (ao jornal Público), alegadamente por ter sido “proibida de falar” pela responsável da Equipa de Apoio às Escolas de Viana do Castelo. A CONFAP diz que os professores utilizam os alunos na luta política e considera que “tal situação configura um ‘motim’ do qual é necessário esclarecer cabalmente toda a comunidade e apurar responsabilidades”.

Vaticino que um de dois cenários se cumprirá: 1. os planos de actividades atrofiarão; 2. os planos de actividades estarão sujeitos a serviços mínimos.

Depressão pós-entrega/não entrega

Fico em sobressalto quando evoco um tema que não domino. Refiro-me à depressão pós-parto. Perguntam, e bem, se a cabeçada no plinto foi muito grande ou se o jantar foi regado com o tinto da Vidigueira? Direi que das duas hipóteses a certa foi a terceira: Foi o olhar penetrante às relações subjectivas intra-muros que me fez pensar em nados vivos e mortos. Entenda-se o nado vivo como a recusa da entrega dos OI’s e o nado morto a entrega dos (mal)ditos.

Dizia eu, arriscando perder a já escassa credibilidade que tenho junto de vós caros leitores, que o modo como se vive o período pós-entrega/não entrega dos OI’s tem tudo a ver com a depressão pós-parto. Caso ainda não tenham vivido uma situação análoga, estas reacções até podem ser esperadas no período pós-parto imediato e que geralmente ocorre na primeira semana depois do nascimento da criança. E se digo isto é porque as reacções emocionais que os docentes evidenciam incluem sintomas que, jurava se não visse, eram típicas de uma pós parturiente.

Os sintomas incluem crises de choro, fadiga, humor deprimido, irritabilidade, ansiedade, confusão e lapsos curtos de memória. Diz a Wikipédia que as “reacções emocionais não psicóticas ocorridas no período de pós-parto se resolvem espontaneamente em até seis meses, sendo que o manejo consiste em deixar a paciente verbalizar seus sentimentos, enfatizando a normalidade da sua alteração.”

Seis meses são capazes de ser muito tempo. Espero que a normalidade ainda chegue a tempo das próximas eleições… ou das próximas manifestações, quem sabe.

Reformas casuísticas são vulneráveis à erosão ideológica.

Se bem entendi, a proposta de solução do JMA para resolver o diferendo entre o ME e a FENPROF não dispensa, e bem, a formação contínua. Seria a solução para acabar com a subordinação económica e estatutária entre categorias profissionais. Esta proposta de solução parte do pressuposto de que as condições actuais para o exercício da profissão docente requerem um reajustamento do perfil do professor. E que condições são essas que exigem um novo perfil funcional? Há ou não uma pressão da ciência, da tecnologia, e globalmente, da sociedade que exerçam uma nova pressão sobre o professor que o obrigue a reajustar a sua formação para fazer face à mudança?

A escola é hoje convocada a responder a “novas” solicitações: À escola exige-se que resolva, essencialmente, o problema da custódia dos mais jovens e o problema da inserção dos sujeitos no mundo do trabalho. Estarão os professores portugueses preparados para responder a este desafio social? Estas “novas” exigências requerem ou não uma mudança no paradigma de formação inicial?

Não! Nenhum dos novos desafios implica uma mudança profunda no modelo inicial de “fabricar” professores ou um reajustamento na formação contínua. Nenhuma das “novas” funções requer uma mudança de perfil funcional do professor. Então de que falámos quando dizemos que é necessário repensar a formação contínua para resolver um problema entre o ME e uma associação socioprofissional de professores? Falámos de mudanças organizacionais que se propõem rentabilizar os recursos educativos, como se diz na gíria do economês. São as políticas educativas de cariz neoliberal, que exigem mudanças na organização escolar, que requerem a diversificação de perfis.

É nesta encruzilhada que nos encontramos: o ME não quer mudar de políticas educativas e insiste em dividir os professores em duas categorias profissionais para minorar a despesa pública; os sindicatos e as organizações de professores que divergem do governo querem uma mudança de políticas educativas e defendem que as mudanças normativas são inócuas e que prejudicam a qualidade do serviço educativo.

Tenho como válido o pressuposto de que o perfil profissional do professor não é definido, é redefinido interminavelmente. Definido o modelo pedagógico de escola e o quadro de actividades educativas a desenvolver nela, há que “fabricar” o professor de que necessitamos. Quem deve, então, definir o modelo pedagógico de escola? Terá um governo legitimidade para impor unilateralmente um modelo pedagógico de escola?

Excepto na reforma de 86 em que houve uma alargada discussão e participação de todos os agentes educativos nas mudanças no sistema escolar, os sucessivos governos têm optado por impor reformas casuísticas sem os apoios e consensos necessários para sobreviverem à erosão ideológica. A consequência mais visível deste tipo de “governação pelas estrelas” é o desfasamento entre o espírito da lei de bases do sistema educativo (LBSE) e grande parte da produção legislativa que se lhe seguiu. Vejamos algumas das incongruências: A escola que está plasmada na LBSE é uma escola pluridimensional e a escola situada é unidimensional; A LBSE prevê uma diversificação de perfis profissionais que derivam para várias direcções (educação especial, inspecção escolar, administração escolar, educação de base de adultos, investigação, acção social escolar, educação permanente, etc., etc.) e as categorias profissionais (titulares e não titulares) são ilógicas porque não requerem dos seus detentores formação adequada para o desempenho dos cargos. No espírito da LBSE subjaz uma ideia de formação ramificada, especializada, mas que convive mal com uma pretensa subordinação económica e estatutária de uma face às restantes. Creio que foi este o sentido mais profundo das palavras do JMA quando defendeu que todas as categorias devem permitir o acesso ao topo da carreira.

As questões da carreira ficarão reservadas para outra oportunidade…

Mais perto do último reduto

“Garcia Pereira afirma que o processo de impugnação dos actos administrativos da administração educativa em sede de tribunal administrativo não é fácil nem rápido. O número de processos de contencioso de funcionários públicos em sede de tribunais administrativos disparou. E as providências cautelares não são fáceis. Não é fácil obter em tempo útil decisões judiciais.” (ProfAvaliação)

Sendo um parecer cujas conclusões são estimulantes e prometedoras, os tribunais são o último reduto da luta dos professores. E são o último reduto porque produzem resultados fora de tempo.

Ainda não estão esgotadas as possibilidades de resolução política do conflito com o ME. Mais célere embora muito mais exigente, já que requer dos professores outra magnitude de tenacidade e determinação, a luta reivindicativa não pode sair da agenda dos professores a alguns meses de terminar a legislatura.

Professor – patrão e assalariado.

Duas ou mais classes profissionais, para quê?

Não encontro evidências de que a diferenciação da classe em 2 ou mais categorias seja uma solução para o problema da qualidade do serviço educativo. Se assim fosse, se a divisão da carreira de professor tivesse impacto na melhoria da oferta educativa, a categoria dos PCE’s (em exclusividade  funções gestionárias desde o 115/A, 98  ) teria já suscitado alterações substantivas na prestação dos professores portugueses de tal forma que hoje deixaria de fazer sentido falar do problema. A necessidade de “profissionalizar” a gestão, seja ela de topo ou intermédia, ultrapassa o âmbito “educativo” para se focalizar no domínio do “financeiro”. A obstinada preocupação da admnistração com os seus “recursos humanos” e com a «Accountability» acabou por reduzir as competências dos chefes de secção coordenadores de departamento à monitorização do trabalho dos professores. O resultado foi a desqualificação dos coordenadores de departamento  e a necessidade de ampliar o quadro legal adstrito ao ECD, como acontecera no caso dos PCE’s. Preferia que se chamassem os bois pelos nomes: Preferia que as tarefas de vigilância/controlo/avaliação punitiva de professores deixassem de estar camufladas no conteúdo profissional de professor.

Deve ou não existir um bloqueio no acesso aos índices de vencimento mais elevados?

Se o Estado considerar que um conteúdo funcional igual requer um salário igual, deve renegociar um valor justo para a docência, independentemente da experiência profissional do professor. O problema é que o Estado não quer pagar o salário justo à entrada na profissão. É oneroso. Prefere dosear o esforço financeiro até ao fim da carreira do professor não abdicando, como é o caso actual, da possibilidade de adulterar as regras a meio do jogo (carreira) deixando de cumprir as obrigações contratuais. É aqui que entra a questão da qualidade do desempenho como factor de diferenciação salarial…

… E por aqui me fico porque a avaliação do desempenho é um assunto que dá pano para mangas.

Depois deste testemunho ainda se entregam OI’s!

Exmª Senhora Ministra da Educação

Excelência

Enviamos, em anexo, a V. Exª as conclusões do Encontro de Presidentes de Conselhos Executivos de Escolas Não Agrupadas e Agrupamentos de Escola, realizado em Coimbra, no Auditório da Fundação Bissaya Barreto, no dia 7 de Fevereiro e onde se fizeram representar 214 Escolas / Agrupamentos.

Este comunicado será dirigido igualmente a Sua Excelência, o Presidente da República a quem solicitaremos uma audiência a fim de lhe manifestarmos as nossas preocupações.

Mais solicitamos a V. Exª que se digne tornar público no Portal da Educação, à semelhança do que sucede com outros documentos do género, e distintamente do que não aconteceu com o anterir manifesto, as presentes conclusões.

Respeitosamente

Os 212 Presidentes das Escolas Presentes no Encontro e cuja listagem se encontra no Anexo.

Anexo:

COMUNICADO FINAL DO ENCONTRO DE PRESIDENTES DOS CONSELHOS EXECUTIVOS, NO DIA 7 DE FEVEREIRO, EM COIMBRA

Os 212 Presidentes de Conselho Executivo reunidos em Coimbra, consideram que a base do desempenho das suas funções se rege por princípios de gestão democrática da actividade educativa das escolas. Não estando em causa a ofensa do quadro legal em vigor, sublinha-se, porém, que o cumprimento de tal dever não exclui, antes implica, a assunção do dever cívico de garantir o bom funcionamento das Escolas no cumprimento de projectos educativos destinados à melhoria das aprendizagens dos alunos.

O espírito que tem vindo a presidir à iniciativa de encontro de Presidentes de Conselho Executivo é o de, na observância dos princípios de responsabilidade institucional, transmitirem ao Ministério da Educação:

·         a convicção de que este modelo de avaliação é um mau instrumento de gestão.

·         a convicção de que este modelo não contribui para a melhoria do desempenho da escola pública naquela que é a sua finalidade: garantir a qualidade do ensino.

·         que a insistência na aplicação do actual modelo não teve em conta e prejudica a construção de uma ferramenta de avaliação do desempenho docente justa, séria e credível, parecendo ignorar os sinais de preocupação e empenho continuadamente transmitidos pelas escolas, nomeadamente, em reuniões com o Ministério da Educação e documentos enviados pelas mesmas.

·         Que as sucessivas adaptações introduzidas no modelo de avaliação, não correspondendo ao acima expresso, promoveram – sob a forma de recomendações e documentos avulso – factores de perturbação da vida nas Escolas, descentrando a atenção dos docentes daquela que é a sua tarefa principal.

·         que tal insistência – desvalorizadora das diversas tomadas de posição dos docentes no uso das garantias de participação e protesto inerentes ao funcionamento do regime democrático – parece responder apenas a um objectivo político que se esgota no mero cumprimento de um calendário.

Estas preocupações, transmitidas à Sra. Ministra da Educação em audiência do passado dia 15 de Janeiro, não se alteraram e têm vindo a ser confirmadas, não se tendo dissipado o clima de instabilidade vivido nas Escolas, antes o agudizando.

Assim, é entendimento dos presentes que em relação às questões que envolvem a entrega dos OI, importa sublinhar que:

·         na legislação publicada, não figura nenhuma referência à obrigatoriedade de entrega dos mesmos pelos docentes, nem à sua fixação pelo Presidente do Conselho Executivo;

·         os objectivos constantes no projecto educativo e no plano anual de actividades da Escola são referência adequada, em si mesmos, à avaliação de desempenho docente. 

De igual modo, os presentes consideram fundamental dar continuidade ao desenvolvimento de um trabalho reflexivo e compreensivo sobre as questões essenciais da educação, da função da Escola Pública e da Carreira Docente.

Neste sentido exortam os demais Presidentes de Conselho Executivo do país a associarem-se a esta reflexão.

Este plenário reitera a posição anteriormente assumida, em Santarém, e transmitida à Sra. Ministra da Educação, no sentido da suspensão do actual modelo de avaliação como condição essencial para a defesa inequívoca da Escola Pública e da qualidade do ensino.

A segunda sala de professores

“Se dúvidas existissem, percebe-se hoje melhor que no Ministério da Educação não se olha a ilegalidades para atingir os fins pretendidos, esperando-se sempre que os professores se conformem e aceitem o que a lei não obriga, mas a administração impõe”, afirma a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), em comunicado.

Na sua ânsia controladora, o ME tece uma rede jurídica de malha tão apertada que, não raras vezes, fica embaraçado nos seus equívocos legais.

Se este ME não mudar de rosto, isto é, se a confiança não regressar às escolas, os tribunais vão passar a ser a segunda sala dos professores.

;o))

Quem me explica, como se eu fosse mesmo burra? (in: Fábulas)

Nesta novela da avaliação de professores o que eu não engulo mesmo (e é por isso que os professores reclamam, não é pela avaliação em si!) é a divisão da carreira docente em 2 grupos: os “titulares” e os outros. Não cabe na cabeça de ninguém que numa profissão, num dia as pessoas sejam todas iguais – porque todas desempenham as mesmas tarefas e todas têm formação idêntica* – e no dia seguinte haja uns mais iguais que outros. Ainda por cima essa divisão foi feita sem critérios ou, se os houve, não são razoáveis nem aceitáveis.

Vem agora o sr. Jorge Pedreira dizer que “a manutenção das duas categorias é essencial para a melhoria da escola pública”

E eu só pergunto: PORQUÊ???

* ou não, mas isso é outra história…

A_normalidade

“Duas centenas de presidentes dos conselhos executivos de escolas, que hoje reuniram em Coimbra, reiteraram o pedido de suspensão do modelo de avaliação, e afirmaram que não há dispositivos legais que obriguem a aplicá-lo, escreve a Lusa. «Na legislação publicada não figura nenhuma referência à obrigatoriedade de entrega dos Objectivos Individuais pelos docentes, nem à sua fixação pelo presidente do conselho executivo», afirmam num documento aprovado na reunião. “ (in: iol)

Quando evoco a farsa para qualificar a imposição de uma espécie de avaliação quero dizer que as escolas situadas (alinhadas ou não) não se reflectem nas escolas ficcionadas nos gabinetes ministeriais.
Importa saber por quanto tempo é possível manter este estado de alienação.

A farsa é a norma.

Apesar da existência de “dificuldades”, o processo de avaliação do desempenho de professores está a decorrer com “normalidade” e exige um esforço de recuperação, afirmou hoje a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues.

“Os professores, os órgãos de gestão estão a fazer um esforço de recuperação deste trabalho [de avaliação] e o importante é que se garanta condições de conforto, de estabilidade, para que a avaliação possa prosseguir”, afirmou a ministra, após a cerimónia de apresentação do revisto Programa de Modernização do Parque Escolar, em Lisboa.

(in: JN)

Contra-fogo.

Que recursos devem ser alocados para se atingir o principal objectivo específico de luta – Revisão do Estatuto da Carreira Docente?

Não encontro melhor analogia a uma putativa estratégia sindical que passe pelo aconselhamento dos professores a entregar a ficha de auto-avaliação, depois de recusarem a entrega dos OI’s, do que a estratégia de combate a incêndios que recorra ao contra-fogo. Não sendo bombeiro, nem tendo qualquer aptidão para apagar fogos, percebo a necessidade de ser alocado o recurso ao fogo para se atingir um objectivo supremo de combate ao incêndio. Esgotados ou não outros meios, será condenável um corpo de bombeiros recorrer ao uso do fogo para combater o próprio fogo? Creio que ninguém condenará o processo, ao não ser que se entenda que este recurso é tecnicamente inadequado para atingir o objectivo.

Interroga-se o Paulo Guinote: Mas então há dirigentes sindicais que, querendo a suspensão do modelo como linha política inegociável, depois se preocupam em negociar a implementação concreta desse modelo, querendo mesmo que os PCE imponham os OI a quem decidiu não os entregar?

Há uma linha muito ténue entre a incoerência e uma estratégia de luta que recorra ao “contra-fogo” político. Mas é nesta linha que a luta irá ser travada, sem menosprezar, obviamente, a utilização de outros recursos que concorrem para o mesmo objectivo.

O paradigma do sr. Albino.

Pais querem escolas do 1.º ciclo abertas doze horas por dia e dizem que ME já deu luz verde. […] O objectivo, segundo o responsável da Confap, “não é transformar as escolas em armazéns de crianças”.

Percebo cada vez melhor o paradigma da escola a tempo inteiro. Lá chegará o dia em que ouvirei o sr. Albino a protestar porque a escola de Carqueja de Cima não autorizou a visita da miudagem aos pais, aos fins-de-semana.

“Desinscrição” do real, uma vez mais!

Ainda não temos números rigorosos, mas posso dizer que temos a indicação de que na maioria das escolas a maioria dos professores entregou os objectivos individuais. O padrão de normalidade neste momento é terem entregue”, afirmou o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, em declarações à Lusa, acrescentando que o Governo deverá ter dados “concretos” no final de Fevereiro.”

vlUma vez mais, o Secretário de Estado da Educação procura “desinscrever” do real (parafraseando José Gil) uma acção política que lhe é adversa. Apesar de saber que a fórmula não resultou no passado recente, primeiro com as manifestações e depois com as greves, o governo teima em não reconhecer o erro de tentar impor uma solução inócua para a ADD.

Que importa determinar com exactidão a cifra dos alinhados e não alinhados?

Não seria mais sensato determinar as causas da desconfiança e repor a “normalidade” no sistema educativo?

Por que será que esta gente não se enxerga?

(Imagem do Antero)

PRÉMIO PEDAGOGIA DO AFECTO

O blogue (Re)Flexões  resolveu presentear-me com o prémio “Pedagogia dos Afectos”.

trofeu_pedagogia2Dando continuidade a mais esta corrente vou seguir a norma, que é a seguinte:
1. Recebendo o troféu, ele deve ser oferecido a 10 blogues que tenham compromisso e afecto com a Educação;
2. A imagem do selo deve passar a ser exibida permanentemente no blogue;
3. O nomeado deve colocar um link para o blogue de onde a nomeação foi atribuída;
4. Nos blogs seleccionados, deve ser deixado um comentário, permitindo assim que eles saibam que foram presenteados e quem os presenteou;
5. O blogue que receber 5 vezes o troféu “Pedagogia do Afecto” deve ir à página deixar um comentário com o e-mail, para receber uma nova homenagem. De acordo com as regras estabelecidas, os blogues aos quais atribuímos o troféu “Pedagogia do Afecto” são os seguintes:

http://msprof.blogspot.com/ – Isabel
http://edutica.blogspot.com – Henrique
http://professorsemquadro.blogspot.com/– MLisboa
http://tempodeteia.blogspot.com – Teresa Marques
http://talvezpeninsula.blogspot.com/ – Teresa Lopes
http://somaisumaprof.blogspot.com – Ana
http://ocantodovento.blogspot.com/ – Matilde
http://correntes.blogs.sapo.pt – PauloP
http://rupturavizela.blogs.sapo.pt – Zé Manel
http://mcabeca.blogspot.com– Manel
http://4thefun.blogspot.com/– tsiwari
http://diasdofim.blogspot.com – PauloV
http://terrear.blogspot.com/– JMatias
http://henrique-jorge.blogspot.com/– Henrique Jorge
http://dias-assim.blogspot.com/– Sofia

Como já terão percebido, não me sinto nada confortável [esta expressão até arrepia] com a contabilidade de merceeiro. Na educação, dez até podem significar doze, quinze ou mil tributos. Embora considere redundante a expressão “pedagogia dos afectos”, na medida em que o afecto está impregnado na pedagogia, este prémio tem para mim um significado especial: Conheci a maioria dos nomeados a partir da rede ou por via dela e nunca é de mais consagrar a amizade blogosférica que ultrapassa, na maioria dos casos, o domínio do virtual. Independentemente das discordâncias ideológicas ou de outra natureza: Bem hajam!

Palavra de Honra

cumprimento_2Há algum tempo que as conversas entre professores confluem para a ADD, especialmente, para a entrega ou não entrega dos Objectivos Individuais. O que poderia ser apenas uma questão de responsabilidade pessoal, a circunstância política e o modus operandi transformaram-na, também, numa questão de responsabilidade colectiva. É possível que por ignorância, por ingenuidade ou por relutância em assumir posições discordantes das adoptadas pelo grupo de pares, houve compromissos que se romperam.
O que me incomoda não é a cifra dos resistentes e dos desistentes. O que me angustia verdadeiramente é sentir que se extingue o tempo em que a Palavra de Honra e um aperto de mão selam um acordo.

(imagem retirada daqui)