Uma forma canhestra de promover os privados na saúde.

Noite ao relento por uma inscrição

Cerca de uma centena de pessoas passaram a noite à porta da Extensão de Saúde de Fradelos, em Famalicão, para garantir inscrição no médico de família. Na freguesia existe apenas um clínico para cerca de 4000 utentes. Só no início do Outono chegará outro médico.

A expressão pacientes, muito usada no SNS, faz cada vez mais sentido!

O PCP esteve bem

PCP teme “fortes constrangimentos” orçamentais na Educação

Numa pergunta enviada ao Ministério da Educação, o deputado Miguel Tiago começa por citar o despacho de constituição daquele grupo, que será responsável pela produção de relatórios sobre a gestão e a execução orçamental das políticas educativas e por propor e acompanhar medidas adicionais que promovam a eficiência e a eficácia dos serviços prestados nos ensinos básico e secundário, no que respeita à afectação de recursos materiais e humanos, entre outras funções.

“A desfiguração acentuada que a escola pública conheceu nos últimos anos tenderá a agravar-se num quadro de fortes imposições e constrangimentos orçamentais, como é óbvio, mas tenderá a tornar-se potencialmente fatal se forem as políticas de finanças a presidir a questões do âmbito estrito da política educativa”, escreve o deputado comunista.

O PCP fez o que, neste momento, podia e devia ser feito, porque há que manter uma vigilância apertada sobre o grupo de trabalho que se prepara para legitimar o garrote.

PIB, Educação e PISA, reduzidos numa folha de Excel

Retorno_Express2_25_7_10 No caderno de economia do Expresso, nas páginas centrais, o jornalista João Silvestre desafia-nos a olhar para a “coisa” educativa através da lente do “economês”. Os professores do ISEG, António Afonso, João César das Neves e, claro, Nuno Crato, são as estrelas da companhia. Pelo meio ainda é citado Miguel St. Aubyn, um investigador do papel do capital humano na economia portuguesa. Qual é a tese? A tese do costume: sabendo que um olhar sobre a realidade educativa a partir dos números, da quantidade de educação, de escolaridade básica ou da média de anos de escolaridade da população, é uma visão redutora que pode originar erros de análise; importa, por isso, colocar a tónica na qualidade em vez da quantidade. O que, segundo Nuno Crato, só através das comparações internacionais, TIMSS e PISA, é possível saber onde fica o norte do eduquês (isto sou eu a deduzir das palavras, e do pensamento escrito, do excelso especialista).

Sem qualquer preocupação jornalística pelo contraditório, João Silvestre apoia-se nas opiniões das referidas sumidades para afirmar que “Portugal gasta o mesmo que outros países em educação mas tem piores resultados.” Que resultados? Pergunta um incauto, como eu. Resultados na literacia matemática e acessoriamente nas literacias de leitura e científica. É nesta parte do texto que emerge a referência a um estudo científico (um artigo publicado no Banco Central Europeu… creio que é a universidade mais creditada na investigação educativa), assinado por Miguel St. Aubyn e António Afonso em 2005, onde os autores concluíam que, com os recursos utilizados, seria possível produzir mais 16% no ensino secundário. E para não pensarem que se trata de números atirados ao acaso só para impressionar, há um relatório da OCDE (Education at a Glance, de 2009) que atesta o seguinte: o Estado português gastou 5.3% do PIB em educação, em linha com a média dos países da OCDE, mas teve um retorno menor quando medido pelos conhecimentos. E é neste plano da eficiente utilização dos recursos que há mais problemas, dirão os pretensos relatores do documento.

Retorno_Express1_25_7_10Atente-se à precisão destes números e a complexidade das relações causais* o que contrasta com a criticada visão redutora de olhar apenas para o número de anos de escolaridade para se inferir a rendibilidade do ensino português.

Na ausência de um quadro de referência que abarque o conhecimento significativo que seria desejável um jovem conhecer, permitam-me a redundância, não encontro razões substantivas para aceitar que umas bojardas pretensamente científicas reduzam a complexidade dos problemas educativos a uma folha de Excel.

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* Um dos factores que explicam a existência de alguma ineficiência na utilização dos recursos, por exemplo, no ensino secundário, tem a ver com a própria formação dos pais dos alunos (…) refere António Afonso.

Se a condicionante-chave é a formação dos pais do aluno, o problema dos resultados encontra-se fora da escola. Para o bem e para o mal, não martirizem as escolas e os professores por algo que os transcendem.

Criado grupo de trabalho para planear o garrote.

O Despacho 11917 cria um grupo de trabalho a quem compete, designadamente:

a) Acompanhar a implementação das medidas para o sector da educação apresentadas no Orçamento do Estado para 2010;

b) Acompanhar a implementação das medidas para o sector da educação apresentadas no Programa de Estabilidade e Crescimento 2010-2013;

c) Propor medidas e acompanhar a implementação do aprofundamento da reorganização da rede escolar dos ensinos básico e secundário;

d) Acompanhar a actividade da Parque Escolar, no âmbito da implementação do Programa de Modernização do Parque Escolar do Ensino Secundário;

e) Propor e acompanhar a implementação de medidas adicionais que promovam a eficiência e eficácia dos serviços prestados no âmbito dos ensinos básico e secundário, nomeadamente no que respeita à afectação de recursos materiais e humanos.

(* O sublinhado é meu.)

Quando os professores regressarem dos banhos, o grupo de trabalho coordenado por tecnocratas do MFinanças e do MEducação terá preparado mais um garrote que constará no próximo orçamento de estado.

Títulos (académicos) em saldo

O Conselho Nacional das Ordens Profissionais (CNOP) exige o título de mestre para os alunos licenciados antes da entrada em vigor do processo de Bolonha (2006) e colocou uma petição on-line para entregar à Assembleia da República, avança a agência Lusa.

Em conferência de imprensa, em Lisboa, o presidente do CNOP, engenheiro Fernando Santos, considerou injusta a actual equiparação académica de todos os alunos, antes e depois do processo de Bolonha, que veio reduzir as licenciaturas para três anos.

«É injusto que os alunos que tiveram formação académica de cinco ou seis anos estejam equiparados aos que tiveram formação de três e isso reflecte-se no mercado de trabalho», disse.

Assim, adiantou, o CNOP decidiu colocar uma petição na Internet a solicitar à Assembleia da República que altere a respectiva portaria e que seja atribuído o grau de mestre aos licenciados antes do processo de Bolonha.

«Vamos pedir à Assembleia da República para que os antigos licenciados tenham o título de mestre e corrigir a injustiça», afirmou Fernando Santos. (in: iol)

O CNOP exige o título de mestre para os alunos licenciados antes da entrada em vigor do processo de Bolonha (2006). Posso presumir que exigirá também o título de doutores para os alunos mestres antes da entrada em vigor do processo de Bolonha? E já agora: o que exigem para os doutores antes da entrada em vigor do processo de Bolonha? Que grande nóia!

Sócrates, as sete vidas, e a bóia lançada pelo PSD.

José Sócrates é um político sortudo. Ora beneficiando das asneiras dos seus adversários políticos, da crise económica externa, dos casos de corrupção mais mediáticos aparentemente infundados, ora gozando dos hiatos constitucionais pré ou pós eleitorais que emperram as alterações no mosaico parlamentar, Sócrates tem sempre mais uma “vida” no jogo político que o mantém à tona, apesar de se pressentir que a imersão ocorrerá a qualquer instante.

Agora foi o PSD a dar um tiro nos pés ao inscrever na agenda mediática a revisão da Constituição. Num momento em que as sondagens catapultavam o PSD para a zona da governação enquanto o governo agoniava, eis que surge a vontade de inovar e de marcar a agenda política com um assunto que poderá ter o seu interesse numa tertúlia de militantes laranjas mas que é extemporâneo face à crise e à emergência da coesão nacional que resulta do reforço do Estado Social.

Enquanto se sucederem os recuos, os equívocos e as tentativas mais ou menos frustradas de esclarecer os verdadeiros intentos dos proponentes da revisão constitucional, os holofotes mediáticos acabam focados na periferia dos problemas e, mais grave ainda, quase que nos fazem esquecer dos responsáveis pela crise. Sócrates agradece mais uma bóia de salvação!

Movimentos redondos

É engraçado o movimento criado em redor dos movimentos para formalizar uma organização de professores, cujo ideário será o que calhar depois de reunidas as tropas. Perplexidades, avanços e recuos, convites mal amanhados, algumas espingardas contadas, enfim, não deixa de ser louvável o esforço e a persistência dos colegas mais inconformados com a representatividade, ou falta dela, dos professores.

Paradoxalmente, o eventual sucesso desta iniciativa determinaria o seu insucesso: criado e formalizado o movimento de professores descontentes abrir-se-ia, naquele instante, um espaço para outro movimento informal alternativo de insatisfeitos. Neste caso, ficar de fora da luta pela representatividade dos professores é a melhor forma de conservar o protagonismo e o ascendente sobre os eternos insaciados.

Desaperto do laço

Ao contrário de Portugal, lá fora aposta-se no regresso a escolas mais pequenas

A criação de grandes agrupamentos escolares que irá começar a tomar forma em Portugal no próximo ano lectivo está em queda noutros países, que já viveram a experiência e tiveram maus resultados. Na Finlândia, a pequena dimensão é apontada como uma das marcas genéticas de um sistema de ensino que se tem distinguido pelos seus resultados de excelência.
Em Portugal, para já, os novos agrupamentos, que juntam várias escolas sob uma mesma direcção, terão uma dimensão média de 1700 alunos, indicou o secretário de Estado da Educação, João Trocado da Mata. O número limite fixado foi de três mil estudantes.

Ao contrário do que se poderia pensar, o que me surpreende não é o facto de o governo português fazer exactamente o contrário daquilo que deveria fazer e que a investigação realizada sugere. O que me surpreende é o “desleixo” dos gabinetes da “boa informação”, o que é um bom prenúncio: No tempo valteriano da educação estas boas práticas jornalísticas não veriam a luz do dia.

Ciência de algibeira…

“O jornal Correio da Manhã adianta hoje queixas de «um grupo de pessoas daltónicas» de que a cor laranja da bola se confunde com o relvado, tornando difícil o acompanhamento dos lances nos espectáculos ao vivo e nas transmissões televisivas de encontros de futebol.

«Mal tomou conhecimento desta eventualidade a Liga pediu informações ao fabricante da bola e solicitou que, a ser verdade, a mudança da cor da mesma. Para a Liga devem ser criadas condições técnicas e humanas disponíveis e possíveis para que todos os adeptos e cidadãos possam usufruir do espectáculo do futebol», disse à Agência Lusa uma fonte da Liga de Clubes.” (in: Sol)

Esta notícia, cujo teor será despiciendo para a maioria das pessoas interessadas pelo fenómeno desportivo, e completamente fútil para aqueles para quem o futebol é uma manifestação cultural árida, encerra um dos paradoxos dos arautos da ciência de bolso: negar a realidade que nos entra, literalmente, pelos olhos dentro. O senhor presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, António Travassos, afirmou hoje à agência Lusa que os daltónicos conseguem ver "perfeitamente" a bola de futebol Jabulani, mas com uma tonalidade cinzenta em vez de laranja.

Do alto da sua cátedra, o senhor presidente da Sociedade Portuguesa de Oftamologia atreve-se a desmentir os queixosos. Muito bem. Eu, daltónico confesso, vejo com dificuldade a bola laranja durante as transmissões televisivas. (percebe-se agora a minha aversão pelo laranja? 😉 ) Agora pergunto: Qual a credibilidade de um médico que depois de declarar o óbito ao doente, acaba por ser questionado pelo próprio doente sobre o grau de veracidade do diagnóstico?

Isto é de doidos!

Socorro…

… tirem-me deste filme. A cadeia de supermercados que patrocina o cantor Tony, o Carreira, montou o festim na outra margem do rio e não há maneira de abafar o som. Esta deve ser a única razão que me leva a desejar ver o Tejo de frente 😉

Qual é o sabor do papel de música?

(Cavaco Silva) Exigiu por isso, ao Governo mais para as escolas e aos pais mais atenção: “Precisamos de mais poderes, precisamos de mais autonomia, eles fazem milagres, mas os pais não podem entregar a criança de manhã na escola deixá-la lá até às sete da tarde e dizer resolvam tudo”, advertiu Cavaco Silva, considerando que Portugal precisa de “ir buscar o exemplo àqueles países em que a escola é assumida com orgulho por toda a comunidade.

Cavaco Silva, depois um longo silêncio sobre as erráticas políticas educativas interpretadas pela sua afilhada ministra de eleição e, mais grave ainda, pactuar com elas assinando por baixo, acriticamente, as leis e decretos que pousavam na sua secretária, designadamente, o DL 75/2008 e mais recentemente o 75/2010 (só para não ter de recuar no tempo), decidiu verberar sobre a falta de autonomia das escolas.

O Ramiro estranha que este facto, muito significativo, no seu entender, tenha sido ignorado pela blogosfera mais influente dos docentes (presumo que este remoque tenha outro destinatário mas eu acedo ao desafio como se fosse dirigido a mim). Eu percebo que o Ramiro, face à sua militância cada vez menos disfarçada pelos protagonistas originários do PSD, queira dar uma visibilidade política a Cavaco Silva e a Pedro Passos Coelho, até porque entramos em período pré-eleitoral. Só não percebo é que ele próprio não questione a incongruência de alguém que passou o seu mandato a enaltecer o sentido das políticas que agora condena. Não é fácil de ignorar as responsabilidades políticas de Cavaco Silva pelo estado da educação e do país pelos anos que gozou de governação e de presidência da república. Só por isso, impunha-se o mea culpa. Menos fácil ainda, é fazer de conta que as palavras de Cavaco Silva são genuínas, apesar de acertadas. Como sou pessoa de pouca fé quando se trata de analisar uma retórica despojada de uma prática congruente, as palavras de Cavaco Silva têm o mesmo sabor do papel de música.

Para alguns, a escola é o último reduto!

As competições desportivas infantis devem ser diferentes das competições dos adultos. Prevalecem os objectivos de formação da prática desportiva nas idades mais baixas e ao contrário do que acontece nos adultos, as competições têm uma função intermédia e devem ser organizadas, quer no plano metodológico e organizativo, quer no dos seus conteúdos, em estreita relação com os objectivos do treino.

Dito isto de uma forma mais simples, parafraseando Teotónio Lima, no desporto juvenil é preciso corrigir os excessos da competição e da “campeonite”. Isto é, o mais importante é valorizar aquilo que as crianças aprendem, aquilo que vão sendo capazes de fazer e não a vitória sobre os seus opositores.

Malogradamente, no nosso desporto infantil sobram exemplos de “campeonites” exacerbadas, promovidas por treinadores, dirigentes e pais. Quem assistiu, como eu assisti, à fase final do “Nacional” de Minis (crianças de 12 e 13 anos), em Voleibol, e concebe o desporto como instrumento pedagógico, saiu frustrado e triste. Frustrado, porque os responsáveis pela modalidade estão de costas voltadas para a investigação e organizam competições conceptualmente desajustadas; Triste, porque as nossas crianças e jovens mereciam ser acompanhadas por adultos com atitudes consentâneas com o seu papel de educadores.

Para estas crianças e jovens, ainda sobra uma réstia de esperança: a escola!

Passo a passo, ou pé ante pé, ou devagar se chega longe, ou outra mixórdia qualquer… até à vitória final.

6.º -A
Redução das tarefas administrativas
1 — A marcação e realização das reuniões previstas no n.º 2 do artigo 2.º do presente despacho e da alínea c) do n.º 3 do artigo 82.º do ECD deve, para o reforço da sua eficácia, eficiência e garantia do necessário tempo para o trabalho dos docentes a nível individual, ser precedida:
a) Da ponderação da efectiva necessidade da sua realização e da possibilidade de atingir os mesmos objectivos através de outros meios, desde que não se trate de matérias que careçam legalmente de deliberação do órgão em causa;
b) De uma planificação prévia da reunião, estabelecendo as horas de início e do fim e com ordens de trabalho exequíveis dentro desse período;
c) Da atribuição aos seus membros trabalho que possa ser previamente realizado e que permita agilizar o funcionamento dessas reuniões;
d) Do estabelecimento de um sistema de rigoroso controlo na gestão do tempo de forma a cumprir a planificação.

2 — Os órgãos dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas, e bem assim as respectivas estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica, devem:
a) Evitar a exigência ao pessoal docente de documentos que não estejam legal ou regulamentarmente previstos;
b) Contribuir para que os documentos exigidos aos docentes ou produzidos na escola tenham uma extensão o mais reduzida possível;
c) Assegurar que a escola só se envolve em projectos que se articulem com o respectivo projecto educativo.»

Grandiosa vitória do sindicalismo docente! Os sindicatos, graças à tenacidade dos seus dirigentes, contra ventos e marés, levaram o ME a reconhecer a necessidade de regular o tempo perdido em reuniões de encher chouriços.

Percebeu a hipérbole?

Se preferir outra, só que no sentido oposto, embora mais burilada, a APEDE escreveu uma bem engraçada para si.

Um post elitista…

Não conheço muitos entusiastas do melhor Basquetebol do mundo que se deixem filiar numa equipa em função de um atleta. Foi assim num passado mais distante com os Bulls, nos últimos anos com os Cavs.

Como os Lakers estão fora da corrida, Miami seria fantástico… a não ser que as estrelas se ofusquem 😉

Adenda: “ Está desfeito o mistério do verão da NBA. LeBron James, o "free agent" mais cobiçado dos últimos anos da Liga, vai jogar a próxima temporada nos Miami Heat. O MVP das duas últimas fases regulares junta-se assim a Dwyane Wade e Chris Bosh na formação da Flórida, que lutará pelo título com armas de respeito em 2010/11.”

Como diria o comentador de serviço: não faltarão noites fantáasssticas!

Retórica da treta.

CDS propõe substituir provas de aferição do 4.º e 6.º anos por exames nacionais.

Sempre que a direita quer, demagogicamente, reavivar o tema da responsabilização (Accountability), os exames nacionais emergem sob a forma de propostas ou outros quejandos. Normalmente estas propostas surgem do nada, avulsas, sem uma ideia substantiva que suscite uma alargada discussão sobre alterações do (e no) sistema educativo. Mais exames porque sim: porque os exames atraem mais rigor e exigência. Do outro lado da contenda, menos exames porque sim: porque o adestramento para os exames afunila o ensino para as matérias com alta probabilidade de serem examinadas.

Que falta de criatividade!

Um novo linguajar…

Objectivos mínimos…

Competências básicas…

Metas de aprendizagem

A epistemologia e a didáctica encarregar-se-ão de descobrir, com subtileza, todas as diferenças. Na escola situada, como sempre, os professores desconstruirão esse emaranhado e aguardarão por novo linguajar.

Quero acreditar, porque sou muito crente, que um burocrata perceberá, uma dia, quão inócuas são as “reformas” de papel.

Um casamento inadiável – nutrição/educação física

Metade dos alunos do ensino secundário em Lisboa já tem risco de doença cardíaca.
Cerca de metade dos alunos do ensino secundário de Lisboa tem pelo menos um factor de risco para desenvolver patologias cardiovasculares, de acordo com um estudo-piloto que será apresentado hoje no Instituto Ricardo Jorge, em Lisboa.

Só os distraídos é que poderão dizer que desconhecem a propagação da epidemia.

Há mais de uma década que os estudos epidemiológicos alertam para o problema. A obesidade/excesso de peso na população infanto-juvenil e os problemas a ela associados merecem dos governos e da sociedade civil medidas efectivas para conter a epidemia.

O parlamento europeu já recomendou aos governos dos estados membros medidas concretas para combater o problema e só a demagogia tem permitido o adiamento do inevitável casamento entre a nutrição e a educação física. E a demagogia em torno desta questão é de tal ordem que até os “insuspeitos” conselheiros das escolas parecem ignorar o problema, como atesta a proposta de trabalho para a revisão curricular dos ensinos básico e secundário (a carga horária obrigatória para a Educação Física é olhada, perversamente, pela lente corporativa).

Ao contrário do que se possa pensar, não é pelo incremento de informação que se ataca o problema: é pelo incremento da acção! É preciso “mexer” na dieta alimentar e “mexer” na actividade física. E a escola tem a obrigação de dar esse exemplo às famílias!

A quadratura do círculo – um comentário a um texto do Pedro Barroso.

Pensava não regressar ao assunto mas impõe-se um comentário a um longo texto de um colega de grupo, Pedro Barroso, mais conhecido pela sua faceta artística e menos pela sua formação académica. Agradeço ao Sérgio a referência e a possibilidade que me dá para aclarar o que penso sobre o tema.

Duas notas prévias:

1. Ninguém deve ficar imune à crítica. O problema não está, portanto, na crítica mas na substância dessa crítica.

2. Todos devem prestar contas, não direi a todos, mas quando se trata de um “serviço público” há que submeter ao escrutínio da opinião pública a qualidade desse serviço.

Sobre o texto de Pedro Barroso, encontro duas linhas argumentativas:

· Uma, focada nos traços da personalidade do Carlos Queiroz que determinam negativamente, no entender do Pedro Barroso, o estilo de liderança;

· Outra, dirigida às opções equívocas quer da estratégia de jogo quer das opções táctico-técnicas;

O texto não consegue esconder uma certa animosidade pessoal de Pedro Barroso com Carlos Queiroz, com quem algum dia privou, parecendo ressabiado com uma vida que não escolheu porque optou, e bem no seu entender, por se deixar guiar por valores mais elevados.

Reconhece que CQ possui características que são importantes num perfil de um líder (“o estudo, a calma, a cultura e ponderação que inegavelmente possui(s)”), mas não reconhece em Queiroz “ambição, o golpe de génio, a raiva, o combate, a capacidade motivacional, o cuspo, o grito, o abraço sincero e a agressividade atacante que inegavelmente sofreia(s)”.

Porém, é factual, estas críticas caem por terra depois de analisado o jogo de qualificação com a Dinamarca, cujo volume e qualidade do jogo ofensivo foram unanimemente reconhecidos. Mais recentemente, o jogo com a Coreia do Norte mereceu os mais rasgados elogios pela sagacidade do treinador, pela ambição dos jogadores, pela eficácia na finalização. Aí não faltou ao Carlos Queiroz ambição, o golpe de génio, a raiva, o combate, a capacidade motivacional, o cuspo, o grito, o abraço sincero e a agressividade atacante. O problema é que no primeiro jogo o que sobrou em eficiência escasseou em eficácia ofensiva. Não se trata, a meu ver, de não ter capacidade para agir. O problema não é a ausência de capacidade de liderança ou de competência para o cargo, como Pedro Barroso defende. O problema é bem mais simples: há treinadores que nos desagradam, seja pelo seu estilo, seja pelas concepções de jogo, pela imagem que cultivam, ou por algum recalcamento encoberto. E não vem o mal ao mundo que tornemos público esse desagrado. Os gostos valem o que valem… Mas reconheçamos esta evidência: Carlos Queiroz tem um projecto coerente, de longo prazo, para as selecções. Após a apresentação pública do seu projecto foram surdas as críticas. Não procuremos razões obscuras para justificar o óbvio: todos os seleccionadores nacionais que não vão ganhar o campeonato do mundo serão contestados pela escassez de resultados. Até o próprio Scolari viveu este drama com os resultados que a selecção alcançou em tempo das vacas gordas.

Quanto à segunda linha argumentativa de Pedro Barroso, que as opções foram equívocas quanto à estratégia de jogo assim como às decisões táctico-técnicas, há que reconhecer as fragilidades da nossa selecção que são ainda mais evidentes no confronto com as melhores equipas do mundo. Como disse num post anterior, a selecção está num processo de reconstrução, há margem de progressão e saberemos aprender com estes erros. Reduzir esta discussão ao processo defensivo que foi ineficaz porque não acautelou a primeira fase de construção de jogo, ou às incidências do próprio jogo, pode fazer sentido quando se disseca um jogo, mas é abusivo partir desta análise circunscrita para a determinação da competência de um seleccionador nacional que defende um projecto com enorme amplitude e que ninguém, até à data, contestou.

Acabo de escrever estas linhas depois de saber que o Brasil perdeu a eliminatória com a Holanda. Foi encontrado mais um seleccionador inapto.

Não quero com isto dizer que todos os seleccionadores são competentes. O seleccionador grego, por exemplo, vencedor do Euro 2004, ficou a saber que era incompetente depois da Grécia não passar a fase de grupos neste mundial. O Dunga seria um seleccionador competente se vencesse a prova.

É uma lástima que a avaliação de competência dependa tanto da volatilidade dos resultados. É por isso que defendo que só se devem contratar treinadores ou seleccionadores depois de terminarem as competições, enquanto não encontrarmos modelos de avaliação mais consistentes.

Este tipo perdeu a credibilidade…

800px-AngleGrinder Depois de escrever o texto anterior fiquei a matutar no assunto e concluí que o tipo é tenro nesta coisa da justiça feita com as próprias mãos. Como arruaça ficou logo descredibilizado porque confundiu uma rebarbadora com uma motosserra. Imperdoável.

E se fosse eu mandar, fazia com que cumprisse a promessa: devia ser obrigado a cortar um (bastava um) pórtico com uma motosserra. Devia ser bonito…

Mas para quem ficou chocado com a proposta e, mais, com a facilidade da solução, desconhece que um deputado que se preze deve ter na mala do carro, além da motosserra, uma chave-inglesa, uma mala de parafusos, um martelo, um berbequim, um torno mecânico, um esmeril e, claro, uma rebarbadora. Não vá o diabo tecê-las… e um tipo ainda tem de dar cabo de uma repartição de finanças ou… sei lá, um gabinete da concorrência. Acreditem que isto é mais vulgar do que parece à primeira vista e estou convencido que toda a gente tem uma pequena serração sempre à mão.

Agora consigo imaginar uma manifestação de professores, cada um com a sua motosserra na mão, ui, ui…estou mesmo a ver as árvores da Avenida da Liberdade a malharem como tordos.

Bizarro!

Deputado do PS de Aveiro propõe destruição dos pórticos de portagem nas SCUT.

Um deputado municipal do PS pôs ontem à votação a proposta de destruir dos pórticos que vão permitir a cobragem de portagens na A 25. Foi em Aveiro. A proposta foi chumbada, mas Raúl Martins até tinha uma moto-serra preparada na mala do carro.

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Este momento surreal caracteriza, com alguma exactidão, o caldo onde se faz o líder heróico que um dia é eleito primeiro-ministro, deputado ou presidente de câmara.