Que 2012, em podendo ser, seja um bocadinho melhor do que parece poder
Publicada por besugo
Poupo-me (e poupo-vos) aqui, agora, a uma estampa do Senhor Doutor Miguel Relvas. Para não afeiar demais este sótão poeirento, para não vos estragar a perspectiva quase neo-gótica das coisas sérias que vos acalentam e para não acabar de vez com a cultura.
Vamos acabar por correr com eles. Primeiro vamos correr à frente deles, fugindo deles com medo deles e das suas polícias adequadas. Depois havemos de nos cansar e, por mero cansaço, estacaremos. Logo a seguir seremos alcançados pela canzoada, que nos latirá mais forte no pressentimento da nossa próxima sangueira na sua dentuça.
Desdentá-los-emos.
Verbo difícil, este, “desdentar”, na sua pouco provável mas fatal transitividade. Muitos de nós perderemos dentes, também. Isso é mais fácil.
Mês: Dezembro 2011
Cobiças…
Deputados estão de férias “para compensar” o que trabalharam no Verão
Assembleia da República suspendeu a actividade entre 22 de Dezembro e 3 de Janeiro para “compensar o tempo que não teve no Verão”, explica à Renascença a presidente do Parlamento.
Gosto de frontalidade. Qualquer outra justificação seria ofensiva à inteligência dos portugueses. A presidente do parlamento fez bem em dizer a verdade independentemente do que cada um de nós possa pensar sobre o merecimento deste descanso extraordinário dos deputados. Para deputados mandriões esta paragem será uma recompensa imerecida; para deputados mais zelosos e cumpridores este descanso será justo.
Tal como os deputados, os professores também estão de férias, como sempre estiveram nos períodos de Natal, Carnaval ou Páscoa. Há que assumir, sem complexos de inferioridade (face aos deputados) ou de superioridade (face a um conjunto de outros profissionais), que a função docente requer dos seus profissionais condições físicas e psíquicas excecionais sem as quais nem os alunos aprendem nem os professores ensinam. Se há outros profissionais que pela sua especificidade requerem as mesmas condições então que avoquem as suas circunstâncias.
Se há algum problema com as férias dos deputados é a imagem anacrónica e eventualmente inoportuna desta decisão num tempo em que se delibera o alargamento do horário de trabalho. Mas isto seria tema para outra conversa…
8º aniversário…
… Do olhar sagaz ao olhar ténue bastou um pedaço de tempo obscuro, mas arável.
(a primeira imagem foi recolhida de parte incerta da “googlosfera”, as duas interiores retiradas daqui, e a última oferecida pelo Carvalhal)
Baralhar para voltar a dar – Lei orgânica do MEC
Entre o fado e o samba…
Reencontrei um amigo que emigrou há cerca de década e meia. É raro sair do Brasil e quando regressa o tempo é escasso para a família. A cavaqueira foi curta para as pontas que ficam sempre por ligar e que permanecem soltas de outras conversas inacabadas. Mas ainda houve tempo para falarmos do presente e do modo peculiar como ele é sentido no ambiente cultural onde está imerso. E se há uma marca distintiva entre o cidadão comum português e brasileiro é o modo como este vive e exalta o presente. E quando o efémero ocupa um lugar tão central na vida das pessoas, o futuro até pode ser menos tormentoso, não fosse este um modo quiçá alienado de olhar o presente…
Desgraçado fado este de agregarmos o futuro ao presente. Porque sempre que o futuro se veste de negro, acabamos por acinzentar as relações pessoais.
Urge metamorfosear o fado, “sambando-o”…
Bom Natal
Desejo um bom Natal a todos os amigos e companheiros que por aqui passam, com mais ou menos intermitências. O fim de semana será dedicado, em exclusivo, à família. Regresso à blogosfera, muito provavelmente, no início da semana.
(Imagem daqui)
Postal de Natal
Som produzido por vozes humanas, ” À CAPELA”, sem efeitos!
Escolhi assinalar este Natal com uma orquestra de pessoas, sem instrumentos. Porque as pessoas são cada vez mais esquecidas (nas e) pelas instituições que as governam!
Bom Natal!
Declaração de interesses
Declaro, por minha honra, que não emigrei nem tenciono emigrar para as Seicheles.
Conhaque não é trabalho!…
Dúvida metódica
Os professores portugueses emigram ou desertam?
Regressa a foice em seara alheia
“Exercício físico devia ser prescrito como uma receita”, defende especialista
Claro que podiam prescrever exercício físico. Assim como eu posso prescrever qualquer mezinha com efeito placebo. Venham lá essas vinhetas…
Que disparate, senhor doutor de medicina!
Revisão da estrutura curricular – Prevaleceu a lógica política imediatista.
Como se lê no documento divulgado ao fim da tarde, O Ministério da Educação e Ciência apresenta a revisão curricular, dando assim início a um período de consulta pública. Desconheço se foi apresentada a metodologia do processo de consulta e a respetiva calendarização. Para que este retalho de reforma se substantifique é necessário que a consulta pública não passe de uma mera operação de cosmética política só para pacóvio ler na imprensa. Emerge daqui a minha primeira questão:
Como se irá mobilizar o País para a educação?
Pelo modo segregacionista como se trataram as organizações sindicais, a questão parece ter encontrado já resposta.
Há, no entanto, outras questões que me ocupam mais o pensamento e que remetem para as lógicas políticas que subjazem a transformações profundas na educação. O documento apresentado reflete uma lógica política imediatista, de curto prazo. Ora, não basta prometer que “a etapa de revisão da estrutura curricular que agora se inicia abre caminho a reformas curriculares mais profundas que permitirão melhorar significativamente o ensino das disciplinas fundamentais.” Importa aclarar:
Que reformas profundas são essas? Quais as condições de sucesso de uma reforma tecnocrática e de que modo este tipo de reforma serve os interesses do desenvolvimento integral do homem? Está já anunciada uma mudança na Lei de Bases do Sistema Educativo? Será que essa alteração vai fazer tábua rasa das condicionantes e das dificuldades encontradas em 86?
Por último, não posso ficar indiferente à manifesta ingenuidade deste MEC que julga ser possível atingir resultados qualitativos na educação por decreto, sem envolver os professores, agentes centrais de qualquer mudança no sistema de ensino. Foi insensato abrir este capítulo ignorando a escola situada.
Nuno Crato parece não ter aprendido nada com o passado recente!…
Hibernei…
… por falta de assunto na educação. O que existe são fogachos, notícias especulativas, coisa do género: vamos mandar o barro à parede para ver se cola. Coisa concreta, assunto enviado para o Diário da República, disso não há nada! O ME, ao invés de implodir, hibernou… como eu. Mas por outros motivos, ou talvez não, porque quem não sabe o que fazer o melhor é estar quieto…
E enquanto os tipos da melhor liga de basquetebol esticam a corda porque o dinheiro conta, vou-me entretendo com assuntos da treta, como as larachas que acabo agora de escrever.
Agora vou para a bancada central, para o sofá do centro, para me preparar para o jogo do glorioso 😉
Paradoxal… a corrupção no setor educativo
Fora de tempo
No início foi a lábia do anti-eduquês. Mais tarde, num excesso de linguagem figurada de recorte belicista, revelou-se a vontade em torpedear o ME. Depois, já instalado no poder e sem saber como lidar com a realidade complexa, recorreu a um linguajar minimalista de conteúdo mas pobre na forma para anunciar a única grande medida de economês aplicado à educação – uma reorganização curricular a retalho.
De fora, cada vez mais arredado dos discursos de pimpões do básico e secundário, ficou a educação, essa representação mítica que se aceita como algo que é bom e conveniente para todos. Mas será conveniente para todos?
Como é possível aceitar o alargamento da escolaridade obrigatória sem nada se questionar, sem nada se debater?
contrição
“Era bom que, aqueles que contribuíram por ação ou omissão para esta dívida e esta ilusão, tivessem a humildade de reconhecer que a culpa do que se está a passar em Portugal não é do senhor Sarkozy, nem da senhora Merkel, nem da Europa. Foi de todos quantos prosseguiram um modelo de desenvolvimento que não era realista nem ajustado nem justo”. Passos Coelho
E quem são os responsáveis, quem são? Vá lá, vá lá, decoro por favor!
Assinaria, obviamente….
Retirado daqui.
Um post (con)sentido
Se perdermos a independência, para quê comemorar a sua restauração?
de jorge fliscorno in: http://aventar.eu/2011/12/01/se-perdermos-a-independencia-para-que-comemorar-a-sua-restauracao/
Realmente, faz sentido.