Para memória futura…

… e por uma questão de coerência, relembro o que disse aqui: Não há um modelo de avaliação que venha a ser aceite e entendido por todos os professores a não ser que esse modelo encerre uma dimensão exclusivamente formativa. Há que defender uma avaliação de desempenho dissociada da progressão na carreira; há que defender uma avaliação que promova o desenvolvimento profissional e a cooperação inter-pares.

Uma avaliação de desempenho externa ou com forte componente externa, como antecipou o Paulo, servirá para muita coisa, designadamente, a reanimação das Universidades, mas não irá testar a proficiência profissional porque se desenvolverá fora da sala de aula, em contexto de ensino artificial.

A farsa continua!

O Tribunal Constitucional declarou hoje a inconstitucionalidade da revogação da avaliação do desempenho docente, cuja fiscalização preventiva tinha sido pedida pelo Presidente da República.

A decisão é inequívoca e o processo prosseguirá o seu curso. A ADD deve cair de podre como o governo: O governo não governava, a ADD não avalia! A realidade irá superar a mistificação. Por muito que nos custe o embuste!

Uma mão lava a outra.

Veiga Simão lamenta destino da avaliação de desempenho dos professores

O ex-ministro da Educação José Veiga Simão, que esta quarta-feira, recebe o doutoramento honoris causa pelo ISCTE, uma das várias instituições de Ensino Superior que criou, lamenta que a avaliação dos professores tenha acabado revogada na Assembleia da República.

[…]

O elogio de Veiga Simão vai estar a cargo de Maria de Lurdes Rodrigues, uma ministra que afirma ter tentado introduzir reformas com “grande seriedade”, apesar de polémicas.

O que é uma greve de zelo?

O Ramiro prevê “que os professores, os médicos, os magistrados, os juízes e os técnicos da administração pública vão ser os únicos a sofrer novo corte nos salários sob a forma de retenção dos subsídios de férias e de Natal sem prazo para devolução.”

Também considero vergonhoso e lamentável que sejam sempre os mesmos a suportar os erros alheios, erros de quem nos desgoverna.

Como resistir a esta ofensiva?

O Ramiro observa que “a continuarmos nesta via, os professores e restantes funcionários públicos abrangidos pelo novo corte ver-se-ão obrigados, em breve, a fazerem greve de zelo por tempo indeterminado.”

Greve de zelo?!

Ainda não percebi o conceito aplicado à função docente. Mas soa-me bem. Resistir pela via da greve também me parece bem. O problema é que a greve ainda é considerada por muito boa gente como coisa do passado, retro. Mesmo que se aclarasse o conceito de zelo aplicado à nossa função, havia que superar o “velho” preconceito.

Miopia

É uma pena que David Justino, indisfarçável admirador das políticas de Maria de Lurdes Rodrigues, só agora tenha percebido que “é mais fácil reformular um sistema, mesmo que seja mau mas que existe, do que partir do zero”. Quando a sua herdeira no cargo de ministra da educação decidiu abandonar a anterior ADD, partindo do zero, não me lembro de o ouvir contestar a heresia. Ter-lhe-á faltado visão e capacidade estratégica, qualidades que necessitam os políticos qualificados na área da educação.

Bem prega Frei Tomás!

A essência do fado português.

PS e PSD estão tecnicamente empatados, com ligeira vantagem para os socialistas, revela a sondagem da Marktest para o Económico e TSF.

Serei um ave rara na blogosfera porque admito a minha surpresa com o resultado desta sondagem. Concluo, apressadamente: que a “partidarite” é o cancro do nosso sistema político; que há eleitores para os quais, independentemente do estado do país, o jogo partidário é um fim em si mesmo; que PS e PSD disputam a face da (mesma) moeda; que a esperança é uma palavra vã; que a certeza do caos é preferível à incerteza da mudança.
Acabo por descobrir a essência do fado português: um sentimento masoquista recalcado!

Quando a democracia é uma chatice…

O PS, PSD e CDS, são os três partidos políticos que conduziram o país ao estado de pré-bancarrota em que nos encontramos. É factual e não há exercício demagógico que o disfarce.

Compreendo a desilusão daqueles que confiaram a sua militância. Percebo até que se sintam traídos e tentados a imputar o ónus da culpa aos adversários políticos de circunstância. Mas vamos ter algum tento e noção da proporcionalidade…

Não sendo uma ideia original, já antes Manuela Ferreira Leite sugerira uma suspensão da democracia por seis meses, Marinho Pinto apela agora a uma “greve à democracia” como forma de «envergonhar» os políticos portugueses.

Quando a democracia começa a ser o problema, dá para perceber que tipo de solução se avizinha.

O que fazer ao saco de gatos?

Moção de estratégia de Sócrates aprovada por ampla maioria

O congresso do PS tem sido hilariante porque se trata de uma farsa que tresanda a sebastianismo.

Os notáveis do partido, estranhamente (ou talvez não…), metamorfoseados em peões de brega, rasgam elogios fingidos ao Zé como se não houvesse memória. Ao contrário do que se possa pensar, acabam por prestar um grande serviço ao partido e ao país, pelas razões menos óbvias:

Muito provavelmente, será esta a única forma de renovar o partido já que os gatos entraram todos para o mesmo saco!

Agora há que aguardar pelos resultados eleitorais. Há que aguardar pelo destino a dar ao saco!

Tudo inocentes?

Vasco Pulido Valente, Público
Sócrates começou por jurar que não governaria Portugal com o FMI: porque "a agenda" do FMI implicaria uma "factura" pesada durante anos. Depois perguntou histericamente aos portugueses se queriam um governo com FMI ou sem FMI. E, uma vez posto em minoria na Assembleia, declarou que não tinha os poderes para negociar com o FMI, para anteontem com um prelúdio muito comovedor sobre "patriotismo", a cargo de Francisco Assis, pedir ajuda ao sobredito FMI. Mas não nos deu a confiança de esclarecer que espécie de "ajuda": se uma ajuda "intercalar" (que aparentemente não existe), se uma ajuda "mínima" (como quer Passos Coelho), ou se um "resgate" por inteiro, com as consequências do costume. O retrato do primeiro-ministro está todo neste deprimente espectáculo.
Só que o mais deprimente destes meses de Março e Abril não foi, como devia ser, o eng. Sócrates – foi a irrupção de génios pela televisão e pela imprensa que já sabiam a história inteira e se preparam agora para explicar por que razão o FMI era preciso (e, para a maior parte, ele era preciso há muito tempo) e o que pouco a pouco nos trouxera a este trágico sarilho. Com o seu arzinho presunçoso e professoral, economistas, financeiros, banqueiros, filósofos e arraia-miúda vieram revelar ao indígena atónito que nada, ou quase nada, se fizera de lógico e sensato de 1990-95 para cá. Não vale a pena repetir a ladainha. Ninguém duvida que o nosso enormíssimo buraco não se cavou num dia. Infelizmente, esta constatação pede uma pergunta óbvia: em que se ocupavam os sábios que hoje com tanto gosto nos predicam, enquanto os partidos (o PS e o PSD) arruinavam o país?
A ortodoxia em moda apela a que não se procurem "culpados". Mas, se, de facto, não se procurarem "culpados", para quem fica a culpa do tristíssimo fracasso do Portugal democrático? Para a má vontade de um Deus perverso? Para o destino? Ou para a insuficiência atávica do indígena? Era bom apurar isto, porque, se alguma destas três possibilidades (principalmente a última) ofende a delicadeza nacional, a única saída que nos resta é aceitar a ecuménica loucura dos portugueses. Quem se deixa chegar onde chegámos, levado por três dúzias de políticos, sempre reeleitos e até, às vezes, respeitados, não merece outro nome. E, pior ainda, quem desiste da verdade acaba inevitavelmente por desistir de si próprio.

Porque só não vê quem prefere a demagogia ou insulta a nossa inteligência!

Sem comentários…

Vi, na RTP1, José Sócrates numa conversa cordial com dois jornalistas entrevistadores. Como se não bastasse o fim-de-semana desportivo aziago, havia de autoflagelar-me assistindo a mais uma opereta bufa!

Depois passei os olhos pelos canais de notícias e procurei entender como ainda há quem o leve a sério. Não entendo!

Parabéns…

… ao FCPorto porque ganhou o campeonato nacional de futebol.

Não gostei do ambiente que se viveu estádio da Luz. Como adepto benfiquista, mas principalmente como amante do desporto, quero relembrar que os estádios desportivos são as novas catedrais desta época. Existem para consagrar e celebrar o homem.

Lamento profundamente que os inimigos dos palcos desportivos, que o menorizam intelectual, cultural e socialmente, os tenham tomado de assalto. Chegou o tempo de expulsar os vendilhões do templo!

Quem é o analfabeto político?

O Analfabeto Político
Bertolt Brecht

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

No actual contexto económico e político, quem é o analfabeto político de Brecht?

No actual contexto económico e político, quem poderá negar que odeia a política?

Até os intelectuais opinadores que se revezam em órgãos de comunicação social, especialistas na arte da desvinculação, olham com desdém para a política que dizem ser pérfida de valores.

Será o povo iletrado? Em que sujeito mora o burro que permite que o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais, determinem que não há mais vida para além do défice?

Despacho inócuo

Despacho n.º 5515/2011

Considerando o termo do mandato de três anos iniciado em 2008 de conselheiros de reconhecido mérito no domínio da educação, nomeados para o conselho científico para a avaliação de professores, ao abrigo do Decreto Regulamentar n.º 4/2008, de 5 de Fevereiro;

Considerando que se torna conveniente e necessário proceder à renovação dos respectivos mandatos:

Assim, e sob proposta do presidente do conselho científico para a avaliação de professores, determino:

1 — A renovação do mandato, por um período de três anos, como individualidades de reconhecido mérito no domínio da educação, ao abrigo da alínea d) do n.º 1 e do n.º 4 do artigo 5.º do Decreto Regulamentar n.º 4/2008, de 5 de Fevereiro, dos seguintes conselheiros:

Maria do Céu Neves Roldão, professora coordenadora, da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém.

Maria Helena Carneiro Peralta, professora auxiliar, do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.

2 — O presente despacho produz efeitos a 8 de Março de 2011.

21 de Março de 2011. — A Ministra da Educação, Maria Isabel Girão de Melo Veiga Vilar.