Para que não haja 2 pesos e 2 medidas

Providência cautelar interposta por SPRC/FENPROF foi decretada!

O Ministério da Educação foi condenado, por sentença do Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra (TAFC) e obrigado a abster-se de informar os Presidentes dos Conselhos Executivos (PCE) das escolas e agrupamentos que estes poderão, tendo em conta as situações concretas das suas escolas, fixar [ou não] os objectivos individuais (OI) de avaliação dos docentes que os não tenham entregado. Ou seja, tendo sido decretada definitivamente esta providência cautelar, fica ultrapassada a possibilidade de serem criadas situações de desigualdade, decorrentes de decisões tomadas de forma arbitrária, que permitiam que alguns PCE’s recusassem avaliar os docentes por estes não terem proposto os seus OI. Seguir-se-á, agora, a interposição, junto do mesmo Tribunal, da acção administrativa especial.

[…]

O Secretariado Nacional da FENPROF
30/04/2009

Articulação curricular.

  1.  Sou um adepto activo da articulação curricular porque o conceito está impregnado na minha concepção de escola e na minha percepção de profissionalidade docente.
  2. À articulação curricular subjaz uma ideia de colaboração e de colegialidade. Não me refiro a uma colaboração qualquer, a uma colaboração que divide, a uma colaboração artificial típica da balcanização do ensino.
  3. A articulação curricular não emerge por decreto ou por determinação superior. A articulação curricular resulta de uma cultura de escola assente na confiança nos processos e nas pessoas.

Pergunto se é possível uma articulação curricular genuína nesta escola fabril idealizada por uma equipa governativa que prefere adoptar formas paternalistas de confiança?

Mais ME, menos Escola.

O Ministério da Educação (ME) lança um programa de apoio ao desenvolvimento de projectos de escola para a melhoria dos resultados escolares no ensino básico, com o objectivo de reduzir as taxas de retenção e de elevar a qualidade e o nível de sucesso dos alunos.

  1. Se o ME não estivesse apenas interessado em enfeitar a montra, permitiria que as escolas gerissem com mais amplitude o crédito global de horas; 
  2. Se o ME aligeirasse a burocracia, as escolas ficariam dispensadas de concursos e de papeladas inócuas para resolver os seus problemas; 
  3. Mais autonomia requererá, obviamente, mais despesa e mais recursos afectos às escolas. Por outro lado, mais constrangimentos formais permitem fazer-de-conta que é o ME o motor da iniciativa e do empreendedorismo.

Dos projectos divulgados na página do ME, o projecto TurmaMais (uma espécie de turma de nível, itinerante) pareceu-me ser uma excelente proposta, exequível para qualquer nível de ensino, mas perfeitamente dispensável se se atender à componente burocrática que lhe subjaz e que justifica o apoio do ME.

Alargamento da escolaridade obrigatória.

Um debate que deveria ter existido.

Concordo com a opinião de António Barreto expressa no artigo que escreveu, hoje, no Público. O alargamento da escolaridade obrigatória para 12 anos não deveria ser um mero artefacto eleitoralista. Deveria ter resultado de um amplo debate centrado nas seguintes questões:

Qual o sentido, finalidades e funções do ensino “secundário” obrigatório? Continuará condenado a servir de antecâmara ao ensino superior?

A partir do momento em que deixar de ser considerado um ensino de elites, o ensino “secundário” abandonará as suas contradições e superará os seus dilemas (selectividade/democraticidade; obrigatório/facultativo; condição de acesso ao ensino superior/não condição de acesso ao ensino superior; uniformidade/diversidade; etc.)?

O imperativo moral não se esgota no investimento público.

Sócrates defende que o investimento público é um “imperativo moral”

Para José Sócrates, o investimento público é uma medida que ajuda o país a sair da crise e um “imperativo moral” face à necessidade de criar emprego.
Dito deste modo até sou obrigado a concordar. O Estado, através do seu governo, deve ajudar a criar emprego sempre, e ainda mais, numa altura de crise. O problema é que a responsabilidade do governo não termina aqui.

Sócrates deve explicações detalhadas aos cidadãos contribuintes acerca do modo como usa o dinheiro público para cumprir esse imperativo moral. Deve explicar que critérios usou para distribuir as ajudas pelas empresas, quem já beneficiou das ajudas e se o retorno está assegurado apesar de se tratar de uma operação de risco.
Não acham que as empresas que vierem a regenerar devem ressarcir o Estado pelo amparo nestas horas difíceis?

Adeus!

Vital Moreira prevê pedido de demissão de José Sócrates se não tiver maioria nas legislativas.
“o PS deve pedir a maioria absoluta”, para que possa ter estabilidade governativa durante quatro anos e tomar medidas “mesmo que transitoriamente essas medidas não sejam simpáticas”, acrescentou Vital Moreira.

Seria paradoxal que um partido de governo arrogante, que desconhece o significado da negociação, venha a pedir estabilidade para governar. É que nem ao diabo lembra que se apele à estabilidade governativa depois de se usar e abusar da precariedade, da conflitualidade e do afrontamento.

Quem não se sente capaz de governar numa lógica de negociação não merece ser governo!

Motivos para a desmobilização

O Ricardo sintetiza 3 motivos para a pretensa desmobilização de professores:
1) Intransigência do Ministério da Educação
2) Erros estratégicos dos sindicatos
3) Conflitos entre intervenientes com a capacidade de influenciar (sindicalistas, integrados em movimentos e independentes).

Concordo com o primeiro motivo. A intransigência do ME (é apenas aparente porque o ME foi forçado a transfigurar o seu modelo de avaliação que se dizia inabalável) provoca uma ilusão de força. Creio mesmo que mais do que a intransigência, a desvalorização que o ME fez à contestação terá sido mais dissuasora, criando o efeito que José Gil descreveu com a não-inscrição do acontecimento, isto é, como se o acontecimento não acontecesse.

Discordo do segundo motivo.
2) Erros estratégicos dos sindicatos
a)Intervalos excessivos entre iniciativas de relevo:”

Se bem me lembro, no corrente ano lectivo tivemos 4 iniciativas de relevo: a manif de Novembro, 2 greves e os OI’s. O intervalo entre a manif e os OI’s foi de cerca de dois meses. Nesse intervalo de tempo ainda houve tempo para duas greves com taxas elevadíssimas de participação.

“b) Propostas aparentemente «suspeitas» em negociações ME/Sindicatos”

Cada um é livre de suspeitar do que quiser mas seria desejável que os factos sustentassem as suspeitas.

“c) Os sindicatos apresentam iniciativas definidas no tempo, e só depois são ouvidos os professores;”

É uma metodologia porventura menos “flexível” mas permite agilizar o processo de acção. Seria interessante perceber que tipo de referendo aos professores é proposto?

“d) Não adesão e apoio às iniciativas de movimentos de professores e independentes”

A não entrega dos OI’s foi uma iniciativa conjunta de movimento e da plataforma. As greves mereceram a anuência dos movimentos. A meu ver, há pontes que não podem ser derrubadas…

“f) Incentivo à não entrega dos Objectivos Individuais (OI), seguida pelo incentivo à entrega da ficha de auto-avaliação:”

É bom recordar que a iniciativa surge depois de inúmeras tomadas de posição colectivas, abaixo-assinados e outros quejandos que vinculavam os subscritores à acção. Não podemos acusar os sindicatos de não ouvirem os professores e depois criticá-los porque os ouviram e não deviam. Se os professores que não entregaram os OI’s pretendem entregar a miserável ficha, pergunto por que razão os sindicatos devem patrocinar uma acção de luta que estará condenada ao fracasso sem a garantia de uma adesão elevada de professores?

Discordo do terceiro motivo. A actual desmobilização dos professores põe a nu a real capacidade de agregação dos movimentos e dos bloguistas pseudo-independentes. Se os sindicatos de professores, “fartos de virar frangos”, não são capazes de mobilizar os professores, o que dizer da concorrência amadora (oopss… esta saiu ao lado)?

Conversa da treta.

Após uma ronda pelos blogues do professorado e depois de reflectir sobre a consulta geral aos professores da minha escola, sugiro duas condições (óbvias) para o sucesso da luta:
1. Cada proposta de acção reivindicativa deverá equacionar uma participação mínima de professores, sem a qual os efeitos da luta serão contrários aos objectivos que a determinaram – diagnose;
2. Devem ser escolhidas as acções de luta que provoquem mais danos políticos ao adversário e com os menores custos para os professores – eficácia.

A meu ver, a escassez de propostas de luta que satisfaçam as duas condições acima referidas contrasta com a desproporcionada verborreia dos snipers blogoEsféricos.

Transformar o ensino secundário numa escolaridade obrigatória.

José Sócrates prometeu a escolaridade obrigatória desde o jardim-de-infância até ao 12º ano. Face ao alcance de tal promessa e às implicações de uma escolaridade obrigatória, foi uma opção apressada e ilegítima.
Transformar o ensino secundário numa escolaridade obrigatória implica, desde logo, ajustar a designação deste nível de ensino: o secundário passará a ser básico. E a alteração da designação não é despicienda porque traduz uma ordem valorativa. Sendo um ensino básico, ele terá de ser tangível:
. Ao nível do acesso;
. Ao nível do sucesso;
. Ao nível da apreensão dos conteúdos;
. Ao nível da certificação.

A alteração do ensino secundário em ensino básico exige a clarificação desta opção já que se trata de uma escolha cuja transcendência social requer um debate alargado que não pode ser negado à sociedade. Considero por isso ilegítimo que o PS, mesmo com maioria absoluta, venha a decidir unilateralmente que chegou o momento de suscitar esta alteração estrutural do sistema de ensino, subtraindo o debate à sociedade civil.

(Reedição)

Porque fogem os professores?

Ainda é cedo para se perceber a dimensão do fenómeno até porque o concurso de professores ainda não cumpriu todas as fases, logo, não é possível recorrer à informação oficial. Mas pelo que me é dado observar, o concurso deste ano lectivo irá provocar uma transformação profunda nos quadros de escola. E não estou a pensar nos colegas QZP’s e Contratados que, por razões óbvias, terão de concorrer. Estou a pensar nos professores QE, alguns dos quais com uma ou duas dezenas de anos de “casa”. Haverá uma pluralidade de motivos que justificam esta evasão, naturalmente legítima, mas que poderá ser um factor de instabilidade, logo, um factor pernicioso nos resultados escolares.

Afinal, porque fogem estes professores? O que procuram?

Haverá sempre alguém que foge das vagas já preenchidas no sorteio dos titulares, haverá sempre alguém que procura uma última oportunidade para a aproximação à residência. Creio que muitos fogem de algo bem mais subjectivo: fogem dos climas de escola que se agravaram nos últimos dois anos. Fogem das intrigas e das guerras estéreis que lhes consumiram a paciência e lhes diminuíram a resistência.

Estes professores procuram a paz! Procuram um refúgio que lhes permita sarar as feridas originadas por uma batelada de desinteligências. Procuram preservar a sua sanidade mental.

É evidente que as “novas” escolas não serão esse oásis imaginado. É claro que o tempo se encarregará de demonstrar que esta Escola fabril formatou as relações laborais ao ponto de fazer perigar, irremediavelmente, o trabalho cooperativo.

Só que enquanto o pau vai e vem folgam as costas…

Um governo com rumo!

image001-9Pronto, tá aí para onde nos têm levado os sucessivos governos PS/PSD (o Sócrates limitou-se a acelerar a velocidade do processo) e Associados!

Quem quiser continuar a seguir este caminho já sabe o que tem de fazer: votar como tem votado…

Quem quiser mudar o rumo… basta escolher outro quadradinho para colocar a cruz!

(recebido por email)

Adenda: Não fui capaz de agregar a imagem original presumivelmente encriptada e visível apenas no email – um clip animado que mostra a surreal caminhada da multidão para o abismo. Reencaminho se houver interessados.

Déjà vu

Regressamos aos cenários de luta colectiva depois do fracasso individual na prova de fogo em que se transformou o Não à entrega dos OI’s. A questão que hoje se coloca é saber o que fazer para evitar, ou retardar, a retirada dos professores, em massa, da frente de combate?

Dito de outro modo: o que fazer para mobilizar, uma vez mais, os professores para a luta contra a política educativa deste governo, numa fase tão decisiva como é o final de uma legislatura?

Tudo isto me parece um déjà vu: As mesmas desconfianças, os mesmos protagonistas, agora com muito menos determinação e mais prudência.
Como sempre sucedeu, é na escola situada que tudo se decidirá. É na escola situada que se congregam vontades para o sucesso da mobilização, apesar do efeito catártico da acção sindical e da blogosfera. E seria um equívoco pensar que o caldo reivindicativo é preparado exclusivamente nos gabinetes dos sindicatos ou nas tertúlias de bloggers. Bem pelo contrário: Por muito que se entretenham os meus colegas bloggers a polemizar, ou a exasperar, acerca das metodologias adoptadas para a mobilização, é na escola situada que o verbo se concretiza, é na escola situada que se ganham e perdem as lutas. É aí que a retórica (des)mobiliza, pelo exemplo e pela acção.

Cada um que faça a sua parte!

Louvado sejas…

A queda do tecto da sala de professores da Escola Básica 1/Jardim de Infância de Monte Abraão, Queluz, causou 3 feridos ligeiros, todos eles professores. De acordo com a notícia avançada pela SIC,o acidente ocorreu pelas 13h10, tendo-se deslocado para o local os Bombeiros de Queluz com 5 veículo e 9 bombeiros.

O lamentável acidente da queda do tecto da sala de professores da Escola Básica 1/Jardim de Infância de Monte Abraão, Queluz, vem provar, uma vez mais, que é justificada a preocupação da Sra. Ministra da Educação pelos atrasos na entrega dos Magalhães. É evidente que o acidente podia ser inconsequente se a entrega dos Magalhães estivesse concluída antes da Páscoa, como chegou a prometer o ME. E porquê? Porque no momento da queda de estuque, as professores que viram o céu, ou o tecto, cair-lhes na cabeça ter-se-iam protegido colocando-se debaixo do resistente e inquebrável Magalhães. Presumo que nenhum responsável pela obra sairia penalizado porque a queda do tecto era, provavelmente, uma parte do cenário promocional do formidável Magalhães. Só espero que os detractores desta fabulosa peça de engenharia não se aproveitem do sinistro incidente para o associar aos ímpetos eleitoralistas do poder local. Coitados dos autarcas!

Creio que perdi o fio à meada… 😉

:)

Um email que faço questão de partilhar.
Obrigado, NunoRR.

«O Tropfest» é o maior festival de curtas metragens do mundo. Começou há 17 anos em Sydney, na Austrália.
Teve a sua 1ª edição no ano passado em Nova York.
O vencedor de 2008 foi este filme totalmente filmado com um telemóvel em Sidney e NY por Jason van Genderen.

O seu orçamento foi de 40 dólares (+/- 30 euros)!

Ardil

O Governo admite prescindir do número limitado de vagas para acesso à categoria de professor titular se os sindicatos puserem fim ao clima de contestação dos últimos tempos, disse hoje à Lusa o secretário de Estado Jorge Pedreira.” (Sol)
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Sobre a alegada cedência do ME em relação às vagas para acesso à categoria de professor titular

No final da reunião desta quinta-feira, dia 16, com a FENPROF, em declarações à comunicação social, o Secretário de Estado Adjunto e da Educação repetiu o que já dissera em Fevereiro passado sobre uma alegada disponibilidade do ME para abdicar das vagas para acesso à categoria de professor titular.
A esse propósito, a FENPROF esclarece que, na reunião hoje realizada (16/04/2009), o ME continuou a defender, como se confirma pela leitura do documento previamente enviado aos Sindicatos, que o acesso à categoria de professor titular estaria sujeito a vagas pré-definidas.
No decurso da reunião, mas sem que fosse oficialmente assumido e/ou devidamente esclarecido, o Secretário de Estado retomou a possibilidade de abdicar da existência de vagas, mas colocando como condições:
1. A existência de um Entendimento com os Sindicatos, aceitando estes a divisão da carreira em categorias, as quotas de avaliação, a prova de ingresso, entre outros aspectos negativos e que se rejeitam;
2. A introdução de requisitos para realização da prova de acesso a professor titular que, por si só, impediriam milhares de docentes de a realizarem, deixando-os imediatamente impedidos de acederem aos escalões de topo da carreira;
3. A elevação do grau de exigência da prova de acesso, de forma a que esta constituísse mais um instrumento apertado de selecção.
Em suma, o Ministério da Educação, em vez de permitir que todos os professores realizassem a prova de acesso, sendo titulares apenas os que obtivessem vaga, quanto muito admitiria o contrário, ou seja, condicionar o universo dos que poderiam realizar a prova, fixando requisitos que deixariam, logo à partida, muitos de fora. Assim, todos os que a realizassem com sucesso poderiam entrar na categoria, pois o número já seria reduzido, deixando de se justificar a existência de vagas.
Evidentemente que, à comunicação social, o Secretário de Estado não explicou tudo isto, pois interessa manipular a opinião pública deixando-a pensar que se está perante qualquer tipo de flexibilidade ou cedência negocial que, na verdade, não existe.

Para que não restem dúvidas, a FENPROF desafia o Ministério da Educação a esclarecer publicamente quais os requisitos que propõe para a acesso à realização da prova, quais as características da mesma e qual a periodicidade com que esta se realizaria. Ainda no sentido de não restarem dúvidas, a FENPROF esclarece que nunca dará o seu aval a qualquer solução que passe por fracturar a carreira docente e dividir os professores em categorias hierarquizadas.

O Secretariado Nacional da FENPROF
16/04/2009
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FNE considera proposta do Governo claramente insuficiente

A FNE, além de não abdicar, em nenhum momento, de lutar por uma carreira única na classe docente, também não concorda com a prova de ingresso destinada a candidatos que possuam habilitação profissional obtida numa instituição de ensino superior. Esta Federação continua a defender que os candidatos sejam acompanhados em início da carreira por um professor com mais experiência, afastando o cenário de selecção através da referida prova de ingresso. 

Para memória futura.

Campanha da Matemática em pré-campanha

«A escola tem de ter meios para conseguir melhores resultados escolares ao nível da Matemática, mas sozinha muitas vezes não consegue ultrapassar todas as dificuldades, sobretudo quando o meio é adverso e nós não temos um meio favorável, naturalizamos demais as incapacidades dos nossos alunos em matérias como a Matemática»

A ministra da educação está preocupada com os resultados dos alunos a Matemática. Há alguns anos que Portugal ocupa uma posição modesta no ranking de países que participam no programa PISA a Matemática. Não se trata de contestar a forma como estes resultados são tornados públicos, normalmente apresentados em tabelas como se de equipas de futebol se tratasse, e muito menos de questionar as metodologias que avaliam, ou não avaliam, adequadamente os resultados face à diversidade e pluralidade de currículos e contextos.

Trata-se de perceber o sentido oculto da campanha que a ministra quer levar a cabo para conseguir melhores resultados ao nível da Matemática; de reflectir acerca da oportunidade da campanha; de entender as implicações políticas da campanha; de saber se os resultados escolares a Matemática são ou não um problema de fundo do sistema escolar; de elencar os problemas escolares que suscitam maiores consensos entre os opinion-makers, grupos sociais, pais, professores, etc. É disso que se trata quando olho de soslaio para a notícia.

CCAP – uma breve aparição

A página oficial do CCAP é poupada em informações. E para que não se pense que esta afirmação é uma chalaça referente às benesses a usufruir pelo empossado presidente, importa aclarar que o CCAP não terá muito para comunicar porque a sua actividade tem sido praticamente nula. Após uma aparição fulgurante e “prometedora”, que coincidiu com um normal período de estado de graça, este órgão definhou juntamente com o modelo de avaliação imposto pelo ME, modelo esse que se mostrou desajustado à realidade como atestam os dois enxertos descaracterizadores que o ME foi obrigado a fazer para salvar a face.

O ME procurou recentemente reanimar este seu apêndice consultivo através da nomeação de Alexandre Ventura, que além de presidir ao CCAP é também professor na Universidade de Aveiro. Não fora esta breve notícia para me desmentir e eu insistiria na ideia de que o CCAP é um morto-vivo que só ainda não foi sepultado porque o protocolo exige autópsia. Afinal, estava enganado: “À sede do CCAP, na 5 de Outubro, em Lisboa, já chegaram 23 relatórios das equipas que visitaram os 30 estabelecimentos de ensino distribuídos por 17 distritos nacionais.” E o que ficámos a saber? “(…) que um dos factores determinantes no sucesso do processo é a liderança. Quando os órgãos de gestão são fortes e mais experientes, o processo decorre de forma mais serena”, adianta ao DN Alexandre Ventura, que acrescenta que, regra geral, os professores têm avançado e tentado resolver os problemas depois.” Fantástico. Então ficam a saber que lideranças fortes e experientes garantem a serenidade do processo. E se pensam que aprenderam tudo estão enganados. A notícia revela mais dos aspectos que eu considero intrigantes: O primeiro aspecto é que, afinal, os professores não estão contra a avaliação, eles querem ser avaliados (!) (e isto é surpreendente porque me custa a acreditar que ainda haja uma alma que pense que o problema dos professores era a recusa da avaliação do seu desempenho); O segundo aspecto perturbador é que o presidente do CCAP depreende da entrega dos objectivos individuais a aceitação tácita do modelo de avaliação.

O resto da notícia, isto é, a história da contra-informação efectuada pelos blogues e pelos sindicatos, são fait-divers que veiculam uma mensagem política bem do agrado da tutela.

Decotes e remoques

Espanha
Enfermeiras ganham menos se não usarem mini-saia.
Segundo a sindicalista Adela Sastre, presidente do Sindicato das Enfermeiras, as funcionárias deixaram de receber «cerca de 30 euros correspondentes a um complemento de assistência e dedicação, que não tem nada a ver com o vestuário».

Sérvia
Sérvia proíbe mini-saia e «cusquice» em hospitais. 
Site do ministério avisa que funcionários não estão autorizados a criticar superiores.

Portugal
Mini-saias e decotes proibidos a funcionárias.
Loja do Cidadão inaugurada por José Sócrates impõe normas polémicas.

Dois breves comentários:
1. Esta sequência de notícias admite uma multiplicidade olhares e de subjectividades sobre o papel do Estado empregador e o modo como este (não) deve fazer a regulação laboral.
2. São episódios burlescos que revelam, também, a visão preconceituosa, discriminatória e sexista do legislador.

Inversão do ónus da prova só no recurso após a condenação?

O primeiro-ministro, José Sócrates, recusou hoje a proposta do PSD para criminalizar o enriquecimento ilícito e sublinhou que só aceita a inversão do ónus da prova após a condenação dos tribunais.

Ora diga lá outra vez como se eu fosse muito lerdo. Após a condenação dos tribunais, que já fizera prova para a condenação, o culpado terá de reunir prova da sua inocência. É a isto que se chama inversão do ónus da prova?

Pensava eu que se tratava de descobrir instrumentos que agilizassem o aclaramento de suspeitas fundadas para o enriquecimento ilícito. Pensava eu naqueles casos cujos sinais exteriores de riqueza não encontram correspondência nas fontes de rendimentos lícitos.

Há por aí um especialista em “advoquês” ou em “politiquês” que me ajude a perceber este primeiro-ministro?

O ministro tão tão…

Manuel Pinho é, de longe, o meu ministro favorito. Não perco uma declaração pública deste cromo da política. Só ele me faria interromper um breve período de recobro da blogosfera. É tão difícil encontrar uma personagem tão esotérica, tão excêntrica, tão tão… que não resisti e aqui estou a divulgar mais uma pérola.

Estou sem palavras…

http://www.videos.iol.pt/consola.php?projecto=27&mul_id=13127350&tipo_conteudo=1&tipo=2&referer=1#

Os contorcionistas

João Dias da Silva (JDS), secretário-geral da Federação Nacional de Professores (FNE), não foi capaz de se demarcar da decisão de dois dirigentes do Sindicato dos Professores da Zona Centro (SPZC) que aceitaram os cargos de presidente e de adjunta do presidente, respectivamente, da Comissão Administrativa Provisória (CAP) do Agrupamento de Escolas de Santo Onofre, nas Caldas da Rainha, um órgão imposto aos professores pelo Ministério da Educação. Bem pelo contrário. JDS utiliza uma argumentação falaciosa para justificar o evidente oportunismo de dois dirigentes da FNE que, de forma acintosa, irão enfrentar a comunidade educativa local.

Apesar de alegar “insuficiência de informação”, JDS não se coibiu de considerar que os superiores “interesses da escola, dos professores e dos alunos” passam por afastar de forma coerciva um órgão de gestão eleito democraticamente e que a tutela isentou de qualquer responsabilidade pela situação criada.

JDS é, como se sabe, um dirigente da UGT. É um sindicalista bom, no sentido atribuído por Manuel António Pina: um sindicalismo bom “espera” que o próximo governo seja sensível aos seus gestos, é um sindicalismo inócuo, que não reivindica, que não perturba. Só assim se percebe esta extraordinária afirmação: “Independentemente de ter sido uma boa ou uma má decisão, o que é um facto é que, assim que o ministério destituiu o Conselho Executivo, o agrupamento deixou de ter direcção, uma situação que não podia manter-se”, comentou (JDS). Nesse sentido, disse compreender “a necessidade de nomear a CAP, de forma a pôr em funcionamento o novo modelo de gestão que, não sendo o ideal, é considerado pela FNE como um dos modelos possíveis”.