No final do campo de férias, antes de recolher a miudagem, houve um breve período de reflexão. Pais e filhos, em pequenos grupos, revelam perceções: sobre o meio social e comunitário em que nos movemos; sobre as diversas representações de juventude. Tudo muito bem planeado pelos organizadores, com um guião simples mas que permitiu observar a pluralidade das representações de cada um dos participantes…
Depois foi necessário encontrar um porta-voz de cada grupo para, em plenário, revelar os consensos possíveis, o que não foi conseguido na medida em que, por falta de experiência ou por narcisismo, os representantes na maior parte dos casos representaram-se.
Das reflexões transmitidas foi possível perceber uma colagem aos discursos hegemónicos veiculados pelos fazedores de opinião, reveladores de um certo determinismo social – A sociedade carece de sujeitos competitivos, porque as oportunidades de sucesso são escassas e só premiarão alguns, poucos, diziam os mais entusiastas. Dirigindo-se para a miudagem adolescente, apelavam: “têm de estudar para vencer!…”.
É fácil de perceber que o cratês vai fazendo o seu caminho à custa da ausência de questionamento sobre o lugar que cada um quer ocupar no mundo e, fundamentalmente, sobre que mundo urge construir. A cultura de massas terá mesmo vencido, como afirma Clara Ferreira Alves (neste texto que surripiei ao Paulo). Porque bastaria que algum dos oradores colocasse a hipótese, vá lá, do absurdo, que o seu rebento ficará do lado dos perdedores.