Com papas e bolos se enganam os tolos

Não foi por obra do acaso que o país chegou onde chegou. Foi necessário conjugar vários elementos perversos para a saúde da nossa democracia: irresponsabilidade política de inúmeros oportunistas, videirinhos que tomaram de assalto lugares de comando do Estado; inércia abstencionista de milhares de eleitores que deixam terreno fértil para a aberração democrática designada por “partidos do arco do poder”; conivência da comunicação social, em muitos casos acéfala, que por manifesta incompetência parece mais vocacionada para propagandear o poder hegemónico do que para desconstruir os factos políticos, garantindo o mesmo espaço mediático ao contraditório.

E mais grave do que não abrir um espaço para o contraditório é ocupar esse espaço com uma metamorfose da propaganda oficial travestida de contraditório. A opinião de Maria de Lurdes Rodrigues, só para dar um exemplo, é em termos conceptuais a opinião do atual ministro da educação: são econometristas da educação e acreditam cegamente de que é possível melhorar a qualidade do serviço educativo sem contar com os professores. No fundo, fazem parte da mesma família política, a família de “partidos políticos do arco do poder” que nos conduziu ao ponto onde nos encontramos!

Com papas e bolos se enganam os tolos.

Coragem ou esperteza saloia?

“6. A Área de Estudo Acompanhado deve ser assegurada pelo professor titular de turma, no caso do 1.º ciclo e, preferencialmente, pelos grupos de recrutamento de Língua Portuguesa e de Matemática, nos 2.º e 3.º ciclos.”

Quando se olha para este diploma pelo lado da prescrição, que é o lado da restrição da autonomia às escolas, é possível observar a falta de coragem do governo, e deste ME em particular, em assumir que as áreas acessórias do currículo (ACND) devem estar ao serviço de interesses políticos mais imediatistas, nomeadamente: a elevação instantânea dos resultados a duas das áreas disciplinares, que têm servido de barómetro à acção política na área da educação – o português e a matemática.

Sabendo que o governo usa e abusa da bandeira da determinação como sendo uma das suas imagens de marca, contra tudo e contra todos, a bem dos interesses da nação, por que razão não conduz até às últimas consequências o pseudo-arrojo e eleva a carga horária semanal destas disciplinas as vezes que forem necessárias para que o treino intensivo provoque os efeitos tão desejados?

Seria mais vantajoso para o sistema de ensino que o governo assumisse frontalmente esse seu desejo e actuasse em conformidade. Por um lado, discordando ou não da orientação superior, os professores e as escolas teriam de enfrentar um objectivo claro e não se dispersariam em actividades que, sendo importantes do ponto de vista pedagógico, buscam outras mudanças. Por outro lado, é necessário que a acção política seja consequente e verdadeira; concordando ou discordando, os professores e as escolas necessitam de recuperar a confiança nos processos que visam a mudança.

Como o horário semanal não é elástico, perguntar-me-ão, onde cortar?

Nas ACND, obviamente! E se se entender que é insuficiente, o horário dos alunos ainda tem margem para ser alargado. É evidente que o mercado das explicações iria reagir veementemente. E já estou já a visualizar o tom frenético do cardeal dos encarregados de educação a protestar contra mais um atentado à saúde mental dos educandos – o problema é que os alunos não podem chegar cansados à escola paralela. E não estou a pensar, ainda, na medida mais radical – a reorganização curricular.

E como atacar as temáticas: “b) Educação ambiental; c) Educação para o consumo; d) Educação para a sustentabilidade; e) Conhecimento do mundo do trabalho e das profissões e educação para o empreendedorismo; f) Educação para os direitos humanos; g) Educação para a igualdade de oportunidades; h) Educação para a solidariedade; i) Educação rodoviária; j) Educação para os media; k) Dimensão europeia da educação” (ponto 10)?

Esta conversa remeter-nos-ia para a escola cultural… e não temos tempo.

Uma feira de vaidades ou um palco para a excelência?

«Galeria de Ministros» visa dar rosto e reconhecer trabalho desenvolvido

Parece-me bem que se reconheça quem merece ser reconhecido. Parece-me mal que a retórica de excelência não se aplique ao desempenho dos actores políticos. Parece-me mal que 95% de ministros se abeirem da excelência e lhes seja prestado reconhecimento público pelo desempenho político que a “ciência do mérito” (uma inovação deste ME que introduziu as cotas de acesso) contradiz.

Se a cultura da excelência fosse levada a sério, apenas 4 ministros da educação compartilhariam a «Galeria de Ministros». Não avaliando a eficácia das políticas, não considerando os erros da acção e da estratégia, esta iniciativa acaba por ser reduzida a uma “feira de vaidades”. É que para haver coerência entre a retórica e a prática política, a «Galeria de Ministros» teria de visar o reconhecimento do trabalho de excelência que foi desenvolvido por cada um dos ministros da educação. Ora, não é disso que se trata. Ou será que estou demasiado intolerante com os principais responsáveis pelo estado, pretensamente mau, da educação?

Uma questão de flexibilidade…laboral

Da versão preliminar do relatório de análise dos resultados ao inquérito sobre as condições de exercício da actividade docente realizado pelo grupo parlamentar do BE destaco duas conclusões aparentemente irrefutáveis:

1. Os professores são explorados
Os docentes despendem, em média, 46 horas semanais no exercício da sua profissão (incluindo aulas, reuniões, actividades de direcção de turma, preparação de aulas na escola e em casa, correcção de provas, etc.). Cerca de 20% do tempo despendido no total de actividades de docência corresponde a trabalho realizado em casa.

2. Os professores são mal tratados
A avaliação das condições de trabalho ao nível das infra-estruturas existentes é muito negativa, não só em relação a espaços menos desadequados (como a Sala de Professores e a Biblioteca), mas sim quanto à generalidade dos espaços para realizar trabalho individual na escola.

Olhemos para este problema no quadro da revisão do código de trabalho e, sobretudo, na ideia de flexibilidade aplicada ao horário de trabalho. E se quisermos ir um pouco mais longe, pensemos na alteração do conteúdo ocupacional dos professores no sentido do incremento das funções de administração e gestão e função de extensão educativa (actividades de custódia), e na desvalorização das funções de docência e de investigação.
O que vemos?
Vemos o professor idealizado pelo professor João Freire e transfigurado no novo ECD [o PGuinote tem publicado alguns excertos desse famigerado estudo].

Desenganem-se meus caros colegas!
A adaptação à mudança que enforma a retórica oficial só tem um significado: se não estão bem com estas condições de trabalho, desamparem a loja: a bem do défice, claro.

Onde é que eu já vi isto? A despropósito, ou talvez não, evoco as declarações do bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, que comentava a deserção dos médicos do sector público para o sector privado:

“Pedro Nunes afirmou ainda que os hospitais públicos tornaram a sua cultura numa cultura de hospitais privados e que os profissionais de saúde agiram de acordo a oferta de melhores condições económicas.
«Quando resolveram que os hospitais públicos passavam a ter uma cultura de hospitais privados, começando a brincar à gestão dos hospitais públicos e retirando aquilo que apegava os profissionais ao hospital público que eram as suas carreiras».
O bastonário disse ainda que desta forma se colocou a «ênfase unicamente na produtividade» e que evidentemente «os próprios profissionais reagiram a essa mudança cultural e tenderam naturalmente a ir para onde lhes davam melhores condições económicas». (TSF)

Rigorosas habilitações ou falta de mão-de-obra barata?

Vítor Lourenço, vereador da Educação, adianta, no entanto, que a maioria dos agrupamentos já aceitou corresponder à proposta e que uma reunião a realizar hoje, sexta-feira, pretende ultimar o processo de modo a garantir que, no próximo ano lectivo, as AEC decorram sem sobressaltos.
O vereador classifica mesmo o ano que passou de “horribilis”, devido a um sem número de alunos que ficaram sem AEC por falta ou desistência de professores e dificuldade em contratar substitutos
.” (Via O Cartel)

O que me espanta não é a eventual impreparação deste ou daquele autarca para determinadas funções. O desenrasca típico, que faz escola no nosso país, pode resultar em assuntos de pequena monta, mas é claramente um obstáculo quando se trata de lidar com problemas estruturantes, como é o caso da educação. Quando o governo acenou com a possibilidade de delegar competências na área do ensino, os municípios não deixaram fugir a oportunidade de aumentar o bolo das finanças locais. O problema muda de forma quando o Estado central decide, como é seu dever, regular e fiscalizar as actividades delegadas no poder local. Neste caso chegou tarde, mas em boa hora, a regulamentação das AEC’s ao nível da contratação dos professores. Diz o vereador da Câmara Municipal de Leiria que encontrou “dificuldades em recrutar professores de Inglês, Música e Educação Física, tendo em conta as rigorosas habilitações exigidas pelo Ministério da Educação e para cargas horárias reduzidas, algumas com apenas quatro horas semanais.”

É evidente que seria muito mais fácil recrutar professores sem habilitações próprias, com habilitações insuficientes e a baixo custo.
O que me espanta, no meio deste imbróglio, é o facto de ainda haver quem pense que para ser professor basta ter sido… aluno.

Arregimentar

As organizações de professores, não só as “históricas” como as “embrionárias”, lutam com o problema da mobilização. Crê-se que a dimensão da organização faz inchar o lóbi. Esta é apenas uma meia verdade que tem levado algumas organizações a desprezarem outras formas, porventura mais eficazes, “de levar a água ao seu moinho”. Mas adiante… Independentemente da dimensão da organização, há o eterno problema existencial que consome muita energia e ocupa milhares de neurónios: Como arregimentar professores fidelizando-os ao objecto da organização?

Eis o problema da filiação, que não é exclusivo das organizações de classe, e que é tanto mais difícil de resolver quanto maior for a diversidade de percursos profissionais, as diferentes concepções da profissão e os variados níveis de cultura e formação!

Se tiver a solução para este problema, acredite que tem tudo para ser líder 😉

Há que continuar a assobiar para o ar e fingir que não é nada connosco…

Estados Unidos, Malta e Portugal são os três países de um conjunto de 41 analisados por um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) onde as crianças com onze anos revelam maior excesso de peso.

Não vislumbro qualquer intenção do governo em atender às recomendações do Parlamento Europeu. De que me espanto? Afinal, as estatísticas da obesidade não concorrem para o ranking do PISA e as políticas balcanizadas deste governo remetem os problemas de saúde pública para o Ministério da Saúde.
E as recomendações são tão claras que bastava um pouco de vontade política para atacar o problema pelo lado da profilaxia: Como afirma o relator, “Não é tanto o aumento da dose de calorias que provoca o excesso de peso, mas a inactividade física: as crianças não comem mais, mexem-se menos”

Sapo da treta…

Já perdi a conta às horas de conversação. Estou farto de ser sacudido de operador para operador repetindo motivos de insatisfação. Estou farto do SAPO ADSL!

Não espero milagres com a NetCabo. Só que há momentos em que é preciso dizer basta!

Oportunidade perdida ou uma oportunidade de reestruturação?

Um olhar mais atento ao modo como decorre o processo de constituição do conselho geral transitório, leva-me a constatar que o significado do conceito de colaboração entre professores não é amplamente compreendido. No actual contexto em que evoluem as políticas educativas neoliberais e a competição entre pares é estimulada por via da avaliação normativa [com o propósito de ordenar os professores numa espécie de hierarquia de competência], a colaboração assume formas muito diferentes mas que, malogradamente, não se têm repercutido no reforço da autonomia e no fortalecimento dos professores como classe profissional. A meu ver, a colaboração dos professores só pode ser considerada positiva se suscitar benefícios ao nível da sua autonomia profissional e estimular a prática reflexiva.

Tenho percebido que as diversas manifestações de colaboração que emergem da constituição de listas para o conselho geral transitório visam prolongar um modus vivendi instalado, mais dirigidas para as questões micropolíticas e menos orientadas para as grandes questões da profissionalidade, nomeadamente, a luta colectiva contra a imposição de modelos de controlo burocrático do trabalho docente e contra as reformas que desqualificam a função docente.
O desafio da reestruturação da confiança [nas pessoas e nos processos] passa, necessariamente, pela capacidade de escutar vozes díspares de professores, passa pelo respeito do poder de discrição dos professores e pelo fortalecimento da sua capacidade de tomada de decisões.

Saibamos ouvir porque o pior cego é aquele que não quer ouvir!

Falácia

Secretário de Estado adjunto da Educação: “Se todos puderem ser excelentes, o que está errado é a definição de excelência”

Desenganem-se os que pensam que se trata de um problema de semântica, como se poderá depreender das declarações do SEAE.
Trata-se, obviamente, de um problema de gestão corrente das contas do ME.
O que deve ser lido nas declarações do SEAE é o seguinte: Se todos [os professores] puderem ser excelentes [nós não temos dinheiro para lhes pagar, logo,] o que está errado é a definição de excelência.
A política pode e deve ser decorosa!

A fuga para o abismo.

Alguns docentes pró conselho geral transitório, inscritos ou não em directório partidário, ignorando ou não a importância da luta política situada, usam os seguintes argumentos para justificar (a fuga para o abismo (?)) o alinhamento nas listas para o dito órgão:

1. A constituição de um conselho geral transitório é inevitável;
2. A escola necessita de tempo para proceder às alterações no regulamento interno.

Considero que estes argumentos servem de pretexto para disfarçar motivações mais… enviesadas.

1. A constituição de um conselho geral transitório é inevitável?
Se é incontestável a legitimidade do governo legislar, o produto do acto legislativo é sempre susceptível de ser contestado. Uma lei existe para ser revogada, digo eu. E não estou a pensar apenas nas leis injustas e estúpidas. Olhar para a lei constituída como algo de imutável, apesar do reconhecimento da sua iniquidade, é uma atitude conformista e acrítica que importa combater.
Alguém acredita que o ME se demitirá de encontrar uma solução administrativa para colmatar a ausência de candidatos ao conselho geral extraordinário? Não me parece. É certo que o modelo definhará por ser insustentável, por reeditar um modelo organizativo caduco. Mas o modelo não definhará antes de ser imposto. Estamos habituados à teimosia deste governo para anteciparmos a imposição de uma solução radical: se não querem eleger o conselho geral transitório, nós nomeá-lo-emos!
A prorrogação do mandato dos membros docentes da Assembleia de Escola é uma das soluções a considerar.

2. A escola necessita de tempo para alterar o regulamento interno?
Andy Hargreaves considera que o tempo não é apenas um constrangimento objectivo e opressivo: é também um horizonte, subjectivamente definido, de possibilidade e de limitação. O mesmo autor alerta para o facto de o tempo ser uma variável objectiva, uma condição instrumental e organizacional que pode ser manejada pelos gestores, por forma a promover a implementação de mudanças educativas cujo propósito e necessidade tenham sido determinados noutro contexto. A alteração do regulamento interno é o pretexto!

Insisto nesta ideia: este não é o tempo de perdermos uma oportunidade que seja para dizer NÃO à política educativa deste governo!

Monodocência – Toque de finados

Escola de Joane já “fundiu” 1º e 2º ciclos e sem “transições bruscas”
[…] Alfredo Lima defende que as Actividades Extra-Curriculares, que as crianças frequentam logo que iniciam o percurso escolar, passem a ser curriculares.
“Os alunos do 1º ano já têm Inglês, Educação Física, Música e Estudo Acompanhado que são algumas das disciplinas que vão ter ao longo de toda a vida escolar”, salientou o presidente do agrupamento.
[…] “Acho muito bem a proposta de juntar os dois ciclos num só desde que isso não implique haver menos docentes a leccionar e turmas maiores”, salientou o presidente do Agrupamento de Escolas Bernardino Machado. […]

Atendendo à universalização das AEC’s e à obrigatoriedade do ensino da disciplina de Inglês, não faz qualquer sentido falar em monodocência no 1º ciclo. O ME está à espera de quê para reconhecer esta evidência?

O umbigo, a nossa mundividência e a acomodação.

“Acredita-se comumente que a carga obriga a escravidão. Indianos esmagados sob o peso da juta ou chineses arqueados sob o palanquim, vocês já transportaram alguma vez? Perdemos o porte.” (Michel Serres)

Menosprezei a capacidade de antecipação e de previsão dos promotores da Manifestação Regional na cidade do Porto. Protestei aqui pelo espaço encontrado para concretizar a iniciativa porque, de facto, a Praça D. João I seria sempre um espaço exíguo face aos motivos da contestação. Quis acreditar que os professores persistiriam na luta de forma genuína. Deixei-me alienar por um optimismo que era justificado pela retórica de resistência que escutei da boca de muitos professores e que, malogradamente, tem sido contradito pelas suas próprias práticas.

Os resquícios do Memorando de Entendimento entre o Ministério da Educação e a Plataforma Sindical dos Professores demonstram que bastou uma brecha no cerco imposto pelos professores ao ME para que emergisse a faceta paroquialista dos professores. É o regresso às questiúnculas da escola situada e à “vidinha” rotineira: o umbigo é, afinal, a nossa mundividência. A indignação metamorfoseou-se de acomodação. Que esta nobre capacidade de adaptação, que tanto nos pode levar ao céu como ao inferno da humanidade, não nos faça perder o porte.

Perverso exercício de solidariedade.

As contradições que se jogam na escola atravessam a todos os níveis as relações inter-pessoais. O fechamento pessoal, essa atitude de clausura e de rejeição à crítica e de reflexão sobre a prática, é o caldo onde se cozinham essas contradições.
Receio que a cultura de conivência com a incompetência e a falta de profissionalismo, o falso companheirismo que conduz ao silêncio, à protecção ou à defesa de comportamentos inadmissíveis, seja a porta de entrada da desprofissionalização docente.

O que importa esconder do exemplo finlandês II

ADEBC CANCELA TORNEIO DE ENCERRAMENTO DE BADMINTON

[…]

Apesar de tanto ruído o meu objectivo é chamar a atenção para a falta de apoio que as escolas têm sentido ao longo deste ano lectivo para levar a cabo os seus projectos de Desporto Escolar. Com efeito estamos em pleno 3º período e as escolas da Coordenação Educativa de Coimbra (desconheço o que sucede nas outras Coordenações Educativas) não receberam qualquer verba do ME / Gabinete de Desporto Escolar. Logicamente muitas escolas têm dívidas de centenas ou até milhares de euros e já não autorizam mais despesas para as actividades previstas. No início deste ano constituímos uma Associação Desportiva Escolar pois entre algumas vantagens tínhamos a expectativa de podermos organizar mais actividades e logicamente aguardávamos uma verba em concordância com o nosso projecto. Na página seis do Programa do Desporto Escolar 2007 / 2009 podemos ler: “Desde o ano lectivo 2006/07 as ADE têm prioridade nas candidaturas à Medida 2 do Programa de Desporto Escolar (Organização de Quadros Competitivos inter-escolas). “. Puro engano !
Afinal o que se passa com as verbas que suportam o programa do Desporto Escolar?

Assim, com muita pena nossa, pois os principais prejudicados são os alunos, a ADEBC (Associação Desportiva Escolar Badminton de Coimbra) anuncia o CANCELAMENTO DO TORNEIO DE ENCERRAMENTO DE BADMINTON PREVISTO PARA 17 DE MAIO porque o ME / Gabinete de Desporto Escolar não cumpre as suas obrigações para com as escolas. Não podemos continuar a fazer de conta que o Programa do Desporto Escolar está a ser implementado normalmente em consonância com as belas intenções de quem legisla. Lembram-se daquilo que 100 mil conseguiram quando saíram à rua?

22 Abril 2008
Fernando Costa
Professor Ed. Física na ES D. Duarte / Coimbra”

Comentário: A escola ficcionada pelo ME e propagandeada na comunicação social, com arranjos coreográficos de alunos recrutados nas agências de actores, contrasta com a escola situada. Estamos precisados de uma imprensa que não se limite a fazer de caixa-de-ressonância oficial. Urge investigar o funcionamento das AEC´s e do DE.

O que importa esconder do exemplo finlandês.

“Los finlandeses, los europeos con mejores notas, tienen actividades deportivas todos los días.”

Há evidências nos estudos epidemiológicos que alertam para a importância da adopção de estilos de vida activos como meio de prevenir os riscos de doenças de essência hipocinética, das quais se destacam as cárdio-vasculares.
A adopção de estilos de vida cada vez menos activos, quando aliados aos problemas de obesidade, exige das entidades responsáveis pela Saúde Pública uma acção concreta dirigida à alteração de hábitos comportamentais. É necessário recorrer a um conjunto de estratégias diversificadas [a televisão e os meios de comunicação social jogam aqui um papel essencial] para sensibilizar as famílias para a necessidade de alteração dos seus hábitos de vida. A escola é chamada a colaborar. É indispensável convocar a educação física para dar o seu contributo. Apesar das recentes recomendações do parlamento europeu que desafia os estados membros a aumentarem o tempo semanal da Educação Física, o nosso governo parece incapaz de encarar o problema de frente. As pressões no sentido da redução da carga lectiva semanal fazem emergir o risco de se enveredar pelo caminho mais populista: a diminuição do peso das disciplinas pretensamente secundárias, entre as quais a Educação Física. Aliás, este caminho já foi iniciado, como comprova a presença muito subtil da disciplina nos cursos de educação formação, do ensino básico, e nos cursos profissionais, do ensino secundário.

E assim vamos cantando e rindo com a aposta centrada em programas de educação para a saúde inócuos já que se limitam a iniciativas esotéricas, como por exemplo, as acções de formação com “sabor a papel de música”. Há, no entanto, excepções que confirmam a regra: O programa Pessoa, ainda em fase de implementação, será desenvolvido no concelho de Oeiras e que parece bem desenhado para fazer face a este problema.

Isto vem a propósito deste texto da Glicéria e da sugestão de leitura do Ramiro Marques.

Falemos claro: o que quis dizer o senhor presidente?

O que o presidente da república quis dizer à ministra da educação foi o seguinte: senhora ministra, veja lá o que se passa com o “seu” sistema escolar, olhe que eu tenho aqui na mão um estudo científico que me diz que há iliteracia histórica dos jovens portugueses.

É evidente que o presidente da república, se quisesse, podia agarrar numa resma de estudos científicos, a maioria dos quais esquecidos nas estantes das bibliotecas universitárias, e dizer à ministra da educação: senhora ministra, como vê, tenho aqui na mão uma resma de estudos científicos realizados nos ISCTE’s ou nas Católicas deste país, que provam que temos mais problemas que soluções. Veja lá o que se passa com o “seu” sistema escolar, olhe que eu tenho aqui na minha pasta um estudo que considera um problema de saúde pública a prevalência de pré-obesidade dos nossos jovens, e tenho aqui outro, espeeere um pouco… ah, já o encontrei…, hummm… este diz que há um problema com a iliteracia matemática, olhe os resultados do PISA… e tenho este da violência escolar… enfim, veja lá o que se passa no “seu” sistema escolar e trate de resolver os problemas antes que perca a elevada consideração que tenho por si.

A ministra da educação ouviu e prometeu que vai agir já, ou melhor, vai reagir já. Das medidas a anunciar, disse em surdina ao presidente, estão pensadas as seguintes: Reforço do número de horas semanais na disciplina de história em todos os ciclos, do básico ao secundário; Será elaborado um plano de emergência para o combate à histórico-exclusão e será criada uma comissão de acompanhamento que, por acaso, já tem um@ presidente; A disciplina de história será obrigatória no pré-escolar e @s educador@s terão de frequentar acções de formação para passar a incluir a história da democracia nos contos ditos em voz alta antes da sesta. Isto são as medidas que me ocorreram sem conversar com os meus acólit… com os meus secretários de estado, revelou a ministra enquanto deixava escapar um sorriso zombeteiro.

Chumbo para quem, senhora ministra?

Não me irei ocupar de qualificar a entrevista da ministra da educação ao Correio da Manhã.
Seria um desperdício ocupar mais do que duas linhas para comentar as trivialidades que embeveceram o inefável jornalista. Irei apenas destacar a única ideia digna de elogio, apesar de inconsequente: a repetência ou o chumbo é o elemento mais facilitista do sistema educativo.

Para um professor de “ginástica” [fico-lhe muito grato pelo remoque diferenciador, senhora ministra], habituado a olhar para as classificações dos alunos como algo acessório e dispensável, sempre mais preocupado com a avaliação formativa do que com a avaliação sumativa, a repetência do aluno é uma construção social que só faz sentido numa avaliação de tipo normativo, que procura ordenar um sujeito num conjunto de pares. Para quê fazê-lo? Para quê comparar os sujeitos como se comparam as peças de carne expostas no talho? Se o sistema educativo dispensar essa grelha de observação, se o sistema educativo pensar o aluno como uma pessoa, que é preciso respeitar na sua dupla dimensão individual e pessoal, recusando o aluno-massa, o anónimo na imensa e indiferenciada escola-fábrica, se se pensar numa educação personalizadora, então há que eliminar o excremento da repetência ou chumbo.
Sejamos ao menos consequentes, senhora ministra. Que tipologia e dimensão das escolas, que condições de prática educativa, que medidas de apoio ao eficiente desempenho das funções educativas, que políticas educativas desenhou para fazer face à educação personalista?

Não brinque com a minha (pouca) inteligência, eminência.

15 a 0?… E se parassem com a “campeonite”?!

A profissão docente é caracterizada pela heterogeneidade e complexidade distinguindo-se os seus elementos pela diversidade de percursos profissionais, pelas concepções diversas da profissão, pelos conflitos de carácter corporativo, pelo acesso assimétrico aos centros de informação, pelos diferentes níveis de cultura e formação. Esta diversidade é ocultada por uma espécie de solidariedade profissional que exige dos professores uma certa desculpabilização quando se trata de problemas que atingem genericamente o grupo (degradação das condições de trabalho, o insucesso escolar, a avaliação de desempenho docente, o ECD, etc.).
As atitudes de desconfiança e de reserva dos professores perante subgrupos específicos (grupos formais – sindicatos, grupos de docência,… – ou grupos informais – determinados grupos de poder “os mais antigos”, “os contratados”, “os titulares”,…) são típicas.

Não estranho a crispação que se gerou após a divulgação do “Memorando de Entendimento entre o Ministério da Educação e a Plataforma Sindical dos Professores”. Se fico apreensivo é pelo facto de constatar que a divisão interna tenha surpreendido alguém. É verdade! Voltamos a ser o que sempre fomos. Bastou uma brecha no cerco imposto pelo ME para revelarmos a nossa faceta divisionista.

Mas convém não exagerarmos no entusiasmo. Creio que é ainda muito cedo para animarmos a opinião pública com o espectáculo da autoflagelação. Ainda é muito cedo!

Pruridos?

Estarei a ver mal ou a recolocação dos sindicatos no seu devido lugar [negocial] está causar desconforto aos diversos movimentos “independentistas” de professores [não posso incluir neste grupo o conselho de escolas]?

Espero que todos entendam que a luz dos holofotes encandeia todos, a seu tempo. Seria bom que o exemplo do movimento sindical, que se manteve exemplarmente unido, fizesse escola!

A voz do dono?

“ «Não há uma única escola que tenha pedido a suspensão», afirmou Maria de Lurdes Rodrigues […]
Admitiu que há «manifestações de preocupação» e «desejos de não concretização da avaliação» manifestado por alguns professores individualmente, grupos de professores ou mesmo conselhos pedagógicos, mas sublinhou que isso não pode ser confundido com a posição da escola.

«Nenhum conselho executivo de qualquer escola pediu a suspensão da avaliação.» […] ”

Os conselhos executivos, sem excepção segundo a ministra, fizeram ouvidos de mercador aos inúmeros apelos directos oriundos das comunidades educativas [representadas nos conselhos pedagógicos e assembleias de escolas]. Pergunto, com que legitimidade? Como foi possível não dar voz às vozes que os elegeram? Por carreirismo, por medo? Que ideia é esta de representação? Os conselhos executivos representam a escola ou será o ME representado pelos conselhos executivos?

Se dúvidas houvesse sobre o papel que está reservado ao futuro director, aqui temos uma evidência!

Overdose…

O debate foi um logro: Não aclarou os temas em discussão, foi lançada poeira sobre os factores de entropia no funcionamento da relação pedagógica, foi conduzido [durante muito tempo] para questões dicotómicas [escola pública/privada]. Não por culpa dos painelistas, obviamente. O formato do programa não dá para mais…
A polissemia do conceito de autoridade acabou por enredar os intervenientes. Conceito entendido por todos na relação expressa professor-aluno, a autoridade foi o elemento chave, o tampão dos actos de indisciplina [violência?]. O foco incidiu nas diversas dimensões de autoridade [autoridade-reconhecimento; autoridade-afectividade; autoridade-negociação; autoridade-regras] para traduzir uma relação de poder entre dois actores educativos: Afinal, quem manda na escola? Quem manda na sala de aula? Professor ou aluno?

A overdose mediática do caso Carolina Michaelis terminou(?), e ainda bem. Houve demasiado “ruído” sobre este caso, que fez desviar o foco da discussão para padrões de comportamento em sala de aula. Preferia ver discutidas mudanças no sistema educativo [e não posso desprezar o aviso do Ademar Santos, o caso Escola da Ponte é uma luz: não queiram convertê-lo numa sombra] que colocassem em causa um dos alicerces da escola actual: o ensino em classe/turma.

PS: Gostei de ver o Paulo desfrutar do convívio com alguma da fauna presente ;o)

Formação sem stresses?

Uma mistificação que urge combater é a dispensabilidade do esforço nos cursos profissionais e nos cursos de educação formação. Depressa conotados como cursos fáceis para sujeitos difíceis, os “profissionais” e os “CEF’s” estão envoltos por uma auréola hedonista que dificulta a criação de climas propícios à aprendizagem e à superação. Parafraseando Adalberto Dias de Carvalho: “Mesmo a prometida sociedade do lazer não dispensa o esforço. O próprio lazer acarreta-o na medida em que implica a perseverança para se alcançar a meta que se pretende atingir.” Não confundo, por isso, o lúdico com o trabalho. De facto, ambos podem coexistir, mas não são necessariamente coincidentes.

Agora que nos vamos reunir para discutir e apreciar as aprendizagens, em final de período, convém valorizar o esforço e com ele a responsabilização. Que esta formação profissional para o trabalho se faça pelo trabalho!

Adenda: Julgo saber quem foram os criadores da mistificação.
Quem concebeu o currículo dos CEF´s e dos profissionais [conceptualmente diferentes mas igualmente impregnados por uma pedagogia do lúdico] olha para o insucesso escolar através de uma lente determinista. Aligeirando os conteúdos programáticos e tornando-os cada vez mais “acessíveis”, desviando os alunos das matérias “teóricas”, olhando para o trabalho exclusivamente numa perspectiva de produtividade e de eficácia, os pragmáticos da tecnocracia sabem como garantir as condições para o sucesso escolar.

Mediação.

Um jornalista deve pautar a sua actividade profissional por uma neutralidade tangível.
No programa prós e contras de hoje acabei por descobrir um candidato a mediador, ou melhor, a candidata que apaziguará o conflito entre o ME e os professores. O perfil está traçado.

Não, não bati com a cabeça em lado nenhum. E não irei prosseguir com este exercício esotérico porque ninguém entenderia onde quero chegar, digo eu. Olhemos para o debate e procuremos o que ele trouxe de novo? Uma ideia: a ideia da mediação, com a qual concordo face à situação cada vez mais partidarizada.
Se deixar de lado a enxurrada de afirmações fundadas em crenças de infância e adolescência bem vividas, se fizer de conta que a moderadora se esforça por não tomar partido, se procurar espremer o debate o que eu vi para lá da ideia da mediação?
– A mitificação da Reforma;
– A evocação da Educação e da axiologia;
– Uma voz trémula que repetia: “o António está a dizer que esta reforma é autocrática?”

Fui…

Faz-de-conta que apreciamos o mérito…

Ministério vai abrir concurso extraordinário para titulares.

Se a própria ministra reconheceu, no programa Prós e Contras, que o 1º concurso de professores titulares não aferiu o mérito porque não houve avaliação, então por que razão insistir num novo concurso, igualmente iníquo, para repescar os professores do 10º escalão não seleccionados no 1º concurso?

É evidente que o ME não pretende avaliar a competência dos avaliadores nem aferir a qualidade de coisa alguma. Importa unicamente resolver o problema da falta de avaliadores a custo zero. Não é estranho que o ME, um verdadeiro arauto da meritocracia, relegue a avaliação para um plano secundário quando se trata de cortar nos custos?

Líderes heróicos, organizações fracas.

Não acredito em líderes heróicos nas organizações complexas, como é o caso da organização escolar. Prefiro um líder que se empenhe em induzir a liderança nos outros e nunca me revejo num líder que concentra em si o poder e o protagonismo da mudança. Nenhum sistema de controlo pode ser mais eficaz do que o comprometimento pessoal de cada um dos actores. Um líder que cultive a liderança nos outros sabe que a organização crescerá para além da sua presença ou da sua saída. Ora, não é este líder que é reclamado pelo ECD que nos foi imposto pelo ME. Não é este líder que é legitimado pelo diploma aprovado, ontem, em conselho de ministros. O ME procura líderes heróicos: Na figura do director e na figura do coordenador do departamento estarão representados os líderes mais competentes e com melhor estatuto remuneratório. Ao limitar a liderança escolar a apenas dois níveis de aplicação não é crível que emirja um envolvimento genuíno de todos, tanto mais que se apela a um sistema de partilha concorrencial assente num sistema de incentivos pouco claro e ambíguo.

Aos motivos que me levam a discordar do ECD imposto pelo ME, junto este: o tipo de liderança que o ME quer disseminar pelas escolas gera entropia e não cria as condições necessárias para o desenvolvimento individual e organizacional. E só não vê quem não quer ouvir!

Premiar o mérito ou premiar a superação das dificuldades?

A ministra da educação disse, no fórum da TSF, que a avaliação do desempenho docente tem como principal objectivo premiar o mérito. Para a ministra, a essência da avaliação é o reforço da função selectiva. Há que comparar os desempenhos dos docentes em relação a uma norma que foi definida externamente. Há que saber que lugar ocupa o professor no grupo de docentes. Foi esta lógica que prevaleceu no primeiro concurso de professores titulares e será agora generalizada com o modelo de avaliação de desempenho em curso. Como foi apurado o mérito dos titulares? Reduzindo o conceito de mérito a um conjunto de experiências ligadas à vida nas escolas. Não existiu aí nenhum indicador de excelência, o que prova a iniquidade do processo. Adiante…

A função exclusiva da avaliação não permite aferir a regularidade do esforço, a motivação do docente e a evolução do processo de superação das dificuldades. A função formativa da avaliação é relegada para um plano residual.
Paradoxalmente, esta ideologia meritocrática da ministra é defendida apenas para o desempenho do trabalho docente. Ela é proibitiva [e bem] quando está em jogo a avaliação do desempenho do trabalho dos alunos; é ignorada [e mal] no desempenho de responsáveis por cargos dirigentes nas estruturas intermédias e superiores do sistema escolar.

A defesa da avaliação formativa do desempenho docente tem sido muito débil. Por pudor, os professores aceitam tacitamente a tese meritocrática. Recusar a meritocracia poderia ser entendido como o reconhecimento de improficiência. A defesa de um sistema de avaliação eminentemente inclusivo e formativo poderia ser entendido como um sinal de fraqueza e a confirmação de que “quem deve teme”. No palco mediático onde se joga a demagogia, o professor foi obrigado a aceitar como uma fatalidade a avaliação normativa. Não foi capaz de rebater uma retórica oficial que explorou as fraquezas de uma classe dividida e fragilizada face à degradação das condições de trabalho e à fraca auto-estima.

É preciso recuperar os argumentos que coloquem a avaliação formativa no centro do debate. É preciso desmitificar a meritocracia e os discursos de performance.