PSD ultrapassa PS pela primeira vez desde que Sócrates é líder do PS
Concordei com Marco António, apesar de quase sempre discordar das suas ideias, quando ele afirmou (ontem, no corredor do poder) que é um erro considerar que o problema do país é José Sócrates. Não disse bem assim, mas digo eu: É um erro que emergirá de uma espécie de amnésia colectiva depois da libertação do país da liderança de JS e que poderá levar o pobre do eleitor a desprezar o contributo de alguns peões de brega que não se coibirão de aparecer em cena ao lado de outro figurante que exale o cheiro do poder.
Vamos lá admitir que estas sondagens são credíveis; que os erros das sondagens têm consequências e que por isso serão despiciendos; e que as sondagens não são um factor de pressão social que favorecem os partidos com mais experiência governativa. Ao admitir isto tudo até sou capaz de admitir que há males que vêm por bem.
Mas desenganem-se. Não estou a dizer que é um mal necessário ter de gramar com PPCoelho para nos livrarmos da sua alma gémea. O que eu digo é que, paradoxalmente, os resultados das sondagens que apresentam Pedro Passos Coelho como alternativa a JSócrates não representam, de facto, qualquer alternativa de governação. Por uma simples e óbvia razão: As políticas de Passos Coelho serão mais uma continuidade das políticas de direita de JSócrates, que resultaram no empobrecimento do Estado Social, do que um factor de coesão social que faça diminuir o fosso entre pobres e ricos.
Apesar de surgir no horizonte um mal, uma hipótese de governação à direita que irá revitalizar as metáforas do mercado e do desempenho, como se as convulsões sociais que se vivem na Europa não resultassem elas próprias de uma cultura política que se deixou vergar pela ganância das elites económicas dominantes, há um bem que importa relevar: é necessário guinar à esquerda e recusar estratégias de economizar e despolitizar as decisões sociais e educacionais.
(imagem daqui)