9 anos…

Há dias o Pedro falou ao país. Percebendo a indiferença dos portugueses, abrigou-se numa rede social para se lamechar aos seus amigos… Triste figura!

O espetáculo tomou conta do nosso quotidiano. Agregado aos órgãos de comunicação social, o espetáculo disfarça a fraca política. É incontornável a incursão mediática sobre as mais diversas manifestações humanas e não adianta carpir mágoas suspirando por um tempo de estadistas. É a lógica imediatista, consumista e vertiginosa, que ordena o quadro valorativo deste tempo. É o tempo dos clichés. É o tempo do efémero! Lamentavelmente, a escola acaba por projetar este tempo…

9 anos na blogosfera e não se vislumbra um sinal de esperança e de mudança, Sophia?…

Este é o tempo
Este é o tempo
Da selva mais obscura

Até o ar azul se tornou grades
E a luz do sol se tornou impura

Esta é a noite
Densa de chacais
Pesada de amargura

Este é o tempo em que os homens renunciam.

Sophia de Mello Breyner
in Mar Novo (1958)

purga…

… para quando faltar o alento! Ainda vale a pena olhar para aqueles que não se resignam…

Quero É Viver

(Humanos)

Vou viver
até quando eu não sei
que me importa o que serei
quero é viver

Amanhã, espero sempre um amanhã
e acredito que será
mais um prazer

e a vida é sempre uma curiosidade
que me desperta com a idade
interessa-me o que está para vir
a vida em mim é sempre uma certeza
que nasce da minha riqueza
do meu prazer em descobrir

encontrar, renovar, vou fugir ou repetir

vou viver,
até quando, eu não sei
que me importa o que serei
quero é viver
amanhã, espero sempre um amanhã
eacredito que será mais um prazer

a vida é sempre uma curiosidade
que me desperta com idade
interessa-me o que está para vir
a vida, em mim é sempre uma certeza
que nasce da minha riqueza
do meu prazer em descobrir

encontrar, renovar vou fugir ou repetir

vou viver
até quando eu não sei
que me importa o que serei
quero é viver,
amanhã, espero sempre um amanhã
e acredito que será mais um prazer

_______

Adenda: Creio que não ficaram indiferentes à semiótica da letra da música 😉

Crise de identidades

Confesso que já passei por melhores momentos na profissão. Já vivi momentos profissionais mais estimulantes, quiçá de maior risco, ou por via do maior risco.

É bem provável que este estado provavelmente transitório coincida com uma alteração de identidade profissional. Quero com isto significar que o modo como sinto a minha identidade é o resultado como a defino pela mente, coração e corpo. Ora, as circunstâncias profissionais, determinadas por uma amálgama da cultura, da biografia pessoal, da influência social e dos valores institucionais, podem mudar. E podem mudar com as emoções. E podem mudar mudando os eus subjetivos que emergem com as histórias pessoais e sociais, com os papéis atuais, com as crenças e descrenças, com os valores, acerca do tipo de professor que esperamos ser.

Não, não se trata de uma desesperança assumida. Trata-se de sinal de situação!

A Glorificação das Aparências

Não sei o que acontecerá quando formos todos funcionários aureolados pela organização de aparências que acentua a satisfação dos privilégios. A aparência vai tomando conta até da vida privada das pessoas. Não importa ter uma existência nula, desde que se tenha uma aparência de apropriação dos bens de consumo mais altamente valorizados. Há de facto um novo proletariado preparado para passar por emancipação e conquistas do século. As bestas de carga carregam agora com a verdade corrente que é o humanismo em foco — a caricatura do humano e do seu significado.

Agustina Bessa-Luís, in ‘Dicionário Imperfeito’

Sublimar

Nos últimos dias tenho vociferado mais do que é normal. Sou um tipo paciente mas não suporto ser roubado! Não tanto pelo valor material da extorsão, o que é tudo menos despiciendo face às condições de vida e à correspondente perda de poder de compra, mas, e fundamentalmente, pelo facto de sentir que a minha dignidade, enquanto cidadão e pessoa de bem, é desdenhada pelo gatuno. E para agravar ainda mais este sentimento de nojo, o ladrão representa o Estado. Não direi que perdi a confiança no Estado, mas perdi definitivamente (se é que existe algo definitivo) o respeito por estes serviçais oportunistas que em nome do Estado sugam os seus funcionários. A equidade foi sempre uma palavra vã…

E como já perdi o respeito por estes lacaios de uns quantos grupos económicos e financeiros que tomaram de assalto o Estado, agradeço aos seus acólitos (e não me fico pela blogosferaOctávio) que evitem dar graxa ao cágado na minha presença. Porque se me tomam por burro, nem imaginam como desejo dar um valente coice…

E não é que me sinto mais aliviado…

Exaltação

Quem me conhece mais profundamente sabe como relativizo os valores que enformam uma sociedade materialista.

Quem me conhece mais profundamente sabe que me enriqueço com a inteligência e com a afabilidade daqueles que me envolvem.

Não peço mais da vida!

O que tenho basta-me…

Obrigado! 🙂

Concurso de blogues

O Aventar dinamizou um concurso de blogues. É de louvar uma iniciativa que divulgue o que se diz na blogosfera porque permite dar mais visibilidade a bloggers pretensamente encerrados no seu círculo mais ou menos restrito e faz prova de vida a outros mais intermitentes. Não direi que se trata de um baile de debutantes na blogosfera, mas há que catalogar e desafiar os seus autores a perseverarem.

O concurso, não sendo uma novidade, foi uma iniciativa particularmente feliz porque surge num momento em que a blogosfera perdeu a aragem de modismo que a caracterizou outrora, e que recai presentemente no facebook, e confirma o seu lado alternativo aos tradicionais órgãos comunicação social.

Não sendo um blogue de grandes audiências, há um conjunto de leitores indefetíveis que ousaram passar pelo Aventar para participar neste concurso para nomear o outròólhar.

Agradeço a afabilidade e aproveito para felicitar os autores dos blogues mais votados e, sobretudo, aqueles que cuidam do tema educação.

Blogs do ano 2011

O Aventar organiza pela primeira vez um concurso de blogs com o objectivo de promover e divulgar o que de mais interessante se faz na blogosfera portuguesa e de língua portuguesa. É organizado em duas fases de apuramento, a primeira aberta a todos os que queiram participar e a segunda constituída pelos 5 mais votados de cada categoria.

O outrÒÓlhar está muito bem acompanhado na categoria Educação :

Se gostas de concursos, passa por lá!

Os meus votos para 2012 são os votos do besugo

Que 2012, em podendo ser, seja um bocadinho melhor do que parece poder

Publicada por besugo

Poupo-me (e poupo-vos) aqui, agora, a uma estampa do Senhor Doutor Miguel Relvas. Para não afeiar demais este sótão poeirento, para não vos estragar a perspectiva quase neo-gótica das coisas sérias que vos acalentam e para não acabar de vez com a cultura.

Vamos acabar por correr com eles. Primeiro vamos correr à frente deles, fugindo deles com medo deles e das suas polícias adequadas. Depois havemos de nos cansar e, por mero cansaço, estacaremos. Logo a seguir seremos alcançados pela canzoada, que nos latirá mais forte no pressentimento da nossa próxima sangueira na sua dentuça.

Desdentá-los-emos.

Verbo difícil, este, “desdentar”, na sua pouco provável mas fatal transitividade. Muitos de nós perderemos dentes, também. Isso é mais fácil.

Entre o fado e o samba…

Reencontrei um amigo que emigrou há cerca de década e meia. É raro sair do Brasil e quando regressa o tempo é escasso para a família. A cavaqueira foi curta para as pontas que ficam sempre por ligar e que permanecem soltas de outras conversas inacabadas. Mas ainda houve tempo para falarmos do presente e do modo peculiar como ele é sentido no ambiente cultural onde está imerso. E se há uma marca distintiva entre o cidadão comum português e brasileiro é o modo como este vive e exalta o presente. E quando o efémero ocupa um lugar tão central na vida das pessoas, o futuro até pode ser menos tormentoso, não fosse este um modo quiçá alienado de olhar o presente…

Desgraçado fado este de agregarmos o futuro ao presente. Porque sempre que o futuro se veste de negro, acabamos por acinzentar as relações pessoais.

Urge metamorfosear o fado, “sambando-o”…

Postal de Natal

Som produzido por vozes humanas, ” À CAPELA”, sem efeitos!

Escolhi assinalar este Natal com uma orquestra de pessoas, sem instrumentos. Porque as pessoas são cada vez mais esquecidas (nas e) pelas instituições que as governam!

Bom Natal!

Hibernei…

… por falta de assunto na educação. O que existe são fogachos, notícias especulativas, coisa do género: vamos mandar o barro à parede para ver se cola. Coisa concreta, assunto enviado para o Diário da República, disso não há nada! O ME, ao invés de implodir, hibernou… como eu. Mas por outros motivos, ou talvez não, porque quem não sabe o que fazer o melhor é estar quieto…

E enquanto os tipos da melhor liga de basquetebol esticam a corda porque o dinheiro conta, vou-me entretendo com assuntos da treta, como as larachas que acabo agora de escrever.

Agora vou para a bancada central, para o sofá do centro, para me preparar para o jogo do glorioso 😉

Um homem novo ;)

Ora, aqui estou de novo… bem reanimado. Nada melhor do que um jogo de ténis num socalco da Penha, numa manhã soalheira, para me recompor do pasmo.

Onde é que íamos?

ADD por publicar, ECD por refazer, mercados educativos para uma classe média sem dinheiro para mandar cantar um cego, livre escolha para enganar tansos, reorganização curricular à la carte, arrependimentos tardios e esboços de lutas individuais destemidas,…?

Enfim, hoje é sexta-feira e joga o glorioso!

Dia aziago…

Depois de passar uma parte do dia a catalisar a volição dos alunos para o trabalho, passei ao lado do jogo da selecção nacional porque havia que visitar outro velório, no sentido mais literal do termo.

E por falar em selecção nacional, não gostei do Queiroz…

Um post elitista

Não, não me refiro às políticas para a educação que o governo tem na algibeira e que os arautos neoliberais não se cansam de (pre)anunciar na imprensa e nos blogues. 

Este é um post para os entusiastas do software e hardware.

Que me desculpem os indefectíveis da excelente marca da maçã e os perseverantes adeptos do open source, que tem permitido o desenvolvimento do Linux. Ontem a Microsoft disponibilizou o Windows 8 Developer Preview.

Como sou curioso decidi experimentar através de uma máquina virtual. Não consegui testar todas as potencialidades do novo produto da Microsoft mas a primeira impressão foi positiva. Os anunciados 8 segundos para o arranque são sempre um bom prenúncio!

Quem quiser saber mais informação sobre estas temáticas encontra-a neste local: http://pplware.sapo.pt/windows/aprenda-a-instalar-o-windows-8-no-virtualbox/

A culpa é da escola…

Sempre que renegoceio o pacote de TV por cabo, procuro enjeitar um conjunto alargado de canais dispensáveis face às preferências da famelga. É raro sair do meu naipe de escolhas e sempre que me sento para ver um programa televisivo a selecção foi pré definida. Faço zapping muito ocasionalmente e são raras as vezes em que fico pregado depois de tomar de assalto o comando. Hoje, ao passar pelo canal Q, canal 15 da Meo, deparo-me com o Otelo Saraiva de Carvalho, convidado de um programa de entrevistas biográficas conduzidas por Aurélio Gomes. Otelo é uma das personagens mais controversas do pós-25 de Abril. Creio que ninguém fica indiferente depois de o ouvir mesmo discordando das ideias mais “progressistas” ou mais “reaccionárias”. Perdoem-me a frase feita, que lhe assenta que nem uma luva: o homem tem uma história de vida carregada de história. Ao ouvir Otelo, a interrogação é incontornável: por que escasseiam personalidades políticas com substância?

A conclusão é óbvia: Creio que é culpa da escola! Não da escola básica e secundária porque essa apenas está interessada na instrução direccionada para a profissão. A culpa é da escola artística: A escola de formação dos “jotinhas”, que tem uma especialização em marionetas!