Sentimento de insegurança e o silêncio conivente.

É consensual a ideia da existência de um ambiente geral nas escolas que se caracteriza por uma receptividade difícil ao novo Modelo de Avaliação de Professores. Aliás, este sentimento é perceptível através de testemunhos de colegas oriundos de todos os pontos do país recolhidos em vários fóruns de discussão, nomeadamente, na blogosfera docente. É o sentimento de descrédito na Avaliação de Professores e no seu contributo para o Desenvolvimento Profissional, o que revela a existência de uma visão pessimista de que é impossível “fazer bem” aquilo que a lei manda fazer. Este clima é agravado pelo ambiente de conflitualidade mais ou menos latente entre intervenientes, que poderá ser justificado pela falta de confiança mútua entre professores face aos colegas titulares. Por outro lado, existem problemas que resultam da desinformação suscitada por diferentes interpretações da lei, da entropia nas escolas gerada pela incontinência legislativa deste governo e pelas limitações objectivas do sistema de avaliação imposto.

A meu ver, o sentimento de desconfiança surge agregado a um sentimento de insegurança, que pode ser traduzido pela seguinte questão:
Será que a nossa formação inicial, gerada pela instituição do ensino superior que nos acolheu e cuja marca de profissionalidade é indelével, evoca aquele professor de formato único que surge plasmado nas grelhas do ME?

E se não me encaixo nesse perfil funcional, o que têm a dizer as escolas de formação de professores? Será que o aperto financeiro em que vivem pode justificar o silêncio conivente com as políticas deste governo?

Preso por ter cão, preso por não ter…

Correndo o risco de encontrar conflitos estéreis e inoportunos, se entendermos que o momento deve ser de união, as afirmações que a blogosfera docente vai produzindo sobre a estratégia sindical não me deixam indiferente. Não estou particularmente inclinado a fazer de advogado de defesa de qualquer estrutura sindical, porque não tenho essa pretensão e muito menos a legitimidade para o fazer.

O que importa é buscar o contraditório e perceber o sentido da crítica.

Moriae escreve no blogue a sinistra ministra que “Não se entende o que pretendem os sindicatos … Na realidade, sempre foram um bocado nódoa no que diz respeito à Educação Especial … (OK, não todos porque não conheço mas … os exemplos a que me refiro comprovam lindamente o que penso …)”. Este pequeno reparo destaca a opinião do Ramiro que considera que “Há algo de misterioso na posição dos sindicatos” porque terão mostrado indiferença à concentração realizada por algumas centenas de colegas, em frente do ME, na 5 de Outubro.

Se os sindicatos decidem apoiar as iniciativas que lhes são alheias (relembro as teses que defendiam o efeito pendura dos sindicatos na concentração do 100 mil), são oportunistas e manipuladores.
Se os sindicatos não decidem apoiar iniciativas que lhes são alheias, “há algo de misterioso e com esta atitude dão força aos que apelam à desfiliação sindical.”

Por favor, decidam-se!

E para que não se pense que esta crítica é unilateral, importa saber se, por mais legítimas que sejam as reivindicações (e será o caso desta), devem os sindicatos abandonar ou não as suas próprias agendas e correr atrás das iniciativas dos promotores ad hoc? Esta questão remete-me para uma outra, a de saber quem deve definir a agenda sindical?

Destaque

«Professores que sofrem» é uma série de reportagens do PortugalDiário que vai preencher toda esta semana, antecedendo o Dia Mundial dos Professores, que se assinala, por consignação da UNESCO, no próximo domingo, dia 5 de Outubro

Escolas querem notas dos alunos fora da avaliação
Professores reclamam suspensão do parâmetro com base numa recomendação do CCAP.

“O Conselho considera que, a par das oportunidade que se abrem, como é próprio dos processos de mudança, se corre o risco de a avalição se constituir num acto irrelevante para o desenvolvimento profissional dos docentes, sem impacto na melhoria das aprendizagens dos alunos que conviria evitar desde o início”. (in: JN)

Sucesso escolar plástico ou de plástico?

A notícia refere que a ministra da educação estabelece como objectivo de governação, para os próximos anos, 100% de aprovações até ao 9º ano.

Fjsantos pergunta “em que medida pode a ministra garantir tal previsão e se o seu desejo tem ou não sustentação legal”? Ao agregar a avaliação dos professores aos resultados escolares dos alunos a armadilha legal ficará montada para cumprir o objectivo organizacional. Como é que isso pode acontecer? O Francisco deixa no seu texto algumas pistas para se perceber a “inginharia” sugerindo, como forma de combater o eleitoralismo e a desonestidade demagógica deste modelo de avaliação de professores, a renúncia a simplificações mistificadoras, exigindo seriedade e rigor nos processos e obrigando os órgãos de gestão das escolas e os respectivos avaliadores a cumprirem tudo o prescrito na legislação em vigor.

Pensemos no objectivo enunciado pela ministra: aprovar todos os alunos no até ao 9º ano. “Se outros países da Europa com os quais nos comparamos o fazem, Portugal também o pode fazer“, disse a ministra aos jornalistas.
O Francisco cuidou de desmontar a armadilha legal que sustentará a retórica oficial de que não foi necessário o ME utilizar o caminho mais “simples”: a aprovação administrativa de todos os alunos. Bastava tornar ilegal a retenção/não aprovação e acabariam as mistificações e as “inginharias” em torno desta questão, assim como minorávamos o desgaste que estas coisas suscitam nos actores situados.
O governo escolheu o caminho mais sinuoso e que lhe permite retirar mais dividendos políticos. Contudo, seria mais transparente e coerente se optasse pelo caminho da alteração de paradigma (como lhe chamaria o pai da nação 😉 ).

Se olharmos para o problema da certificação “à la carte” implementada por este governo, depressa percebemos que existe um padrão de aprendizagem variável: a um aluno certificado com o 9º ano de currículo normal são-lhe exigidas competências terminais (permitam-me o linguajar) diferentes daquelas exigidas a um aluno certificado com um CEF do 9º ano.

Ora, se podem existir diversos padrões de aprendizagem mínima no mesmo ano de escolaridade, se a certificação para o mesmo ano de escolaridade não gera o mesmo significado, para quê manter a lógica de organização escolar dos alunos vertical (anos de escolaridade) e horizontalmente (turmas)? Não será um mero artifício administrativo homogeneizar as singularidades? Como se resolve o problema da escola unidimensional que trata todos os alunos como se fossem um só?

Por não acreditar neste sistema de certificação de competências que não valida a diferença, é que penso que o sucesso escolar deve ser plástico, o que não pode ser confundido com sucesso de plástico.

Confuso? 😉

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Adenda: Bem a propósito descobri no Terrear este texto que evoca o problema da relação entre escolarização e desenvolvimento cognitivo.
Ainda que haja controvérsias com a definição e a medida da inteligência (número e estrutura da organização), as investigações apontam que o desenvolvimento cognitivo está associado com a idade e a escolaridade, embora não se saiba exatamente qual a influência única de cada uma dessas variáveis. […]

Ora, como os sistemas educativos têm introduzido mecanismos que diminuem de forma muito substancial as retenções escolares, os investigadores acreditam que com o decorrer dos anos a escolarização deixará de reflectir o grau de aprendizagem e de educação formal.

Esta tendência evolutiva nos sistemas educativos que evidencia uma desagregação da escolaridade e o desenvolvimento cognitivo [e por arrastamento, o desenvolvimento sócio-afectivo e psicomotor] requer um novo olhar sobre o significado de escolaridade estratificada.

Produzir a ambiguidade – uma solução para o problema da sobrevivência profissional.

Simplificar para combater a burocracia, definir objectivos minimalistas que correspondam a práticas correntes, reduzir as grelhas ao mínimo absoluto. Estas são algumas sugestões do JMA que visam garantir a sobrevivência profissional face ao processo de avaliação do desempenho docente.

As sugestões são benignas mas não suficientemente claras para ultrapassar a ambiguidade conceptual que o próprio modelo de avaliação encerra.

Esta limitação acaba por fazer emergir a pergunta:
Será que este repto à simplificação, cada vez mais propagado na escola, ao invés de revitalizar a confiança dos actores situados não estará a gerar ainda mais entropia no sistema por não existir uma ideia suficientemente consensual sobre o significado de simplificar?

Não ouço nenhum professor defender a complexificação do processo de avaliação, apesar dos resultados expressos nas grelhas de avaliação, algumas vezes, sugerirem o contrário. As pessoas querem simplificar mas não sabem como se simplifica. Por falta de respostas, por inconsistências várias, por receio de entrar em conflito com a norma externa, o problema acaba por gerar instantaneamente a sua própria resposta: a produção da ambiguidade faz com que as normas pareçam mais consistentes.

Eis a solução: produzir documentos ambíguos!

Houvesse confiança nas pessoas e nos processos situados e nenhuma escola teria problemas com a avaliação do desempenho.

O silêncio é de ouro.

Pergunta este colega pelos sindicatos. “Onde estão?

Esperávamos uma palavrinha sobre este assunto: a Avaliação dos Professores! Já não digo uma tomada de posição firme, mas algo… uma palavrinha nas televisões. Aliás, sem as Associações criadas ad hoc não tínhamos conseguido juntar nem metade dos 100 mil professores, que desceram a Avenida da Liberdade.

É FRUSTRANTE ter depositado tanta confiança nos Sindicatos, naquela Mega-Manifestação. E agora? NADA!

Neste início de ano lectivo nem uma palavra, uma iniciativa, que mostrasse o descontentamento, a desmotivação dos Professores.

Não deixa de ser curioso que esta questão seja colocada pelo editor de um blogue de uma associação auto-intitulada ad hoc de professores. Não é que esteja particularmente interessado em alimentar qualquer tipo de querela entre colegas, mas não me parece genuína esta preocupação porque é contraditória face ao discurso da falência da acção sindical. Numa latitude diferente, alguém me confidenciava, longe de ser considerado “activista”, que sentia estranheza pelo pretenso apagão sindical.

Confesso que fico muito mais optimista quando constato que professores, mais ou menos distantes do movimento sindical, potestam pela pretensa acção inócua dos sindicatos nesta abertura do ano lectivo. Começar por sentir a falta dos sindicatos é um bom ponto de partida.  É que todos precisamos de todos para lutar contra quem promove a desqualificação da função docente…

Um novo 8 de Março deve ser cada vez menos uma miragem!

Desafio

[…] tempo saturado, intenso, complexo; a burocracia (uniformidade, obsessão do escrito, perversão de tomar os meios pelos fins); a atomização e a fragmentação das práticas induzidas pelo modelo instituído.” (JMA)

Estes são os três problemas centrais que afectam do modelo de avaliação em curso identificados pelo JMA. Abrem-se, no seu entender, dois caminhos: berrar e encharcar-se cada vez mais no veneno, pedindo soluções de fora ou de cima. Ou agir, nos contextos da acção no sentido da sobrevivência profissional.

Se decidir participar na discussão, lance o seu olhar pelo Aragem. Está aqui: http://outroarcanjo.blogspot.com/2008/09/avaliao-construir-alternativas-sensatas.html

Clemência

como formular objectivos individuais par;
objectivos individuais do professor;
objectivos individuais; grelha de objectivos individuais do prof;
objectivos individuais+avaliaçao docent;
ojectivos individuais;
objectivos individuais para avaliação;
objectivos individuais professor;
como fazer os objectivos individuais do.

Caros colegas pesquisadores do google,
Lamento profundamente defraudar as vossas excelsas expectativas mas dificilmente encontrarão por aqui o que buscam na rede. Se procuram minutas de objectivos individuais, feitas ou por acabar, modelos, e exemplos, e grelhas, e exemplos, e grelhas, e modelos, e minutas, e grelhas, o melhor é clicar aqui ao lado na capela no centro de recursos do Ramiro.
Se o arrependimento queimasse estaria agora bem chamuscado por ter escrito a famigerada entrada com um título tão, tão… na moda.
Aceitem então as minhas sentidas desculpas.

É disto que o meu povo gosta – um novo modo de encarar a formação contínua de professores.

Estive tentado a ironizar com o processo de adestramento para o novo modelo de avaliação de professores, mas não vale a pena!
Feitas as contas, cada escola é uma escola, cada macaco no seu galho, a cada cabeça a sua sentença; todos diferentes e todos iguais, uniformizar procedimentos, normalizar rotinas, muitos objectivos e alguns deles subjectivos…
Percebe-se que valeu a pena, que me sinto mais confiante, que a acção de formação quase que disfarçava a iniquidade de um modelo de avaliação imposto.
E para terminar esta reflexão profunda que me acaba de sair das entranhas, nada melhor do que terminar com um chavão plagiado do futebolês: É disto que o meu povo gosta!

Avaliação do desempenho – como reduzir sem empobrecer?

Reduzir o todo a uma infinidade de partes é um exercício admirável se as partes observadas fora do todo não perderem coerência. Observar as diversas dimensões do ensino e aprendizagem fora dos contextos onde se geram, para catalogar procedimentos e posteriormente avaliar desempenhos, pode parecer um exercício sério e objectivo mas pode ser também um exercício exíguo de rigor, porque a reconstituição do acto educativo não abarca a lógica das emoções que lhe subjazem.
Onde está e quem define o referencial que baliza o estilo de ensino, as crenças e os valores dos professores, a assertividade nas relações,…?

Reclamamos um modelo de avaliação rigoroso e objectivo porque cremos que é possível reduzir sem empobrecer, mesmo que para atingir a objectividade sejamos obrigados a desviar o olhar do que importa para nos fixarmos nos instrumentos que julgamos captar a realidade.
Espero, no final desta luta cada vez mais política e menos pedagógica, que não nos deixemos derrotar pela doença que contaminou a função docente: a avaliatite.

Isto vem a propósito deste excelente exercício do Paulo Prudêncio.

Proposta alternativa de avaliação do desempenho docente – Uma estratégia de intervenção.

O Ramiro subscreveu muito recentemente uma ideia que fora apresentada neste cantinho e defendeu-a no seu blogue: O maior problema dos professores é político e o adversário político dos professores é o ME; Os sindicatos são o principal braço da armada política dos professores e a lei concede-lhes o poder negocial, embora se perceba que o ME prefira outros interlocutores mais dóceis, como é o caso do conselho de escolas.

Recentemente o DN noticiou a aparição de uma proposta alternativa ao modelo de avaliação do desempenho dos professores, proposta essa que terá emergido de um grupo de trabalho da FENPROF e que seria tornada pública no dia 8 de Outubro, embora uma fuga de informação viesse a revelar parte da mesma, na rede, suscitando uma série de reacções mais ou menos extemporâneas.

Ora, estes factos permitem-me tecer alguns comentários a partir da seguinte premissa:

Se o governo do Sr. Pinto de Sousa é o actual adversário político dos professores, é possível inferir que o que convém ao governo não convirá, politicamente, aos professores.

Interessa ao governo:

1. Implementar o seu modelo de avaliação, a bem ou a mal, porque o que está em jogo não é penas a implementação de uma medida de política educativa mas um estilo de governação dominador que o governo construiu com a ajuda da comunicação social;
2. Acabar com a entropia nas escolas e tornar exequível o seu modelo apesar do mesmo denotar uma falência conceptual; ora, isto significa que será necessário [volto a lembrar, na perspectiva do governo] acabar com a forte resistência dos actores responsáveis pela sua implementação – primeiro foram seduzidos os responsáveis pelos órgãos de gestão e agora os titulares;

3. Legitimar o actual modelo por ausência de propostas alternativas;

4. Que os professores se digladiem em assuntos que fracturam a “classe”, como por exemplo, a divisão sindical mesclada com os movimentos pró-ordem, etc.; a fragmentação da classe é um convite à passividade e ao entorpecimento.

Em relação aos pontos 1 e 2 não irei ocupar muitas linhas porque há um elevado consenso, não só nas escolas como na comunicação social, acerca do qual ninguém fica indiferente: a estratégia de propaganda eleitoral do governo elegeu a educação como porta-estandarte e hoje só cairá nesta esparrela quem quer.

Quanto ao ponto 3, a ausência de propostas de avaliação alternativas permitiria ao governo afirmar que a sua proposta é a única que permite avaliar, de facto, o desempenho docente. A reedição do anterior modelo de avaliação não seria entendida pela opinião pública, na medida em que essa proposta fora capitalizada pelo governo como uma proposta de não avaliação.

Impõe-se, então, “inovar”.

Quanto ao ponto 4, e seguindo a mesma linha de raciocínio, coloco-me, desde logo, frontalmente contra a ideia daqueles que defendem que ao governo cabe a apresentação de propostas e que ao professorado cabe a sua aceitação. Defendo uma lógica de negociação de onde emirja uma postura pró-activa dos professores: devemos ser capazes de dizer o que queremos embora muitas vezes só consigamos dizer o que não queremos. Temos a obrigação, porque somos profissionais intelectuais, de formular propostas e desenhar caminhos profissionais consistentes a não ser que desejemos a proletarização da nossa função.

As notícias dizem que a FENPROF irá apresentar uma proposta de avaliação do desempenho. O Ramiro revela uma pretensa versão da proposta e decide construir vários posts para a desconstruir e criticar.
Antes de entrarmos na discussão pura e dura, caros colegas, não seria mais prudente delimitar o alvo da contestação e delinear uma estratégia de intervenção? Aceitam as minhas premissas?:

1. Qualquer proposta alternativa de avaliação do desempenho docente, venha ela de onde vier, da FENPROF, da FNE,… deve ser analisada e discutida nas escolas buscando O MAIOR CONSENSO POSSÍVEL antes de ser fechada e apresentada ao ME como A Proposta Alternativa [de Avaliação do Desempenho dos Professores] à proposta imposta pelo ME. Isto não significa que a blogosfera fique de fora da discussão, bem pelo contrário: A blogosfera pode e deve ampliar essa discussão.

2. Depois de conhecida a base de trabalho, há que procurar eliminar eventuais excrescências e determinar com clareza o que importa conservar na proposta, se houver algo a conservar obviamente. Será necessário ler todo o documento, conhecer todos os pressupostos, antes de se partir para uma rejeição absoluta da proposta ou, ao invés, de alinhar numa aceitação tácita e acrítica.

3. Criar desde já um estigma sobre algo que ainda poderá ser aproveitado e melhorado é  abrir brechas na luta contra o adversário dos professores, o que seria, para o ME, ouro sobre azul!

Blogosfera solidária.

O Henrique deixou-me um lembrete, de uma Campanha de Solidariedade com Cuba para responder às necessidades prementes de alguns bens essenciais decorrentes da devastação dos últimos furações que por lá passaram, que me apraz ajudar a divulgar:

“Amigos(as)
Aqui segue uma lista de instituições que se encontram a recolher os bens alimentares para ajuda ao povo cubano.
O primeiro avião com alimentos parte no dia 24 de Setembro, na próxima 4ª feira.
Ainda temos tempo para fazer chegar uma primeira ajuda a estes locais.
Depois deste outros se seguirão.
Toda a nossa disponibilidade solidária é importante!
Refiro os alimentos necessários:
– leite em pó
– massa
– arroz
– conservas
beijinhos a todos
Manuela Silva
locais de recolha de alimentos:
PORTOCOMCUBA
Rua Barão Forrester, 790
4050-272 Porto
Telefones: 962 539 884 / 966 316 201 / 938 460 221
Casa Sindical de Vila do Conde
Rua do Lidador, 46 – R/C – 4480-791 VILA DO CONDE – Telef. 252631478
Sindicato do Comércio, Escritórios – CESP (Delegação Porto)
Rua Fernandes Tomás, 626 – 4000-211 PORTO – Telef. 222073050
Delegação do CESP na Póvoa de Varzim
Rua da Junqueira, 2 – 4490-519 PÓVOA DE VARZIM – Telef. 252621687
CASA SINDICAL (TVC)
Av. da Boavista, 583 – 4100-127 PORTO – Telef. 226002377
Sindicato dos Professores do Norte
Rua D. Manuel II, 51-3.º – 4050-345 PORTO – Telef. 226070500
Sindicato da Construção e Madeiras
Rua de Santos Pousada, 611 – 4000-487 PORTO – Telef. 225390044
Casa Sindical de Santo Tirso
Rua Tomás Pelayo, – 4780-557 SANTO TIRSO – Telef. 252855470
União Local de Felgueiras
R. dos Bombeiros Voluntários, R/C – Esq.-T. – FELGUEIRAS – Telef. 252631478
Casa Sindical USP
Rua Padre António Vieira, 195 – 4300-031 PORTO – Telef. 225198600
Casa da Paz – (Secretariado permanente da Campanha)
Rua Rodrigo da Fonseca, 56 – 2º – Lisboa (perto do Marquês de Pombal)
Contactos
Telefones: 213 863 375 / 213 863 575
Fax: 213 863 221
Telemóveis: 962 022 207, 962 022 208, 966 342 254, 914 501 963

Campanha de ajuda humanitária ao povo de Cuba.
Porto mobiliza-se para a ajuda ao povo de Cuba.

A PORTOCOMCUBA, organização promotora da campanha de ajuda humanitária ao povo de Cuba lançada em Portugal na sequência da dramática devastação provocada pela passagem de dois furacões e uma tempestade tropical, apelou hoje em conferência de imprensa, à mobilização de todos os portugueses em torno do objectivo de, até dia 24 de Setembro, se reunir o maior número de embalagens de Leite em pó, massa, arroz e conservas para a ajuda imediata ao povo cubano.
A PORTOCOMCUBA reafirmou que sempre esteve e sempre estará solidária com o povo cubano nos momentos mais ou menos difíceis da sua história, e que assumirá a ajuda fraterna nesta circunstância de maior necessidade. Apelou ainda à compreensão geral da população em relação a estas necessidades imediatas do povo cubano.

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A União de Sindicatos do Porto também se solidarizou com a campanha de recolha de alimentos para as vítimas dos furacões em Cuba, levada a cabo pela Comissão PortoComCuba.”

Meta reflexão.

A acção de formação aludida nas entradas anteriores não dispensa a leitura do diploma que traça o perfil geral do desempenho profissional dos professores dos ensinos básico e secundário.

Estar ciente dos referenciais que balizam a actividade docente é requisito essencial de uma prática (in)formada.
Questiono seriamente o valor que é conferido à reflexividade docente por quem tutela a educação. Questiono o SENTIDO e o ALCANCE do articulado que refere, expressamente, que o professor “assume-se como um profissional de educação […] que recorre ao saber próprio da profissão, apoiado na investigação e na reflexão partilhada da prática educativa e enquadrado em orientações de política educativa para cuja definição contribui activamente”.

Se sou convocado a participar na definição da orientação da política educativa onde, quando, e como posso exercer esta obrigação? E como estamos nos limites dos referenciais da actividade profissional, onde se situa a fronteira da sublevação?

Treinadores de bancada

“O autarca de Tavira acusou hoje o Governo de ter pressionado os autarcas “cor-de-rosa” a assinarem o protocolo com o Ministério da Educação sobre a transferência de competências educativas e afirma que assinou diploma com “dúvidas”. “Houve uma certa pressa do Governo em mostrar serviço, e forçou, forçou, forçou a rapaziada da mesma cor a ir lá e depois houve uns tantos que são cor-de-laranja por convicção, poucos, que aderiram ao protocolo mas em número muito pequenino”, disse Macário Correia.
[…]
O autarca de Tavira foi um dos primeiros a nível nacional a afirmar que tinha intenções de assinar um protocolo com o Ministério da Educação para a transferência de competências, tendo mesmo mostrado intenções de também gerir o corpo docente das escolas.” [in: Público]

Gerir o corpo docente das escolas para quê, Sr. Macário? Gostava de ouvir uma ideia sua acerca da escola. Não interessa? Depois pensará no assunto?… hummmm…

Túnel sem luz…

Como revelei na entrada anterior, estou envolvido numa acção de formação que é dirigida a avaliados. É um olhar sobre o Decreto Regulamentar n.º2/2008. Perguntava a Isabel se vou ficar mais formado como professor; se as minhas aulas serão aperfeiçoadas ou simplesmente melhores; ou se é para ficar mais formado na colaboração e melhoria de aulas de outros. Em suma, se a acção irá contribuir para o bem da Educação e Ensino na sua escola.

Irei fazer o papel de advogado do diabo, Isabel. Penso na retórica oficial, esqueço as incongruências do modelo, as lógicas e os pressupostos que lhe subjazem, e o que vejo? Uma escola cor-de-rosa!
Há nestes encontros uma espécie de ironia macabra: de um modo coercivo e perverso, a escola cria espaços de discussão, até então fechados ou inexistentes. De uma penada, e porque há que cumprir as ordens da tutela, somos obrigados a revelar as nossas fragilidades… conceptuais, procedimentais…
Daí a embriaguez conceptual. Estou a ser claro?

Serviços mínimos

A noite foi ocupada com uma acção de formação em avaliação do desempenho docente, que se prolongará ao longo da semana em período pós-laboral. Como se não bastasse a temática para deixar qualquer um indisposto, acabei por tomar conhecimento do evento 4 horas antes do seu início.

Isto serve apenas para justificar o estado de embriaguez conceptual em que me encontro. 😉

O problema dos professores é político!

Na natureza e nas organizações humanas, são óbvias as vantagens da acção colectiva organizada quando se trata da defesa dos indivíduos do grupo face a predadores ou, no caso das organizações humanas, face a adversários políticos. Na luta política, ninguém sobrevive sozinho!

Creio que os professores ainda não perceberam esta evidência e continuam a agir no terreno da luta política com uma ingenuidade lancinante. O posicionamento de muitos professores face às associações profissionais que os representam, bem ou mal, tem sido o calcanhar de Aquiles da classe [admitamos que existe, de facto, uma classe profissional de professores].

Este governo já percebeu esta fragilidade e desde muito cedo desenhou uma estratégia para fazer ruir o edifício associativo dos professores, isolando-os, em primeiro lugar, pela via da criação do conselho de escolas [criando uma estrutura pseudo representativa das escolas e também dos professores, mais dócil e amigável… e dependente da hierarquia ministerial], e em segundo lugar, pela via do não reconhecimento da representatividade sindical.

Creio que ficarei dispensado de fundamentar a minha crença de que esta investida do governo sobre a classe docente não é inocente. Com o tempo, até os mais cépticos perceberam que as razões economicistas prevaleceram face às razões pedagógicas embora a retórica do governo teimasse em afirmar o contrário.

Houve momentos em que a estratégia do governo teve reveses. A manifestação dos 100 mil professores, um extraordinário espasmo colectivo, levou o governo a recuar e a reorganizar-se na investida contra os docentes. Terá sido o momento de viragem na opinião publicada até então claramente acrítica diante das propostas de mudança no sistema escolar. O governo aprendeu. E não me parece expectável que repita o erro de provocar a mudança abrupta em áreas tão diversas como o fez nesse período. A acção do governo passou a ser pautada por uma intervenção mais cirúrgica, mais localizada, evitando a convergência dos insatisfeitos.

A balcanização disciplinar, o isolamento profissional, o individualismo, são expressões de uma cultura profissional propensa à não participação dos professores nas suas organizações socioprofissionais. Os sindicatos têm sido acusados, umas vezes justa outras injustamente, de se deixarem enredar por interesses políticos partidários alheios aos interesses dos professores e nem a constituição de uma frente comum de sindicatos, constituída com o objectivo de combater as políticas deste ME, conseguiu uma base de apoio consistente para enfrentar o governo. Ora, sem um braço político forte, os professores continuarão a ser sistematicamente manietados, sem qualquer resistência, pelo poder instituído que se deixa vergar diante dos grupos de pressão de origem financeira muito preocupada em manter o Estado enformado por uma matriz neoliberal e neoconservadora: É que as políticas de educação não podem ter empecilhos no terreno e os professores não podem andar de rédea solta.

Sem renegar a importância dos movimentos/grupos de professores na sensibilização da população em geral e da opinião publicada em particular, é um facto insofismável que nenhum destes movimentos será capaz de fazer recuar o governo nas suas pretensões de aniquilar a escola pública de qualidade.

O governo, por seu lado, continua a gerir o conflito com os professores do modo que mais lhe convém e já deu mostras de que o tema da escola e da educação será o seu terreno, o campo de batalha para a disputa eleitoral. E o mais grave é que os restantes partidos políticos acabam por legitimar, através do seu silêncio, o valor das políticas errantes.

O que fazer?

Sejamos pragmáticos por uma vez:

1. Já se percebeu que o professorado está focado e imerso no seu trabalho diário e que não é afoito à iniciativa política.

2. Não é possível vencer uma batalha política sem a acção política.

3. Os sindicatos são as únicas organizações socioprofissionais que reúnem as condições mínimas para manter um braço de ferro com o governo em tempo útil, isto é, até às próximas eleições. Precisam, em primeiro lugar, de ter o apoio dos professores na escola situada, dos professores fazedores de opinião, dos Ramiros e dos PGuinotes, dos movimentos e dos grupos.

4. Os sindicatos só podem enfrentar este governo se tiverem a disponibilidade dos professores para a luta. Eu sei que o memorando de entendimento não agradou a muita gente. Sei que alguns se sentem enganados e traídos. Outros estão descrentes. Muitos estão fartos de política e de luta política! Sem querer passar uma esponja pelos problemas mal resolvidos entre os professores e os sindicatos, é preciso fixar o alvo central da nossa contestação – este governo. Nas próximas reuniões sindicais há que intervir, participar, pressionar as direcções sindicais a agir de acordo com as deliberações tomadas nessas reuniões.

5. Detesto discursos maniqueístas mas não vislumbro outras alternativas para combater o vírus do problema: Se as houver, serei todo ouvidos!

Adenda: Disse e mantenho que não me agradam perspectivas maniqueístas na acção política porque conduzem, normalmente, a um ponto de não retorno. Mas parece-me evidente que este governo continuará a desqualificar a função docente, sem deixar alternativa àqueles que lutam contra a proletarização da docência: é uma questão de sobrevivência profissional. Creio que este meu posicionamento será tudo menos controverso.

O que parece suscitar pruridos é a solução que propus: recorrer aos sindicatos como braço político para defender a profissão. Vi a defesa de duas alternativas políticas por um colega que julgo pertencer a um dos “movimentos”. Sugere o colega a criação de uma Ordem e a criação de um partido político de professores. Admitamos por hipótese que uma ou mesmo as duas propostas são viáveis embora uma e outra tenham diferentes condições de sustentação. Ninguém acreditará, nem mesmo os autores da proposta, digo eu, que surjam quaisquer efeitos políticos até às próximas eleições.

O PGuinote coloca algumas questões marginais quanto ao entendimento entre sindicatos e quanto ao modo como são atraídos os elementos afectos aos “movimentos”. São reservas quanto a viabilidade da Plataforma Sindical, reservas justificadas pelas desavenças mal disfarçadas no pós-memorando. Eu não tenho qualquer dúvida: se os professores manifestarem o desejo de ter uma frente comum de sindicatos os problemas entre sindicatos desaparecem nesse momento, como desapareceram no passado recente e quando menos se esperaria. Quanto às acções concretas de cativar os “movimentos ou grupos” eu pergunto se a questão de quem tem a iniciativa da aproximação é relevante. Eu penso que a questão é irrelevante porque os sindicatos farão aquilo que as bases decidirem fazer.

A meu ver é perfeitamente risível perdermos tempo com recalcamentos, traições, ódios e amores. É que este não é o momento oportuno para amuos, como já defendi noutras ocasiões menos exasperantes.

Ninguém pára a demagogia eleitoralista?

As mudanças introduzidas nos últimos três anos criaram um verdadeiro movimento nas escolas públicas. Quem honestamente e objectivamente olhar para a escola de hoje e a comparar com a realidade de há três anos atrás, não pode deixar de concluir que está melhor“, reivindicou [o primeiro-ministro].

O primeiro-ministro persiste no erro básico de considerar que o OLHAR da escola deve ser monocromático. Acredita piamente que uma FACE DA ESCOLA, que lhe é apresentada pelas assessorias responsáveis pelo seu mercado eleitoral, É A ESCOLA.

Devolvo-lhe a afirmação: Quem honestamente e objectivamente olhar para a escola de hoje e a comparar com a realidade de há três anos atrás, não pode deixar de concluir que está pior. Refuto, pois, a verdade dos números inventados pela máquina de propaganda deste governo com a minha verdade empírica.

Dia do cheque – Um paradoxo.

As concepções pessoais de competência referem-se a conjuntos de crenças ou teorias pessoais acerca das possibilidades de alcançar o sucesso e das formas de evitar o fracasso, em contextos de realização escolar.
As concepções pessoais de competência são fundamentais na promoção da aprendizagem e do desempenho dos indivíduos, são influenciadas, na sua construção e desenvolvimento, pelos vários contextos de existência: o nível sócio-económico de pertença (NSE), o género, família e a escola.
A forma como os sujeitos interpretam as situações de realização, constituem aspectos da motivação ou conjunto de concepções ou teorias pessoais acerca das possibilidades de ter sucesso, das formas de evitar o fracasso e das qualidades necessárias para atingir um e evitar o outro. Falamos do nível das explicações ou causas que apontam para os sucessos e os fracassos; do modo como antecipam os resultados de realização; da desistência ou persistência perante obstáculos e dificuldades; dos objectivos de realização que prosseguem; e das avaliações da sua inteligência.

A PERSPECTIVA DAS CONCEPÇÕES PESSOAIS DE INTELIGÊNCIA DE DWECK:
Dweck investigou a conceptualização de duas concepções pessoais de inteligência (crenças implícitas e diferenciadas acerca da sua natureza):

  • Uma concepção ESTÁTICA – envolve a crença de que a inteligência é um traço global e estável, limitado em quantidade e portanto incontrolável. Os sujeitos que adoptam esta concepção, acreditam que possuem uma quantidade fixa e específica de inteligência e que os resultados obtidos a permitem avaliar.
  • Outra concepção, denominada de DINÂMICA E DESENVOLVIMENTAL – envolve a crença de que a inteligência é susceptível de desenvolvimento através de esforços e investimentos individuais, portanto controlável. Os sujeitos que adoptam esta concepção de inteligência, centram-se mais na promoção do seu desenvolvimento do que na sua demonstração.

No fim da escolaridade básica os indivíduos parecem perceber os aspectos fundamentais de ambas as concepções, mas tendem a orientar-se preferencialmente para uma delas.

Os sujeitos com diferentes concepções de inteligência parecem adoptar objectivos de realização diferentes:

  • A concepção estática promove a adopção de objectivos centrados no resultado, mais susceptíveis de proteger a imagem pessoal;
  • A concepção dinâmica promove a adopção de objectivos centrados na aprendizagem, mais adequados à promoção da competência.

Existem dois padrões de realização (comportamentos, cognições e afectos) que não dependem das suas capacidades reais e que surgem de uma forma diferenciada perante os fracassos:

  • Um dos padrões caracteriza-se pela escolha de tarefas desafiadoras e por elevados níveis de realização e persistência perante os obstáculos – os sujeitos que adoptam este padrão de realização são designados como ORIENTADOS PARA A MESTRIA.
  • O outro padrão caracteriza-se pela fuga às situações percebidas como difíceis e pela deterioração da realização perante o fracasso – os sujeitos que adoptam este padrão são designados como ORIENTADOS PARA O FRACASSO.

A investigação dos processos psicológicos que estão subjacentes à manifestação destes dois tipos de padrões de realização conduziu à conceptualização de objectivos de realização centrados no resultado versus centrados na aprendizagem.
Assim podemos dizer que os objectivos de realização estão na base da adopção dos diferentes padrões de realização: OS OBJECTIVOS CENTRADOS NO RESULTADO PROMOVEM OS PADRÕES DE DESISTÊNCIA, ENQUANTO OS OBJECTIVOS DE REALIZAÇÃO CENTRADOS NA TAREFA PROMOVEM PADRÕES DE PERSISTÊNCIA.
Os objectivos centrados na aprendizagem implicam a preocupação em adquirir e dominar novos conhecimentos e competências, enquanto os objectivos centrados no resultado implicam a preocupação em obter juízos favoráveis de competência e evitar juízos desfavoráveis da mesma.

Como é possível alguém pactuar com o disparate, para não lhe chamar algo bem mais contudente, da iniciativa do Dia do Prémio?

Uma notícia ou um frete?

Ensino Secundário tem oito alunos por professor

Não respondi ao inquérito do Público: Não me apeteceu dar para esse peditório. O jornal desejava uma frase, um chavão, folclore. Respondo por aqui que quase ninguém lê as minhas aleivosias.

O que vou fazer para melhorar a escola?
Além da missão principal para a qual sou pago, para melhorar ainda mais a escola treinaria os meus alunos a diferenciar uma notícia de um frete. No dia em que os nossos alunos adquiram essa competência [para utilizar uma expressão querida da MLR], os jornais deixarão de dar graxa ao cágado.

Objectivos individuais

O nº 2 do artigo 9 do Dec. Regulamentar nº 2/2008 (avaliação do desempenho docente) refere que os objectivos individuais são formulados tendo por referência um conjunto de itens, dois dos quais devem ser fixados anualmente: a) A melhoria dos resultados escolares dos alunos; e b) A redução do abandono escolar.

Extraordinariamente, por razões que todos conhecerão, todos os itens constantes no referido ponto do decreto regulamentar serão avaliados no final do corrente ano lectivo. Mas fixemo-nos na alínea a) melhoria dos resultados escolares dos alunos.

É uma prática comum, espero eu, realizar uma avaliação de diagnóstico antes de iniciar qualquer unidade de matéria: Há que perceber e determinar com clareza o nível em que se encontra cada aluno para ajustar o processo de ensino às singularidades do sujeito.
Sempre que é introduzida uma matéria de ensino substancialmente diferente, o processo repete-se porque nem sempre é possível garantir a transferência de aquisições de uma para outra matéria.

Este processo aparentemente inócuo é o cerne do ensino individualizado que, além de ser preconizado pela actual LBSE, é propagado pela retórica oficial.

Como manter esta [boa] prática e cumprir o determinado no ponto 1 do artigo 9 do Dec. Regulamentar nº2/2008: “Os objectivos individuais são fixados, por acordo entre o avaliado e os avaliadores, através da apresentação de uma proposta do avaliado no início do período em avaliação”?

Dirão os mais incautos que bastará realizar uma avaliação de diagnóstico no início do ano lectivo em todas as matérias de ensino e assim perspectivar os resultados finais. A falibilidade do processo, sendo diminuta para a matéria do programa do primeiro período, é aumentada com o tempo que medeia entre a avaliação de diagnóstico e a efectiva abordagem da matéria.

Exagero se disser que esta perversão, que é induzida pela avaliação do desempenho docente, é um factor devastador de boas práticas de ensino?

Para divulgar.

A melhor maneira de fazer bem o que nos pedem é, muitas vezes, não fazer exactamente o que nos pedem.

Daniel Hameline

Esta frase deve estar, tem de estar, em local bem visível e ao alcance da compreensão de todos os docentes deste país. É uma frase que remete para uma outra intimamente ligada, de Lee Shulman [que responde a um insulto lançado no início do século por Bernard Shaw: “Quem sabe, faz. Quem não sabe, ensina.”]:
Quem sabe, faz.
Quem compreende, ensina
.”

Sem articulação curricular não há (mega) departamentos.

A decisão da criação de mega departamentos não é ilegal, como muito bem demonstrou fjsantos, desde que essa decisão emirja da autonomia das escolas:

  1. O DL 200/2007 criou 4 departamentos apenas para efeitos do 1º concurso de professores titulares;
  2. O DL 75/2008, genericamente referenciado como decreto da gestão, remete a questão (criação de departamento) para o âmbito da autonomia das escolas e alega a ausência de dignidade constitucional de um decreto regulamentar para regulamentar um decreto-lei.

Sendo legal a criação de mega ou micro departamentos, por que motivos nos havemos de opor ao reordenamento dos já existentes?

O Ramiro refuta a ideia da criação de mega departamentos disciplinares e usa 4 argumentos que valem para rejeitar não só a criação de mega departamentos como a própria ideia de departamento:

  1. [Nos (mega) departamentos] Cabem coisas tão distintas como por exemplo, educação especial, educação física, música, educação visual;
  2. [A criação dos (mega) departamentos denota uma] Insensibilidade do legislador face à importância dos saberes disciplinares e consequente destruição dos grupos disciplinares como estrutura intermédia de organização pedagógica;
  3. [A criação dos (mega) departamentos irá] Abrir caminho ao professor faz-tudo e professor generalista no 2º e 3º CEB;
  4. [A criação dos (mega) departamentos reflecte a] Infiltração crescente no 3º CEB e no ensino secundário dos métodos de trabalho e esquemas organizativos adequados ao Pré-Escolar e ao 1º CEB.

Após a aceitação tácita da criação de departamentos disciplinares pelos professores e associações representativas dos professores, que remonta ao ano de 98 (Decreto-Lei n.º 115-A/98, de 4 de Maio), não é fácil justificar os ímpetos expansionistas dos departamentos disciplinares [independentemente de se perceber que esse ímpeto expansionista foi motivado por uma pretensa racionalidade gestionária] com argumentos de natureza conceptual. Bastará admitir que a criação de mega departamentos preservarão a identidade de cada grupo disciplinar e que esta crença pode ser sustentada pela negação dos argumentos apresentados pelo Ramiro:

  1. As coisas da educação especial, educação física, música, educação visual não são tão distintas;
  2. A criação dos [mega] departamentos não desvaloriza os saberes disciplinares;
  3. A criação dos mega departamentos não abrirá caminho ao professor generalista no 2º e 3º CEB;
  4. Os métodos de trabalho e esquemas organizativos do Pré-Escolar e ao 1º CEB também podem ser adoptados no 3º CEB e no ensino secundário.

A meu ver, não é pela via da incongruência conceptual que resolveremos o problema da criação de departamentos, macro ou micro. É pela via da aplicação do modelo que se demonstrará a falência do mesmo. De facto, à ideia dos departamentos disciplinares subjaz uma ideia de articulação curricular. Ora, será necessário demonstrar, e isso não será nada complicado, que não há uma escola que fosse capaz de implementar uma articulação curricular consistente.

Se em dez anos não foi possível resolver o problema da articulação curricular, para quê insistir num modelo falido?

Elos que libertam.

A Isabel e o Henrique nomearam este cantinho dando continuidade a uma corrente que, paradoxalmente, liberta e enreda: liberta a tensão instigada por um poder político pouco sensível às realidades situadas e, simultaneamente, enreda os actores numa teia de interesses recíprocos.

Esta corrente levar-me-á a destacar sete blogues brilhantes.

Correntes http://correntes.blogs.sapo.pt/

Da escola http://daescola.wordpress.com/

Conversamos?! http://conversamos.wordpress.com/

Abnóxio http://abnoxio.weblog.com.pt/index.xml

Anterozóide http://antero.wordpress.com/

Revisitar a Educação http://revisitaraeducacao.blogspot.com/

(Re)Flexões http://fjsantos.wordpress.com/

Quando seleccionamos acabamos por excluir: O foco da luz acaba por remeter uma porção do alvo à penumbra. Ora, não me apetece nada deixar na escuridão os blogues que fazem parte do meu círculo de amizades blogosféricas, que só não ficaram no centro do destaque porque ofuscariam todos os outros ao seu redor. Refiro-me aos blogues dos meus confrades:

IC http://msprof.blogspot.com

Tsiwari http://4thefun.blogspot.com

Crsitina http://poalha.blogspot.com

Teresa http://blogicament.blogspot.com/

Henrique http://edutica.blogspot.com

Matilde http://ocantodovento.blogspot.com

13za http://talvezpeninsula.blogspot.com/

3za http://tempodeteia.blogspot.com/

JMA http://terrear.blogspot.com/

Ana http://somaisumaprof.blogspot.com

Presumo que os blogues do Ramiro http://www.profblog.org/ e do Paulo http://educar.wordpress.com/ não brilhariam mais depois de uma polidura tão singela.

O QUE É UMA ESCOLA JUSTA? *

Agora que o tema da justiça vai ser ainda mais enfatizado nos nossos discursos e verificável nas acções de cada um, por razões que se prendem com a avaliação do desempenho docente, desafio-vos a mergulhar neste excelente documento de reflexão: O QUE É UMA ESCOLA JUSTA? de FRANÇOIS DUBET é um texto que, como refere o autor, procura “afastar-nos das petições de princípios, que fazem bem à alma mas que, na realidade, tendem a evitar os problemas em vez de evidenciá-los.”

“Como visam a produzir maior justiça escolar, não podemos deixar de ser muito favoráveis às medidas compensatórias e paliativas. Isto posto, os conceitos de igualdade e de justiça escolar que comandam essas práticas não são tão claros quanto poderia parecer à primeira vista e é importante refletir sobre a justiça escolar para avaliar o sentido e o alcance das políticas escolares. A priori, o desejo de justiça escolar é indiscutível, mas a definição do que seria uma escola justa é das mais complexas, ou mesmo das mais ambíguas, pois podemos definir justiça de diferentes maneiras. Por exemplo, a escola justa deve:
• Ser puramente meritocrática, com uma competição escolar justa entre alunos social e individualmente desiguais?
• Compensar as desigualdades sociais, dando mais aos que têm menos, rompendo assim com o que seria uma rígida igualdade?
• Garantir a todos os alunos um mínimo de conhecimentos e competências? Preocupar-se principalmente com a integração de todos os alunos na sociedade e com a utilidade de sua formação?
• Tentar fazer com que as desigualdades escolares não tenham demasiadas consequências sobre as desigualdades sociais?
• Permitir que cada um desenvolva seus talentos específicos, independentemente de seu desempenho escolar?
Cada um de nós acredita que a escola justa deve ser tudo isso ao mesmo tempo, que ela deve responder a todas essas concepções de justiça. O problema surge do fato de esta afirmação ser uma pura petição de princípios, pois cada uma das concepções de justiça evocadas entra imediatamente em contradição com as outras. Assim, uma meritocracia escolar justa não garante a diminuição das desigualdades; a preocupação com a integração social dos alunos tem grande probabilidade de confirmar seu destino social; a busca de um mínimo comum arrisca-se a limitar a expressão dos talentos; uma escola preocupada com a singularidade dos indivíduos age contra a cultura comum que uma escola deve transmitir e que também é uma forma de justiça… Portanto, não existe solução perfeita, mas uma combinação de escolhas e respostas necessariamente limitadas. Este texto busca antes colocar os problemas do que oferecer respostas.” (continuar a ler)

* FRANÇOIS DUBET