É do senso comum olhar para um jogo de futebol e apreciar apenas a fase ofensiva. Mas quem aprecia o jogo de futebol pela sua lógica interna, pela alternância das fases de jogo, pela expressão das possibilidades dos jogadores nesse mosaico fluído de movimentos debilmente articulados, em que o TODO é sempre maior do que a soma das partes, não pode deixar de louvar o trabalho que foi realizado pela equipa técnica da selecção. Quem acompanhou esta equipa desde o início, desde o começo, onde a equipa era uma manta de retalhos sem uma ideia de jogo, sem um modelo de jogo, metamorfoseou-se num conjunto homogéneo que é, hoje, valorizado e respeitado por todos os intervenientes directos no próprio jogo, pelos jogadores e treinadores adversários.
Hoje observámos dois modelos de jogo antagónicos. Venceu o espanhol, é verdade. Mas não encontro motivos para menorizar o nosso modelo de jogo. Quem assistiu, recentemente, ao jogo defensivo da equipa de José Mourinho em Barcelona, exaltou a excelência do trabalho defensivo. Mais até do que a organização ofensiva da equipa, no jogo da 1º volta, que lhe permitiu entrar na 2ª volta da eliminatória com vantagem. Teria saído enaltecida a audácia do treinador se o resultado final fosse negativo?
É evidente que a selecção portuguesa tem margem de progressão. Ao contrário da selecção espanhola em que dá a ideia que a equipa começou a ser construída da frente para trás, face à qualidade dos médios e atacantes, a nossa selecção foi construída, e bem, de trás para a frente face às características dos “nossos” jogadores. Esta competição foi apenas o começo e, face aos resultados alcançados, começámos bem.
Para memória futura, não posso deixar de enaltecer o trabalho da equipa técnica e dos jogadores porque acrescentaram valor ao JOGO.