Participação portuguesa nos Jogos Olímpicos – Mais do mesmo

Os Jogos ainda agora começaram, há atletas que ainda não participaram nas suas competições, e os resultados alcançados e a alcançar irão suscitar discussões acerca do programa de desenvolvimento desportivo do país.

Face ao desinvestimento do governo no desporto escolar e na educação física (embora os burocratas insistam que se mantêm a regulamentação do deporto escolar e os créditos horários adstritos aos professores com grupos/equipas, convém esclarecer que essa mesma regulamentação impede a criação de novos grupos/equipas não satisfazendo as necessidades de prática para os alunos que mudam de escola ou de ciclo se na “nova” escola não existir oferta.), aumentaram as dificuldades de complementaridade entre os subsistemas escolar e federado. Dito de modo mais simplista, a escola e o clube desportivo (onde se promove o desporto da elite) não só estão de costas voltadas como se afastaram ainda mais.

Ainda é cedo para balanços, mas seria desejável que a discussão (que não deve ser lamechas pelos previsíveis maus resultados) sobre o desporto português considerasse os três objetivos para os programas de desporto juvenil: o objetivo educativo, o objetivo da saúde pública e o objetivo do desenvolvimento da elite. Há um quarto objetivo que, sendo menos aparente, não é menos importante: preservar, proteger, e realçar práticas do desporto.

Veremos como os comentadores televisivos multifacetados e os especialistas do regime abordam o problema e, mais importante, que soluções preconizam.

Espero, sentado, para ver…

Entrei…

… em férias, virtualmente. Embora oficialmente  estou em férias desde 3ªf !

Hoje comprei o Expresso e só me falta ler a Bola…

É muito raro pagar para ler notícias. Mas não me importo de comprar umas boas gargalhadas mesmo que seja de jornalismo de pacotilha…

O Portas anda aí e já prometeu cacete.

Educação Física – Resposta do Diretor-Geral da Educação ao Diretor da FADEUP

Acabei de tomar conhecimento da resposta do MEC (por intermédio do Diretor-Geral da Educação, Fernando Egídio Reis) à tomada de posição da FADEUP depois de conhecido o teor da reorganização curricular que desvaloriza a disciplina de Educação Física, contrariando não só esta recomendação do Parlamento Europeu como os resultados da investigação que tem sido produzida nesta área de conhecimento.

É preciso muita desfaçatez para dizer o que disse o senhor Diretor-Geral:

O ponto 10 da Resolução “Exorta os Estados-Membros a tornarem obrigatória a educação física no ensino primário e secundário e a aceitarem o princípio de que o horário escolar inclua, pelo menos, três aulas de educação física por semana, embora as escolas devam, na medida do possível, ser incentivadas a ultrapassar este objectivo mínimo;”

Desafio aqui o senhor Diretor-Geral a provar que existe uma, e basta-me uma, escola pública do país que ofereça três aulas semanais de Educação Física. E se, por hipótese do absurdo, houvesse uma escola a oferecer esse tempo, ainda teria de demonstrar que são cumpridos os 45 minutos de tempo útil de aula que, como se sabe, não contempla o tempo de balneário – equipar e desequipar.

Deixe-se de demagogia barata e reconheça o óbvio e assumam lá a vossa visão atávica de desenvolvimento curricular!

Quanto à resposta falaciosa, junto o PDF para os interessados.

Mau! Se não acerta com a Matemática…

São decisões atrás de decisões sem qualquer sustentação científica ou pedagógica. Em nome de um racionalidade económica que o tempo se encarregará de fazer desacreditar, Nuno Crato tomou uma série de decisões cretinas, porque empobrecerão o serviço público de educação. Dou dois exemplos: a reorganização curricular conceptualmente errada, porque menospreza o desenvolvimento multilateral dos alunos;  e a gestão irracional de recursos, porque coloca em trânsito professores que são necessários às escolas e intensifica o trabalho daqueles que têm horas para completar horário.

Hoje, no blogue do Arlindo, encontrei dois pareceres de duas associações de matemática. Dão que pensar. Quem olha para as Metas de Aprendizagem como um instrumento de controlo e domesticação do trabalho dos professores, vê nestes dois pareceres um documento herético. Eu vejo uma evidência de como o cratês é uma falácia; é uma ideologia populista que assenta num falso critério de autoridade.

Pela análise apresentada, a SPIEM reitera a necessidade de o MEC retirar a proposta de metas curriculares em discussão. Note-se ainda que estão em fase de experimentação outras metas de aprendizagem sobre as quais não existe qualquer avaliação, pese embora a sua sintonia com o Programa de Matemática em vigor no ensino básico. Assim, a SPIEM recomenda que o Ministério da Educação e da Ciência, em vez de propor “novas” metas curriculares, canalize os seus esforços e investimentos para uma ação cientificamente sustentada e que permita que os alunos portugueses continuem a melhorar as suas aprendizagens matemáticas.

Sociedade Portuguesa de Investigação em Educação Matemática

 

O Conselho Nacional da Associação de Professores de Matemática (APM) considera assim que, não tendo ainda terminado a generalização do atual programa de Matemática, introduzir um documento que lhe é antagónico vai ter consequências negativas para o normal funcionamento nas escolas, perturbando o trabalho que os professores vêm realizando e, naturalmente também as aprendizagens dos alunos e a sua relação com a Matemática.

Lisboa, 23 de julho de 2012

Conselho Nacional da APM

Daltonismo cultural – uma consequência do “cratês”

No final do campo de férias, antes de recolher a miudagem, houve um breve período de reflexão. Pais e filhos, em pequenos grupos, revelam perceções: sobre o meio social e comunitário em que nos movemos; sobre as diversas representações de juventude. Tudo muito bem planeado pelos organizadores, com um guião simples mas que permitiu observar a pluralidade das representações de cada um dos participantes…

Depois foi necessário encontrar um porta-voz de cada grupo para, em plenário, revelar os consensos possíveis, o que não foi conseguido na medida em que, por falta de experiência ou por narcisismo, os representantes na maior parte dos casos representaram-se.

Das reflexões transmitidas foi possível perceber uma colagem aos discursos hegemónicos veiculados pelos fazedores de opinião, reveladores de um certo determinismo social – A sociedade carece de sujeitos competitivos, porque as oportunidades de sucesso são escassas e só premiarão alguns, poucos, diziam os mais entusiastas. Dirigindo-se para a miudagem adolescente, apelavam: “têm de estudar para vencer!…”.

É fácil de perceber que o cratês vai fazendo o seu caminho à custa da ausência de questionamento sobre o lugar que cada um quer ocupar no mundo e, fundamentalmente, sobre que mundo urge construir. A cultura de massas terá mesmo vencido, como afirma Clara Ferreira Alves (neste texto que surripiei ao Paulo). Porque bastaria que algum dos oradores colocasse a hipótese, vá lá, do absurdo, que o seu rebento ficará do lado dos perdedores.

Divulgação

Da Associação Portuguesa de Estudos Clássicos (apecclassicos@gmail.com)

Prezados colegas:

O ensino do latim e do grego no ensino público em Portugal vive, de há muito, um enquadramento curricular modesto e precário, devido a intervenções legislativas desastradas que têm vindo a erodir as condições para a sua presença nas escolas.

A erosão já é longa: desde reformulações precipitadas dos curricula escolares até às alterações nas competências requeridas para a profissionalização dos docentes na área de Português e de Línguas Clássicas, chegámos finalmente ao bem conhecido de todos os docentes despacho 5106-A/ de 2012 (https://www.portaldasescolas.pt/imageserver/plumtree/portal/matnet/Despacho_5106A_2012.pdf Definição de um conjunto de normas relacionadas com as matrículas, distribuição dos alunos por escolas e agrupamentos, regime de funcionamento das escolas e constituição de turmas ), que determina o número mínimo de vinte alunos para a abertura de disciplinas de opção.

O Ministério da Educação foi alertado pelas escolas, associações científicas e sindicatos para as consequências da aplicação deste normativo para o ensino de disciplinas como Francês, Alemão, Latim e Grego, para nos limitarmos exclusivamente à área das línguas, sabendo contudo que este enquadramento é pernicioso para outras áreas disciplinares.

Contudo, o mesmo despacho, no ponto 5.3, admite:

5.13 — A constituição ou a continuidade, a título excecional, de turmas com número inferior ou superior ao estabelecido nos números anteriores carece de autorização dos serviços do Ministério da Educação e Ciência territorialmente competentes, mediante análise de proposta fundamentada do diretor do agrupamento de escolas ou escola não agrupada, ouvido o conselho pedagógico.

Temos conhecimento de que foi emitida, no dia 17 de julho uma recomendação (n.º 4502) às Direcções Regionais (DREN;DREC;DREL; DREALENTEJO, DREALG) com carácter de urgência, para que autorizem a abertura de turmas das disciplinas de opção do 10.º e 11.º anos (com referência específica ao Latim e ao Grego) com número inferior a 20 alunos.

Essa possibilidade já se encontrava prevista no despacho 5106-A/2012 de 12 de abril no ponto 5.13, mas há Direções de escolas que, no momento de programar o número e tipo de turmas para o próximo ano letivo e da consequente afetação de recursos docentes para a sua lecionação, ignoram este ponto e não são suficientemente esclarecidas pelas Direções regionais ou outros organismos de tutela.

Devem os professores, as famílias e os alunos interessados na frequência destas disciplinas insistir pelo seu cumprimento, pois há base legal para pedir autorização de abertura de turmas de Latim ou Grego com menos de 20 alunos.

O pedido de autorização pode ser fundamentado com argumentos como, por exemplo, a escola ter professor habilitado para lecionar essas disciplinas (professores do grupo 300 e 310, ou seja, professores com formação base em Português ou Português Latim e Grego); e, sobretudo, o facto de não haver, num limite geográfico razoável para as famílias, escolas que disponham dessa oferta.

Estamos disponíveis para esclarecer os colegas que nos quiserem contactar.

Coimbra, 20 de Julho de 2012

Paula Barata Dias

(Presidente da Associação Portuguesa de Estudos Clássicos)

A arte do bitaite rigoroso

A imprensa e a blogosfera destacaram do debate parlamentar de ontem da comissão de educação, ciência e cultura, a tirada do ministro onde garantia que o MEC “estava a trabalhar para fazer, ainda este ano, uma vinculação extraordinária de professores contratados”. Num passe de magia, o ministro saca da manga a carta que deixaria desarmada a oposição e entreteria a comunicação social durante algum tempo, como se veio a verificar pelas manchetes da imprensa escrita de hoje.

Quando todas as movimentações de organização do ano letivo vão no sentido de aumentar a precariedade dos professores, o ministro acena com a possibilidade de engrossar a lista dos horários zero nas escolas. Ficou evidente que Nuno Crato aprendeu depressa as regras do jogo demagógico parlamentar, só que o debate de ontem revelou talvez a sua maior fragilidade política: a ausência de transparência pela ocultação da verdade. Sendo esta caraterística porventura inócua num político vulgar saído do anonimato, Nuno Crato comentador da coisa educativa fez assentar todo o seu discurso no jargão do rigor. Nuno Crato não podia ter fugido, como o fez repetidamente face às constantes interpelações da oposição, à revelação dos números de professores com horário zero que foram introduzidos nas plataforma informática pelos diretores das escolas. Este foi, a meu ver, o único facto político do debate parlamentar de ontem: a ocultação da verdade e, atente-se ao paradoxo, o medo dos números.

Confrangedor

Estou a assistir ao debate da comissão de educação, ciência e cultura. Para já anoto uma falta de comparência: a do CDS. Vi, é verdade, um deputado a balbuciar um introito impercetível. Olhei a sua ficha biográfica que retirei da página da assembleia da república. Tenho a resposta: é um  estudante profissional, que parece tão preparado para debater as questões educativas como o alcoólico está preparado para discutir os problemas de cirrose hepática.

Espero encontrar as imagens na net porque, confesso, não fui capaz de discriminar o mínimo de coerência no seu discurso.

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Está a acabar a primeira ronda de intervenções e Nuno Crato insiste no jargão da gestão racional dos recursos enquanto a oposição espera, e desespera.

 Um fiasco! Vai falar a Ana Drago…

Um estudo com dedicatória especial para Nuno Crato

Mais de metade dos portugueses com mais de 15 anos são inactivos

Em Portugal, 51% das pessoas com mais de 15 anos (homens e mulheres) não cumprem os critérios de actividade física recomendada pelos especialistas, segundo a revista científica The Lancet, que divulgou ontem uma série de trabalhos sobre a actividade física em todo o mundo.

O bom samaritano…

Detesto unanimismos mas, reconheçamos: Nuno Crato teve o mérito de superar a sua antecessora por ter provocado um elevado consenso entre classe docente contra a sua reformazinha num tempo recorde – e bastou apenas um ano.

Isto só foi possível porque Nuno Crato adoptou uma política rigorosa de degradação da escola pública (assente em dois pilares: 1º empobrecimento/afunilamento curricular; 2º redução de meios e das condições da oferta do serviço educativo – mega agrupamentos, aumento de alunos por turma e intensificação do trabalho docente) e a bazófia demagógica do bom samaritano.

Como diz o Antero: “ele é um homem que enfrenta a questões de frente”.

Por que vale a pena lutar?

Michael Fullan e Andy Hargreaves, fizeram publicar em 1991, no Canadá, um texto que ainda considero atual. Por que vale a pena lutar? aclara o modo como podemos transformar as escolas em lugares atrativos  e gratificantes e aborda as formas de introduzir alterações significativas  na vida quotidiana e na experiência de cada vez mais docentes, diretores de escolas e alunos.

Havia muito a dizer sobre o livro e, fundamentalmente, sobre as questões que ele suscita. Quem o leu sabe bem do que falo e para quem não o leu aconselho vivamente a leitura, até porque não pretendo reduzir e empobrecer o seu conteúdo a meia dúzia de linhas soltas.

Hoje, as circunstâncias que marcam o nosso quotidiano são extremamente conflituantes e potencialmente tensas. Há dois tipos de exaustão que, nas palavras dos autores, provoca efeitos opostos nos professores: o primeiro decorre das batalhas solitárias, dos esforços não reconhecidos, da perda de terreno e de um sentimento crescente e corrosivo de impotência; o outro tem a ver com aquela espécie de cansaço total que acompanha o trabalho duro enquanto membro de uma equipa, um reconhecimento crescente de que se está envolvido numa luta que vale a pena travar e de que aquilo que se está a fazer tem um efeito crítico junto de uma criança ou de um colega desanimado. Com o tempo, o primeiro tipo de exaustão faz sentir os seus efeitos sobre a motivação do docente mais entusiasta; o segundo tem a sua própria reserva interna que nos permite recuperar após uma boa noite de sono. Na realidade o primeiro tipo provoca ansiedade e insónias, enquanto o segundo induz o descanso e a regeneração das energias.

Pergunta retórica: será o nosso dispêndio de esforço inglório ou vantajoso?

Dependerá de cada um de nós, embora a solução não dependa exclusivamente de nós. São os indivíduos e pequenos grupos de professores e de diretores que terão de criar as culturas profissionais que desejam.

Ora, quem lê criticamente as caixas de comentários dos blogues mais frequentados, quem for capaz de observar com distanciamento as lutas inter geracionais de docentes de teor autofágico, percebe que nós temos a solução, que nós somos a solução!

Sem esta consciência de classe, sem entendermos que este é o ponto de partida, não há plano de ação que nos valha, por mais assertivo que ele nos pareça.

Reedição

 

De que modo o “eduquês” ampara o “anti-eduquês” Nuno Crato?

29/06/2011 by  | 1 Comment

Quem lê e acompanha a blogosfera docente notou o efeito Nuno Crato sobre as expectativas dos professores. Ao eleger a purificação do ME como alvo da sua acção retórica em período pré-eleitoral, rapidamente granjeou apoios dos professores ostracizados pelas políticas dos anteriores governos. Esse capital de confiança não foi sustentado pelas ideias que defendia de forma avulsa, digo eu, ou sobre o modo como a retórica do rigor se materializava na acção política. A partilha efémera do alvo de contestação foi o denominador comum entre Nuno Crato e um conjunto alargado de professores, entre os quais não me incluo como têm notado alguns comentadores. Mas da divinização do investigador à demonização do político foi um passo muito curto e bastou apenas saber que o programa de governo omitia a trucidação do modelo de ADD socratino. Atentem como as medidas que se preconizam no programa de governo foram subalternizadas face ao modo como Nuno Crato vai resolver o problema da ADD. Reformar significa precisamente o quê?

Ora, o nó górdio da credibilidade de Nuno Crato decide-se no sentido que atribuir ao vocábulo “Reforma”. Se reformar significa destruir o anterior modelo e começar de novo, Nuno Crato retoma o capital de confiança perdido; se reformar significa recompor o anterior modelo, Nuno Crato entrará no quadro de mérito da equipa socratina que tão boas memórias nos deixou.

O paradoxo é que só o modo eduquês de resolver os problemas poderá salvar Nuno Crato do descrédito. Se não fosse trágico, pelo desgaste que provoca, até daria para rir.

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PS (salvo-seja): Este eduquês a que me refiro deve ser entendido no sentido que lhe é atribuído por Licínio Lima: um discurso educacional de senso comum, de estilo palavroso e vazio. A Reforma da ADD do PSD ajusta-se perfeitamente a este conceito.

Tomada de Posição dos Professores da Faculdade de Medicina de Coimbra – Educação Física

Exm° Senhor

Ministro da Educação e Ciência,

Prof. Doutor Nuno Crato

O documento “Matrizes Curriculares dos Ensinos Básicos e Secundário” merece-nos uma reflexão no que diz respeito à disciplina de Educação Física, por ser uma disciplina que ao promover a prática regular de atividade física, promove a saúde e a qualidade de vida. O sedentarismo é uma condição indesejável e representa um risco acrescido para várias patologias. Estudos epidemiológicos bem desenhados têm demonstrando, de uma forma muito expressiva e inequívoca, a associação entre um estilo de vida ativo e uma menor morbilidade e mortalidade por diminuir os fatores de risco associados a doenças crónicas, sejam cardiovasculares, metabólicas ou degenerativas e, inclusive, do foro psicológico e psiquiátrico.

São vários os benefícios que o exercício físico promove, contrariando as chamadas doenças da civilização como a obesidade, a diabetes mellitus, a depressão, as doenças cardiovasculares isquémicas e o cancro, que são na realidade as epidemias do século XXI. Também numa sociedade em que a esperança de vida aumentou, o exercício físico é fundamental para um envelhecimento saudável, designadamente para que curse sem incapacidade física e mental.

As ações governamentais deverão ter em conta que a promoção da saúde, na qual se inclui o combate ao sedentarismo, deverá começar cedo sendo a escola um lugar privilegiado para valorizar as atitudes e incutir hábitos de vida saudável que irão nortear o indivíduo ao longo da vida.

Promover a atividade física nas escolas é, pois, contribuir para uma sociedade mais saudável e, por conseguinte, ter uma saúde mais custo-efetiva no futuro. A promoção da atividade física permitirá ao Estado poupar significativamente gastos na Saúde. Nós, professores da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra envolvidos no ensino e promoção de estilos de vida saudáveis onde se enquadra a atividade física, pedimos a Vossa Excelência que se reconsidere pelas razões expostas o documento “Matrizes Curriculares dos Ensinos Básicos e Secundário”.

Coimbra, 10 de Julho de 2012

 Prof. Doutor Carlos A. Fontes Ribeiro

 Profª Doutora Anabela Mota Pinto

 Prof. Doutor Manuel Teixeira Veríssimo

 Prof. Doutor João Páscoa Pinheiro

Desmitificando os exames

Um estudo CIENTÍFICO (senhor ministro Crato) da Universidade do Porto vem revelar algo que por aqui se vai dizendo insistentemente em contra corrente blogoEsférica:

– Os exames não separam o trigo do joio – médias excelentes no secundário não garantem percursos de excelência no ensino superior; assim como médias de 13 e 14 no secundário não obstam percursos de excelência no ensino superior;

– As situações de avaliação do ensino superior são muito diferentes das que são colocadas nos exames nacionais requerendo capacidades que não são estimuladas com o treino para os exames nacionais;

– Os alunos do ensino público têm um grau de autonomia maior… ;

– As escolas privadas treinam melhor os alunos para os exames;

O que me permite inferir que o sistema de seleção dos alunos para o ensino superior, tão influenciado pelos resultados em exames nacionais, é iníquo e prejudica fundamentalmente os alunos do ensino público.

Necrófagos

Passos Coelho alerta para possibilidade de cortes na Saúde e na Educação

Não corro o risco de influenciar positiva ou negativamente a gentalha que persuade a governança a atacar a escola pública, porque este blogue é muito bem frequentado – perdoem-me a imodéstia.

Quando li a notícia, a primeira coisa que me ocorreu foi o artigo 79º do ECD, com tudo o que isso implica ao nível da intensificação do trabalho docente e a dispensabilidade de milhares de professores.

A reformazinha…

Nuno Crato não aprendeu nada com o passado. Corroboro a ideia de que o espírito reformista que o anima emerge da necessidade de mostrar serviço, de deixar uma marca. Mas bastava ter acompanhado os anos de governação de MLRodrigues para compreender que nenhuma reforma na educação será consequente e sustentada no tempo sem envolver os professores, sem mobilizar o país. Com todas as falhas e reversos, a reforma de 86 foi, muito provavelmente, aquela que mais resistiu no tempo, porque foi pensada e concebida com um enorme envolvimento social. Nuno Crato, tal como MLRodrigues, abriga-se na maioria parlamentar para impor a sua reformazinha, que durará apenas o tempo que durar o seu governo. E pelo andar da carruagem, durará muito pouco! A reformazinha de Nuno Crato durará apenas uma legislatura.

A palavra de ordem é resistir: Sobreviver no sistema de ensino sem definhar, sem recaídas e sem perder o discernimento.

Vamos para a rua protestar! Há que mitigar a alma… No dia 12, em Lisboa…

Isto vai lá com reforço da carga horária.

hummm… com mais 4 blocos semanais a Língua Portuguesa e mais 6 blocos a Matemática. E não falta por onde cortar…

A média nacional dos exames de Matemática no 9.ºano foi negativa (44,4%) e a de Língua Portuguesa ficou-se pelos 51,4% em 2010/2011, segundo o relatório publicado esta sexta-feira pelo Gabinete de Avaliação Educacional.

E o mais grave disto tudo é que ainda há quem leve isto a sério!

Nem ao diabo lembra…

2 — No 1.º ciclo do ensino básico, a informação resultante da avaliação sumativa interna materializa -se de forma descritiva em todas as áreas curriculares, com exceção das disciplinas de Língua Portuguesa e de Matemática no 4.º ano de escolaridade, a qual se expressa numa escala de 1 a 5. (DL-139-2012)

Não é ironia, é mesmo ignorância. Ajudem-me, se souberem: por que razão as disciplinas de Língua Portuguesa e de Matemática, no 4.º ano de escolaridade, a qual se expressa numa escala de 1 a 5, têm um regime de exceção?

Carta PESSOAL do Presidente da APEF – Foztejo ao Ministro da Educação e Ciência

Exmº Sr Ministro da Educação e Ciência

A Luta pela posse de uma Bola

Pensei traduzir a minha indignação, relativamente à alteração curricular que Vª Exª propõe, mas confesso que a emoção foi tal que tive de esperar algum tempo para, após fazer algumas inspirações com profundidade, saber como o havia de fazer.

Imagine que tenho um filho, ou Vª Exª tem um filho por exemplo, e questiono-me como é que o devo educar. Naturalmente, a minha preocupação começa por contextualizar um desenvolvimento infantil baseado numa boa alimentação e no conforto de um envolvimento afectivo familiar (preferencialmente, no mínimo Pai e Mãe). Eu percebo e sei, que tal não é possível para todas as pessoas. Uns porque têm que bulir, sujeitos às necessidades de sobrevivência, outros porque colocam a sua carreira profissional à frente de tudo, primeiro a carreira depois os filhos e ainda outros por ganância de dinheiro ou de poder, aspectos essenciais para lhes alimentar o ego. Encostam-se aqui e ali, juntando-se a outros com os mesmos objectivos e vão constituindo “lobbies” de poder. Ora bem, todos sabemos que, nos primeiros anos de vida, é fundamental e importante garantir à criança um desenvolvimento equilibrado. Não é necessário tirar uma licenciatura nos EUA. Qualquer Faculdade, mesmo essas muitas dezenas instaladas há uns anos atrás, sabe-se lá com que objectivo, explicam isso. Penso que o referido objectivo foi para valorizar o ensino e a formação das populações, ou de alguma população. O crescimento deve acompanhar um bom desenvolvimento. A qualidade dos estímulos a que sujeitamos a criança é fundamental. O crescimento é-nos garantido por condições saudáveis de vida. Se a genética não nos pregar nenhuma partida, uma boa alimentação, afecto, equilibrado, e um funcional enquadramento familiar, multidisciplinar, social e cultural, são aspectos fundamentais a considerar. Podemo-nos questionar o que é um bom desenvolvimento. Este baseia-se, naturalmente, na particularidade dos estímulos. Começa aqui a nossa discordância. Apercebo-me que para si, os factores cognitivos são os essenciais. Vª Exª é um homem do pensamento. Do pensamento abstracto. Da criatividade, do intelecto. Como se isso fosse um exclusivo da teoria. Esquece aspectos endógenos como os idiossincrásicos. Vª Exª está a ver!? Não pode, nem deve, ignorar o corpo. É ele que o acompanha desde o primeiro dia. Aquele que quando não está bem, transmite sintomas que o fazem, preocupado ou assustado, recorrer ao médico. Aquele que irá ficar consigo até aos seus últimos dias, quer saiba muita matemática, muitas línguas ou não. Isto é, independentemente, das suas potencialidades intelectuais, das suas competências, dos seus conhecimentos, tem que carregar com ele. Estamos perante uma realidade universal. Aquele corpo onde se dão as reacções químicas que sustentam a vida. Sim, porque é da vida que estamos a versar. Aquele corpo que o olha reflectido no espelho. Que lhe alimenta o ego. Que fomenta a vaidade. Que expõe o narcisismo que há dentro de cada um. Que na intimidade promove um diálogo permanente, nem sempre pacífico, com o espírito. Como nos diz André Giordan “O meu corpo, a primeira maravilha do mundo”. Vª Exª vê, já estamos a misturar as coisas. Coisas do corpo, da sua química e coisas da psique, do pensamento. Pois é, eu cá no velho e histórico Portugal, estudei que nós somos uma unidade. Nos EUA não sei, nunca lá fui. Daí que eu conceba um desenvolvimento harmonioso, nomeadamente na população infanto-juvenil, considerando essencialmente, a unidade das áreas, da relação afectiva, cognitiva e motora. Não é por acaso, que por exemplo, a (OMS – Organização Mundial de Saúde), no combate ao sedentarismo, propõe um reforço da actividade física na formação geral nos currículos académicos. Desculpe Vª Exª a audácia e o confronto. Não quero ferir susceptibilidades nem sensibilidades. Parece-me que estamos a amarrar os miúdos às carteiras, com a ergonomia que se lhe reconhece, (muitos miúdos, devido aos “trocos”) e dar-lhes mais do mesmo, conceitos, fundamentalmente teóricos, independentemente dos ritmos de aprendizagem e dos níveis de concentração, até eles se saturarem… ou adormecerem. Atrás do bocejo, vem sonolência, a desconcentração, promovendo assim o abandono. Desculpe, Vª Exª., mas não previu sequer no tempo de aula curricular o tempo para os sentar (aos trinta). Desculpe… é o meu sentido pragmático de analisar as coisas. Não ligue. Sabe, Vª EXª, desde Abril de 74 já tivemos, sentados no seu cadeirão, alguns trinta e quatro ministros, e todos a pôr a mão na legislação. Não hão-de os professores a estar confundidos e, naturalmente a cair na psiquiatria. Voltemos ao hipotético filho.

Ora, a criança expressa-se e desenvolve-se significativamente, na sua unidade, pelo movimento. Sobe, desce, empurra, salta, cai, corre, atira, agarra, equilibra-se, etc.. Atenção, não nos vamos esquecer aqui, dos protegidos, dos “arrumadinhos” que estão sempre fechados e privados, não só do convívio em interacção com o outro, mas também, de se exporem e expressarem através de actividades práticas promotoras de desenvolvimento activo. Está a ver Vª Exª como se começam a imprimir modelos de vida, virados para a actividade ou para o sedentarismo. Isto numa fase do desenvolvimento de significativa dependência. Ora, como parece que somos seres inteligentes, é fácil perceber o que é mais saudável. Não nos podemos esquecer que aquelas crianças que estão fechadas, a família mais próxima que têm é, normalmente, a televisão, com os seus efeitos subliminares neuromusculares (Derrick de Kerckhove, em “A pele da cultura”, estuda isto), depois a televisão e as playstation e, mais tarde, a televisão, as playstation e os computadores. Digo família porque eles passam mais tempo sossegadinhos com estes aparelhos, do que com qualquer elemento da família. Certos pais dizem com orgulho que “_ O meu menino não quer sair de casa” (“está domesticado”). Quando eles vivem a complexa ruptura do abandono da infância, na adolescência, os pais dizem-nos, “_Gostava que ele praticasse algum desporto, mas ele não quer. Não sei o que hei-de fazer dele.” Desde cedo é a publicidade através de filmes coloridos, bem musicados, movimentados, curtos, variados e com a promessa de uma oferta, a estimular o imaginário (e o consumo), que prende os mais novos. As mamãs para eles estarem mais sossegadinhos ainda, até os põem em frente à televisão. Não sei, na minha ignorância, até que ponto começam aqui a ficar referenciados os níveis de concentração das crianças. Os rapazes do Marketing sabem isso e agradecem. É necessário segurar estes potenciais consumidores. Depois da fase publicitária proporcionam-lhes o convívio com desenhos animados. Estes, os desenhos animados, vão acompanhá-los, alternando com os jogos informáticos, até à idade adulta, e continuam no decorrer desta. Pois, diariamente, podemos usufruir de desenhos animados e jogos para adultos. Começa-se com “A Branca de neve e os sete anões” e viaja-se até aos “Simpsons” ou “Family Guy”. Enfim há que infantilizar. Quanto mais infantis, quanto menos crescerem, mais condicionados às referências dos primeiros anos e mais consumistas. Talvez seja oportuna uma leitura a “Consumed – How markets corrupt children, infantilize adults, and swallow citizens whole” de Benjamin R. Barber. Isto claro para ler nas férias numa esplanada à beira mar. Até está em versão “amaricano”. Chomsky chama-lhe «a fabricação do consentimento». Temos ainda aqueles pais, que para compensarem a sua ausência familiar reforçam esta situação com ofertas destes equipamentos. E… atenção, quanto mais caro melhor. Mais compensações afectivas. Mais ganhos afectivos. Julgam eles. Estou a lembrar-me, o que lhe recomendo, do filme português “Adeus Pai”. E eu penso, tenho que libertar o meu filho desta imposição, deste padrão de vida implantado, desta formatação de sujeito. Exmº Sr Ministro veja bem a aberração que não é, darmos a liberdade de movimento que a idade infantil sugere e impõe, potencializar esta motivação que a criança tem para brincar, interagir, explorar e descobrir. Veja bem a aberração que é estruturar situações práticas, com segurança, no contexto da aula, situações estas de grande envolvimento, onde o corpo, na sua unidade, é o objecto de aprendizagem. Promover actividade física com significado. Desafiando a criança a novas aquisições. De superação individual. Com esforço. Atenção, digo com esforço físico e intelectual. Em grupo, onde a criança se expõe e interage, adquirindo novas amizades e, simultaneamente, evoluindo da dependência para a independência. Aprende a confrontar os amigos na posição de adversários e a aceitar isso como natural. É aqui que se promovem correctas atitudes e aquisição de valores, de compromisso e de dever, de obrigação e de reforço das atitudes volitivas. Será isto socialização, prática, experimentada e vivida? Palermices, não ligue. Não terão os pais, os encarregados de educação e a sociedade, o compromisso de proteger e defender a formação e o desenvolvimento multifacetado da personalidade das suas crianças? Estamos perante uma proposta cultural de desenvolvimento, de complexidade progressiva, baseada em acções motoras fundamentais, tal como prevêm e sugerem os PROGRAMAS de EDUCAÇÃO FÍSICA. Sim, porque existem os programas. Aprovados pelo Ministério e concebidos para determinada carga horária semanal. Talvez o Exmº Sr Ministro ignore a sua existência, ou não queira olhar porque o fundamental agora sejam os tais “trocos”. Mas eles existem, há já largos anos, organizados por objectivos gerais e específicos, considerando as capacidades, as atitudes e valores e, ainda imagine, as competências. Veja só, já enquadrava as capacidades de realização por integração de competências. Como Vª Exª pode verificar trata-se dum conjunto de asneiras, mas existem uns visionários, inteligentes, que se propõem já tratar desta situação, rever os currículos e ignorar isto da Educação Física, senão os miúdos não aprendem a contar, escrever e a ler e, ainda assim, podem-se poupar as referidas “massas”. É aqui que lamentavelmente, nutro alguma tristeza pelo significativo esforço, em vão, de alguns intelectuais, nomeadamente Fernando Savater, Edgar Morin, e quantos outros.

Repare Vª Exª que os programas se enquadram numa lógica de verticalidade e horizontalidade, de objectivos, conteúdos e avaliação de competências, desde o Pré Primário ao Secundário. Isto está tudo bem “armadilhado”. Olhe, se Vª Exª estivesse distraído!? Veja só Vª Exª o que eles propõem ainda. Oportunistas como são, enquadrados de acordo com uma lógica cultural de desenvolvimento, e tirando partido da significativa motivação dos alunos para a prática da disciplina (não podemos ignorar a satisfação e gratificação das crianças e jovens na realização das aulas de EF) insistem em continuar a promover os tais estímulos em qualidade, aumentando assim, a rede neurónia, dado que o cérebro continua a crescer e a desenvolver-se. Já viu Vª EXª o que é sujeitar um filho a situações de confronto controlado, de interacção, de cooperação, promovendo o espírito de grupo e equipa? Está mal!? E depois obrigar os miúdos a respeitarem-se, a respeitarem os outros quer como colegas de equipa, quer como adversários, a respeitar o Professor (a instituição), a respeitar as regras e normas? Está mal!? Sujeitar os miúdos a situações de superação individual, a aprender a lidar com a frustração, a promover o espírito de sacrifício, a consolidar aprendizagens e evoluir para novas aprendizagens? Ensiná-los a lutar pelos seus objectivos, de acordo com os objectivos propostos para aquisição de novas competências, cada vez mais exigentes e complexas? Ensiná-los a exporem-se na tentativa de execuções nas situações de aprendizagem, a reforçarem a sua inclusão, a admitirem o erro como um desafio para novas superações, a envolverem-se na estratégia de grupo, a desenvolverem o sentido crítico perante as estratégias utilizadas?

A luta pela posse de uma bola.

Mas, depois, temos o problema deles suarem. Pois é, já me esquecia desse pormenor. Tudo isto está mal!? Eles escolhem, gritam, riem-se, choram, abraçam-se e, veja Vª Exª, que até se emocionam! Emoção. Quantas aulas de outras disciplinas a promovem?? Eu sei que isto não acontece na matemática ou no Português. Não há cá “abraçinhos“ nem as típicas manifestações “Olé, Olé, Olá” quando acertam um problema. Mas um golo, um cesto, merece individual e colectivamente a emoção do grupo. E, para chegar lá, o cérebro tem que pensar, rápido, em pressão, como deve executar ou como deve movimentar-se no espaço perante os outros, equipa e adversários, de acordo com a actividade padronizada proposta, para ser eficaz. E isto vale a emoção dum abraço, que alimenta a unidade do grupo, quer no contexto de aula, quer fora do contexto de aula. Promove ainda um clima escolar facilitador das aprendizagens e, consequentemente, evita o abandono escolar. Já viu Vª Exª, o micro social, grupos, equipas, regras, normas, árbitros, disciplina, luta, empenho, esforço, estratégia, compromisso que um simples jogo representa em termos de amostra para o macro social? Com a vantagem de não ser simulado, é mesmo vivido e integrado. Repare Vª Exª, a aula acabou, eles dizem “_Já!? Oh professor, deixe-nos ficar mais um pouco”. Repare Vª Exª, no recreio eles correm todos para a biblioteca para fazer exercícios de matemática e estudar outros conteúdos. Vá Vª Exª a uma escola e veja por si. São os jogos que os motivam. Estão a treinar. A repetir os conteúdos de EF. Vª Exª já experimentou ler as observações dos alunos nos relatórios das avaliações das escolas? Para muitos é a Educação Física (EF) e o Desporto Escolar (DE) que os leva à escola.

Vou segredar a Vª Exª uma questão curiosa: No primeiro dia de aulas depois das habituais apresentações. Proponho um jogo e, disfarçadamente, observo-os. Depois vejo, quem tem hábitos desportivos e executa com alguma qualidade, quem se empenha, quem se retrai, quem tem medo, quem evita expor-se, quem é egoísta, individualista, quem se expõe demasiado, quem é disciplinado, quem, embora sem grandes técnicas, é lutador tenta superar-se, quem é extrovertido, quem é introvertido. A esta observação acrescento uma leitura da ficha biográfica dos alunos (pais, mães, profissões, empregos, irmãos) e tenho a turma retratada em pouco tempo. Tudo porque a Educação Física tem a particularidade prática de envolver significativamente, os miúdos, alunos, nas actividades solicitadas. Aqui não estão a olhar para o professor ou para o quadro fingindo que estão concentrados e estão com o pensamento distante. Aqui o empenho só pode ser de envolvimento e entrega às situações de aprendizagem. Exmº Sr. Ministro, depois de tudo isto diz-nos que a nota vai deixar de contar para a média no Secundário!!?? Então eu estou motivado, esforço-me e depois não conta? Ainda assim, com médias de sucesso elevadas em Educação Física, dada a motivação e empenho dos alunos. Está a prejudicar a grande maioria dos alunos e a esvaziar e ignorar os compromissos empenhados destes ao longo dos anos. Está a ver Vª Exª a injustiça e revolta que está a promover? Tem razão, Vª Exª é Ministro, logo, tem razão. É evidente, que isto é tudo treta! Vª Exª, não acredite em nada disto. Até aqueles sujeitos daquela organização da saúde (OMS), também estão metidos nisto. Veja só que querem que a actividade física seja diária, como forma de prevenir a doença e promover a saúde. Mas, nós estamos protegidos por pessoas inteligentes do Ministério da Educação. Basta uns minutos por semana de brincadeira e aí estão os hábitos saudáveis de vida implantados, para toda a vida do cidadão, sem promoverem despesas a médio e longo prazo na área da saúde. E depois, o que é isso da prevenção da obesidade infanto-juvenil, diabetes, hipertensão, do reforço da estrutura osteomuscular, da coordenação motora, da estabilidade psicológica, do aumento da auto estima, etc.. Tudo tretas!

Exmº Sr Ministro da Educação não vou alongar mais este resumo. Vª. Exª dá ares de inteligente, prove-o, reflicta nesta situação e reconheça que as coisas não estão bem decididas. Todos nós erramos e por vezes até somos ultrapassados por certas contingências, mas por favor, não estrague! Compreenda o significado da luta pela posse de uma Bola.

Romão G Antunes

(Presidente da Direcção da APEF-Foztejo, Associação de Profissionais de Educação Física dos Concelhos do Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete)

Beija-mão

Como revela a página do governo, hoje tomam posse as comissões administrativas provisórias dos novos agrupamentos de escolas – que derivam de um processo de nomeações cujos critérios se desconhecem, o que reforça um conceito de transparência típico de organizações autocráticas – com a presença do Secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar, João Casanova de Almeida.

O beija-mão está tão entranhado na lógica governativa que os escrivas do regime, por preguiça ou por incompetência, nem se dão ao trabalho de ler o diploma que eles próprios conceberam e que regulamenta os ajuntamentos de escolas.

Lê-se na página do governo que “Para além da nomeação das CAP, é também nomeado um conselho geral provisório.” Errado! A não ser que revoguem o DL  nº137/2012 dois dias depois de ser publicado. O que sendo estranho, não me admiraria nada, face ao desnorte da equipa que se propôs implodir o MEC e que vai dando mostras de que o irá fazer, de baixo para cima.

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CAPÍTULO VIII

Disposições finais

Artigo 60.º

Conselho geral transitório

4 — A forma de designação e eleição dos membros do conselho geral transitório é a prevista nos artigos 14.º e 15.º, utilizando -se, em termos processuais, o regime previsto no regulamento interno da escola não agrupada ou do agrupamento a que pertencia a escola sede da nova unidade orgânica.

Artigo 14.º

Designação de representantes

1 — Os representantes do pessoal docente são eleitos por todos os docentes e formadores em exercício de funções no agrupamento de escolas ou escola não agrupada.

2 — Os representantes dos alunos e do pessoal não docente são eleitos separadamente pelos respetivos corpos, nos termos definidos no regulamento interno.

3 — Os representantes dos pais e encarregados de educação são eleitos em assembleia geral de pais e encarregados de educação do agrupamento de escolas ou escola não agrupada, sob proposta das respetivas organizações representativas, e, na falta das mesmas, nos termos a definir no regulamento interno.

4 — Os representantes do município são designados pela câmara municipal, podendo esta delegar tal competência nas juntas de freguesia.

5 — Os representantes da comunidade local, quando se trate de individualidades ou representantes de atividades de caráter económico, social, cultural e científico, são cooptados pelos demais membros nos termos do regulamento interno.

6 — Os representantes da comunidade local, quando se trate de representantes de instituições ou organizações são indicados pelas mesmas nos termos do regulamento interno.

Artigo 15.º

Eleições

1 — Os representantes referidos no n.º 1 do artigo anterior candidatam -se à eleição, apresentando -se em listas separadas.

2 — As listas devem conter a indicação dos candidatos a membros efetivos, em número igual ao dos respetivos representantes no conselho geral, bem como dos candidatos a membros suplentes.

3 — As listas do pessoal docente devem assegurar, sempre que possível, a representação dos diferentes níveis e ciclos de ensino, nos termos definidos no regulamento interno.

4 — A conversão dos votos em mandatos faz -se de acordo com o método de representação proporcional da média mais alta de Hondt.

Tiro o meu chapéu ao grupo parlamentar do PCP porque…

… Recomenda ao Governo a manutenção da carga letiva da disciplina de Educação Física no currículo do 3º ciclo do ensino básico e do ensino secundário e a valorização do desporto escolar.

A Constituição da República Portuguesa (CRP) consagra no seu artigo 70.º que “Os jovens gozam de proteção especial para a efetivação dos seus direitos (…) nomeadamente na educação física e no desporto”; no artigo 73.º da CRP que “todos têm direito à educação e à cultura” e que para tal “o Estado promove a democratização da educação e as demais condições para que a educação, realizada através da escola e de outros meios formativos”, e também no artigo 79.º que “todos têm direito à cultura física e ao desporto” incumbindo ao Estado “em colaboração com as escolas promover, estimular, orientar e apoiar a prática e a difusão da cultura física e do desporto”.

No mesmo sentido a Lei de Bases do Sistema Educativo, no nº 5 do artigo 51.º, reconhece a importância do Desporto Escolar com o qual “visa especificamente a promoção da saúde e condição física, a aquisição de hábitos e condutas motoras e o entendimento do desporto como fator de cultura (…) salvaguardando-se a orientação por profissionais qualificados”.

O Decreto-Lei n.º 95/91, de 26 de Fevereiro, define como objetivos da Educação Física e Desporto Escolar a “formação integral dos alunos na diversidade dos seus componentes biofisiológicos, sociais e axiológicos, através do aperfeiçoamento das suas aptidões sensoriomotoras, da aquisição saudável da condição física e do desenvolvimento correlativo da personalidade nos planos emocional, cognitivo, estético, social e moral”, e a “prática de atividades corporais, lúdicas e desportivas”. A Educação Física e o Desporto Escolar desempenham ainda um papel fundamental na “ integração e na reabilitação de alunos portadores de deficiências e de necessidades educativas especiais”.

Entendemos por isso que é determinante fazer cumprir o papel da escola pública de qualidade, através da garantia das condições materiais e humanas necessárias e do elevado nível de enquadramento técnico-pedagógico para cumprir o imperativo constitucional de efetivação dos direitos sociais e culturais na educação física e no desporto de crianças e jovens.

A Educação Física e o Desporto Escolar assumem um papel central na garantia da formação da cultura integral do individuo, bem como em dimensões de projetos de combate ao abandono e ao insucesso escolar. O Desporto Escolar abrange largos milhares de alunos, que na sua esmagadora maioria têm nesta atividade a sua única oportunidade de prática desportiva formal e gratuita.

A disciplina de Educação Física assegura a milhares de crianças e jovens uma primeira experiência planificada e sustentada com a atividade física regular nas suas múltiplas dimensões, lúdica e formativa. Aliás, vários estudos científicos justificam mesmo que a prática regular e contínua do exercício físico nos jovens é fator determinante para o aumento do sucesso escolar.

Assim, nos termos e ao abrigo da alínea b) do artigo 156.º da Constituição e da alínea b) do n.º 1 do artigo 4.º do Regimento da Assembleia da República, os Deputados abaixo assinados do Grupo Parlamentar do PCP, apresentam o seguinte Projeto de Resolução:

A Assembleia da República resolve, nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição da República Portuguesa, recomendar ao Governo que:

– Suspenda imediatamente as matrizes curriculares definidas pelo Ministério da Educação e Ciência e enviadas às escolas, alterando correspondentemente o Despacho Normativo n.º 13-A/2012, de 5 de Junho;

– Mantenha a carga horária da disciplina de Educação Física e incremente a disponibilidade de componente de horário de professores prevista para o Desporto Escolar, afeta à componente letiva;

– Considere que a disciplina de Educação Física deve continuar a ser considerada como disciplina a integrar as médias globais do aluno;

– Valorize a Educação Física e o Desporto Escolar, garantindo a sua universalização e a existência de meios materiais e infraestruturas em todas as escolas adequadas aos currículos de Educação Física, assegurando que nenhuma modalidade programática deixa de ser lecionada com a dignidade merecida;

– Que alargue a componente letiva do horário de professor e créditos das escolas para Desporto Escolar e assegure o pagamento das despesas inerentes à realização de atividades e deslocações no âmbito do Desporto Escolar.

 

Assembleia da República, 28 de Junho de 2012

Os Deputados,

RITA RATO; MIGUEL TIAGO; JOÃO OLIVEIRA; JERÓNIMO DE SOUSA; BRUNO DIAS; JORGE MACHADO; BERNARDINO SOARES; JOÃO RAMOS; HONÓRIO NOVO; ANTÓNIO FILIPE