O caldo de cultura que levou o Trump…

… ao poder está aí e veio para ficar, temo eu.
É o mesmo caldinho que leva toda esta multidão ao aeroporto de Lisboa para receber os jogadores da seleção nacional, depois de uma sofrível prestação no campeonato do mundo.
Se são assim tão nacionalistas ao ponto de se deixarem extasiar pela presença de um símbolo nacional, por que motivo se calam quando as várias instâncias europeias colocam em causa a nossa soberania e nos colocam entre a espada e a parede.
Pensaria eu que tanto fervor patriótico os levassem a escolher a espada, quando está em jogo um dos valores mais altos da nossa democracia: a Liberdade!
Carneirada!

Carta aberta aos professores portugueses que usam as redes sociais, mas em formato minimalista.

Caros colegas.

É aviltante assistir aqui e noutros lugares onde se noticia o diferendo entre professores e o ME ao achincalhar da profissão docente. Estes ataques são, em regra, perpetrados por avençados mais ou menos camuflados de professores. Não interessa agora saber quem paga e porquê. Os motivos são óbvios e fizeram escola no tempo de Maria de Lurdes Rodrigues. Noto com tristeza que alguns colegas, por ingenuidade ou porque ainda creem que o insulto gratuito pode ser combatido com racionalidade argumentativa, lutam desesperadamente pela defesa da honra da classe exaltando a relevância social da função docente.
Lamento muito desiludir-vos, mas o vosso esforço é inglório para este tipo de gente.
Ser professor não pode esgotar-se no saber ensinar. É preciso estar disponível para aprender e interpretar as circunstâncias que condicionam a aprendizagem. E no caso das redes sociais, face às singularidades do mundo digital, é fundamental separar o trigo do joio; reconhecer e diferenciar uma discussão séria de uma discussão estéril, de soma nula; perceber se estamos a discutir com um canalha avençado ou com um interlocutor que faz assentar as suas posições num quadro de referência diferente do nosso.
Permitam-me uma sugestão básica, mas com resultados inquestionáveis:
Mandem-nos bugiar e passem à frente!
Só para rematar, acabei de me lembrar de um slogan que vem do tempo do PREC e que se adequa perfeitamente ao tempo que vivemos hoje: Unidos venceremos!

Raiva

A minha intermitência neste blogue ocorre no preciso momento em que mais preciso dele: As notícias diárias na imprensa vão exibindo, paulatinamente, as verdadeiras intenções do governo em destruir a escola pública (como o referencial de qualidade do serviço educativo), o desinvestimento na educação, repetidas tentativas do governo em desqualificar os professores, cada vez mais reduzidos a meros operários acríticos.

O meu tempo subjetivo desviou-me deste espaço. O voluntariado a que me dediquei absorve-me completamente, guilhotinando-me outras causas.

A estória mal contada de alienar a escola pública a grupos económicos de privados, repetindo na educação o exemplo da saúde, é um atentado à inteligência de qualquer pessoa de bem. A raiva é um sentimento benigno se resultar da defesa da nossa sanidade. É o caso!

Sinto raiva! Não do Paulo Portas e da quadrilha que nos desgoverna. Desses, sinto asco! Sinto raiva daqueles colegas, professores, que conivente e acriticamente legitimam estas políticas evocando o chavão de que são todos iguais!

Vão dar banho ao cão!

O “cratês” no seu melhor…

Depois da redução da carga horária semanal da Educação Física, no caso das escolas optarem por 50 minutos letivos, da redução do tempo destinado ao desporto escolar,  há rumores de que a disciplina de Educação vai deixar de contar para a média de acesso ao ensino superior.

É bem provável que o mentor do cratês – essa ideologia anti pedagógica bolorenta – ignore os efeitos das medidas que levianamente agora implementa.

E não é por falta de avisos.

Atentem aos argumentos da CNAPEF e da SPEF:

Caros colegas,

Foi com profunda indignação e total discordância que a comunidade da Educação Física (EF) se confrontou, no passado dia 25 de maio de 2012, com o teor da matriz curricular para implementar no ano letivo 2012/13, disponibilizada no sítio da Direção Geral de Educação (DGE).

A total falta de coerência entre o conteúdo desta matriz e o do documento referente à Revisão da Estrutura Curricular que o Ministério da Educação e Ciência (MEC) apresentou como a proposta final decorrente deste processo, no dia 26 de março de 2012, ao movimento associativo de Educação Física e público em geral, só nos pode levar a concluir que se trata de um equívoco por parte do MEC, um erro que urge corrigir.

Não são minimamente sustentáveis as decisões que o documento encerra. Esta proposta de matriz promove de forma totalmente injustificada, e sem qualquer base científica, uma redução horária da única área do currículo que contribui direta e decisivamente para a saúde da população infantojuvenil portuguesa, num país que, ao nível da Europa, revela uma das mais baixas taxas de prevalência de atividade física e a segunda maior taxa de prevalência de obesidade e sobrepeso na segunda infância. Consequentemente, promove o desenvolvimento de um dos maiores flagelos do século XXI, o sedentarismo, e compromete o imprescindível desenvolvimento de hábitos de vida saudável na população portuguesa, surgindo em contraponto com uma recente resolução da Assembleia da República, que identifica exatamente este problema e reconhece a necessidade de se reforçar a atividade física da população em idade escolar.

Para além de não existirem nenhumas razões conceptuais, científicas e de natureza curricular que fundamentem a agregação da EF, Educação Visual, Tecnologias da Informação e Comunicação e Oferta de Escola numa área intitulada de Expressões e Tecnologias no 3º ciclo, é atribuído um crédito total de minutos a esta área para ser gerido no seio de cada escola, de acordo com o critério dos seus gestores. Tal aglutinação permite que possa vir a desprezar-se totalmente a carga horária que estava definida para a área curricular da EF, por ano/ciclo de escolaridade, que, já por si, era claramente insuficiente face a todas as orientações internacionais, nomeadamente europeias. No caso particular do Ensino Secundário, é proposta uma redução de trinta minutos na carga horária da disciplina de EF, o que perfaz cerca de menos 16 horas de aulas anuais, ou seja, menos cinco semanas de aulas por ano.

O que está em causa não é a atribuição de maior liberdade/autonomia às escolas na gestão das cargas horárias, com a qual, por princípio, concordamos. Contudo, jamais poderemos concordar que, para além da confusão conceptual já referida no 3º ciclo, se apresente uma matriz de forma totalmente anárquica, sem qualquer coerência, que não defina, tal como o faz para o Português,  Matemática e Educação Visual (que não são áreas curriculares, mas sim disciplinas do currículo), o tempo mínimo por semana que a área curricular de EF deve ter em cada escola, do 1º ao 12º ano. Garantido esse tempo mínimo, poderiam as escolas, mediante critérios pedagógicos com vista ao sucesso dos alunos, atribuir mais tempo a determinadas disciplinas, inclusivamente à própria EF.

Os Programas Nacionais de Educação Física e as Metas de Aprendizagem (recentemente elaboradas e daí decorrentes), cujos princípios e modelo têm a nossa total concordância(pois são totalmente fiéis às moções aprovadas pelos profissionais ao longo das duas últimas décadas), são muito claros nas orientações que definem. Foram elaborados na base do compromisso de um mínimo de 3 aulas semanais, em dias diferentes e, desejavelmente, não consecutivos, para qualquer ciclo de ensino, no sentido de garantir coerência no desenvolvimento do currículo desta área na escola sem comprometer os seus objetivos e a sua especificidade.

Passados vinte e dois anos da primeira reforma, está sobejamente comprovado que a carga e a regularidade de atividade física que qualquer criança e jovem até aos 18 anos devem desenvolver são de 60 minutos por sessão e cinco vezes por semana. Esta questão é, aliás, muito clara e encontra-se igualmente muito bem explícita, quer pela unanimidade e multiplicidade de trabalhos de investigação publicados sobre o tema, quer nas últimas orientações curriculares europeias, nas reiteradas recomendações da Organização Mundial de Saúde, pelo Parlamento Europeu, pela European Physical Education Association (EUPEA)  e pelos pareceres emitidos pelas associações representativas dos profissionais de Educação Física.

A EF é, e deverá ser sempre, uma área da formação geral, a par do Português, para todos os alunos até ao final da escolaridade, independentemente das suas vontades e vocações (como é o caso do Desporto Escolar, facultativo), organizada no maior número de aulas semanais possível, na unidade turma, segundo o seu próprio Programa, por objetivos (em termos de competências genéricas por área/ciclo e específicas por matéria/ano), estabelecendo um plano curricular do 1º ao 12º ano, de aplicação flexível e orientada para a realização dos objetivos de ciclo, para todas as escolas.

Como se as más notícias não bastassem, tivemos acesso a um projeto de diploma onde, entre outras alterações, a nota de EF no final do ensino secundário deixará de contar para a média de acesso ao ensino superior, excepto para alunos que queiram fazer prosseguimento de estudos nesta área. A confirmar-se, esta medida provocará um retrocesso tremendo na importância da EF e do seu estatuto de equidade com as suas congéneres da formação geral. A reorganização curricular do ensino básico e a reforma curricular do ensino secundário, regulamentadas pelos Decretos-Lei n.º 6/2001 e 74/2004, respectivamente, vieram como nunca reconhecer a importância da avaliação em EF como um mecanismo essencial e imprescindível de valorização e distinção do trabalho dos alunos e de desenvolvimento da própria área disciplinar, consagrando-a assim, bem como aos seus conteúdos, como uma área de carácter singular e insubstituível, com estatuto semelhante a todas as outras disciplinas do currículo nacional. A manterem-se estes critérios de acesso ao ensino superior, a atribuição de um estatuto de excepção à EF no contexto das demais disciplinas apenas poderia conduzir a situações nada desejáveis como, para além de todas as questões associadas à saúde e à educação do ser humano no âmbito das atividades físicas, prejudicar os alunos que investem nesta área disciplinar e obtêm classificações elevadas (que são a maioria), promover atitudes de pouco investimento na mesma por parte dos alunos e legitimar o estado de coisas no que diz respeito à desigualdade das condições físicas e materiais dos diferentes estabelecimentos de ensino, comprometendo de forma irremediável a educação dos alunos e o desenvolvimento da disciplina.

A acrescer aos cortes em relação à disciplina de EF, o que levou agora o MEC a cortar no tempo que cada grupo-equipa, no âmbito do Desporto Escolar, dispunha semanalmente, já de si insuficiente (Despacho normativo 13-A/2012)? Do ano letivo 2010/11 para o ano letivo 2011/12, passou-se de uma atribuição de 4 horas semanais por grupo-equipa para 3 horas (aliás, 135 minutos), e a perspetiva de aumento e garantia de oportunidade de prática desportiva na população jovem é agora reduzi-lo as umas insignificantes 2 horas (aliás, 100 minutos)?

Considerando as graves consequências para as finalidades do sistema educativo nacional e a forte indignação da classe dos profissionais da EF face a estas orientações, solicitámos ao MEC a suspensão destas matrizes e a realização de uma audiência urgente. Entretanto, apelámos através de carta endereçada às escolas, que os colegas, nas suas escolas e junto da tutela, façam urgentemente eco desta preocupação, tomando as providências julgadas necessárias para que o atual estatuto curricular da disciplina de EF não seja prejudicado. Solicitamos-vos igualmente que nos deem conhecimento das posições que tomarem para os endereços eletrónicos institucionais do CNAPEF e da SPEF.

Com os nossos melhores cumprimentos,

Os presidentes das Direções do CNAPEF e da SPEF,

João Lourenço

Marcos Onofre

contrição

“Era bom que, aqueles que contribuíram por ação ou omissão para esta dívida e esta ilusão, tivessem a humildade de reconhecer que a culpa do que se está a passar em Portugal não é do senhor Sarkozy, nem da senhora Merkel, nem da Europa. Foi de todos quantos prosseguiram um modelo de desenvolvimento que não era realista nem ajustado nem justo”. Passos Coelho

E quem são os responsáveis, quem são? Vá lá, vá lá, decoro por favor!

Deixem-se de hipocrisias…

O país não tem condições para assegurar a escolaridade obrigatória de 12 anos!

Famílias mais pobres obrigadas a pagar livros

A escolaridade obrigatória requer condições materiais que a garantam e a tornem realidade: o acesso ao estabelecimento escolar; o apoio às escolas para que sejam eliminados os obstáculos ao abandono escolar precoce e à exclusão; o apoio às famílias para que possam prescindir do trabalho infantil.

Se o Governo não é capaz de garantir estas condições mínimas que viabilizam a escolaridade obrigatória de 9 anos, é imperativo retroceder e anular os efeitos dos normativos que alargaram esse período para os 12 anos, sob pena de forçar milhares de famílias a viverem na ilegalidade ou, em alternativa, agravarem ainda mais as suas condições de vida.

O que resta do ano novo…

(Imagem retirada daqui)

O ano novo para os professores começa em Setembro. Embora parte dos efeitos do Ano Novo emirja verdadeiramente em Janeiro, os professores têm três meses para edificar a sua mensagem de optimismo ou de desencanto, no plano profissional. Projectando o futuro pelos três meses que já passaram, há a certeza de que o ano que aí vem será um mau ano. E não será pelo discurso empolado e oportunista de um responsável político após a divulgação de um relatório PISA que é possível adoptar uma mensagem de optimismo e de esperança. Bem pelo contrário. Pelos documentos oficiais e oficiosos que se vão conhecendo e que antecipam o novo Setembro, o próximo ano será mais difícil ainda.

Se no plano profissional não é possível sustentar uma mensagem optimista, há que procurar ambientes onde a realização pessoal se materialize.

E assim emerge o meu desejo para 2011 que é um desejo minimalista na forma mas maximalista no conteúdo:

Saúde e relações pessoais dignas e dignificantes!

Um caso de justiça II

(Carta publicada no jornal Público na secção das cartas à Directora)

O Supremo Tribunal de Justiça errou

Sou Professor há 36 anos. Sou Professor daquela coisa que alguns consideram mesquinha, vil, pecaminosa, secundária, subalterna, que se denomina CORPO. Seja pela via do Desporto de baixa, média e alta competição seja por via da Educação Física escolar, tenho dedicado a minha vida a ajudar as crianças e os jovens do meu país a crescerem, a tornarem-se homens e mulheres plenamente desenvolvidos, com carácter, com força (física e mental), com coragem, com valores que os ajudem a enfrentar as vicissitudes da vida de cabeça levantada e olhos límpidos.

Viver é um risco e as aulas de Educação Física e Desportiva são meios fundamentais para desenvolver nos jovens o gosto do risco, o prazer da aventura, a adesão a novos desafios. Não está aqui em causa somente a realização do corpo na sua dimensão física mas também, com carácter indissociável, a realização do corpo como entidade ética, estética e axiológica. Por isso, não aceito que os juízes do Supremo Tribunal de Justiça tenham condenado um colega a pagar mais de 75.000 euros de indemnização a uma aluna que se magoou no decurso de uma aula de Educação Física.Com esta atitude, os juízes deram uma machadada fortíssima no prestígio, eficiência e valorização social do Desporto e Educação Física (DEF) como fautores de Educação.

Com todos os cuidados necessários que é necessário ter, a aula de Desporto e Educação Física comporta um risco, risco esse que é a natural consequência de procurar "rendimento" formativo, educativo, pela via do corpo em movimento para lá dos limites do habitual. Numa época marcada pela hipocinésia como maleita civilizacional, a deliberação dos juízes do Supremo Tribunal de Justiça não condenou um acto falhado de um professor (todos os tivemos, temos e teremos), mas sim constituiu-se como um libelo contra os professores de Educação Física e Desportiva que, com o humano receio de falhar, vão reduzir a dimensão formativa plural e assim contribuir para a expansão da hipocinésia, da morbilidade e da redução da qualidade de vida de todos. Só espero que todos os meus colegas assumam, com coragem, que o risco fez e continuará a fazer parte da nossa maravilhosa profissão.

José Augusto Rodrigues dos Santos

Professor associado com agregação

Faculdade de Desporto

Universidade do Porto

Será que o governo também arroga o mérito das suas políticas ao aumento da obesidade infanto-juvenil?

Portugal é o terceiro país da União Europeia com mais crianças gordas, só ultrapassado por Malta e Grécia. São quase 19 por cento dos miúdos entre os 11 e os 15 anos a apresentar excesso de peso ou mesmo já obesos. E se, em relação aos adultos, o panorama não é tão mau – o país está perto da média europeia no que toca a obesos – no espaço de uma geração, a situação tende a agravar-se. (Fonte: Público)

Obesidade? Falta de exercício? Isso existe? Nãaa…

A escola, esta escola não é a alternativa.

Passei agora mesmo pela rtp2. O Instituto de Emprego e formação Profissional fazia a promoção do EuroSkills/ Lisboa 2010 – Feira Internacional de Profissões. Gostei de ver os testemunhos dos jovens seleccionados, com idades compreendidas entre os 18 e 24 anos. Eram jovens ambiciosos, focados na profissão, confiantes e entusiasmados. Pensei nos meus alunos dos cursos profissionais e não achei nenhum com estes atributo. Talvez não sejam alunos de elite. Infiro que tenho apenas alunos normais se se considerar a excelência como uma anormalidade. Tenho alunos, alguns, que ambicionam concluir o ensino secundário e “agarrar” a área de formação; outros, não querem nada, não querem nada da/na escola; alguns pretendem concluir o ensino secundário; uma minoria quer prosseguir os estudos, ligados ou não à área profissional.

Não sei se os cursos profissionais foram pensados para esta elite de jovens. O ensino superior não pode ser a única via profissional; urge desenvolver a formação profissional de nível médio para satisfazer as necessidades de formação dos jovens e dos mercados laborais. Mas ainda não há alternativa para os outros: Para aqueles jovens cujo trabalho, na escola e fora dela, não diz nada.

Se esta escola não é uma alternativa, onde está a alternativa?

Há lutas em dois quintais

O Estudo Acompanhado era a unidade de cuidados intensivos do Português e da Matemática", defende ao DN Arsélio Martins, da APM, para quem esta solução era ainda assim "um paliativo" que só disfarçava as carências.

Ainda pensei que a área não disciplinar de Estudo Acompanhado tinha como objectivo ensinar as crianças e jovens a estudar. Claro que só um lírico como eu, que nada percebe de metodologia de estudo, é que poderia pensar que a criação desta área não disciplinar visava uma coisa muito simples: ajudar as crianças a encontrar um método singular para um estudo autónomo.

Depressa as áreas não disciplinares (Área de Projecto e de Estudo Acompanhado) foram subjugadas pela Matemática e pelo Português e transformadas em centros de treino intensivo, ou cuidados intensivos, como os designa o colega Arsélio Martins, da APM.

Nada de surpreendente se considerarmos que há muito tempo prevalecem as lógicas mercantis no sistema de ensino. Daí a febre dos resultados atestados nos famigerados rankings. Daí o papão dos exames nacionais. O que me leva a pensar que as ideias, os projectos, as inovações, tudo o que é criado com o intuito de transformar a escola acaba metamorfoseado em produto negociável. Com a conivência dos órgãos de gestão e com o silêncio cúmplice dos conselhos pedagógicos, as áreas não disciplinares (insisto no negrito), designadamente, o Estudo Acompanhado e a Área de Projecto, acabaram na alçada das disciplinas do regime (Matemática e Português) e a Educação Cívica acabou por ser uma propriedade do Director de Turma para o trabalho directo com os alunos porque há sempre que resolver problemas do quotidiano escolar (o que até nem me parece mal face ao objecto da disciplina).

O governo decidiu, e bem, acabar com a farsa. Eu sei que não o fez pelos melhores motivos: Não vai acabar com as áreas não disciplinares por ter verificado que o sistema foi pervertido. Mas se há males que vêm por bem, este é um deles, por muito que custe aos excelsos líderes das associações de professores de Português (APM) e Matemática (APM).

Façam Greve!

grevegeral

Que seja Greve.

Que seja Geral.

Que se faça.

Que se sinta…

Que seja de todos.

Façam "folga",

façam "huelga",

façam "strike",

façam "streik",

façam "greba",

façam "إضراب,

façam "стачка",

façam "vaga",

façam"stávka",

façam "grev",

façam "罷工",

façam "απεργία",

façam "staking",

façam "lakko",

façam "sztrájk",

façam "ストライキ",

façam "strejke",

façam "забастовка",

façam "हड़ताल",

façam "counter",

façam "mogok",

façam "sciopero",

façam "verkfall",

façam "welga"

Façam em português…

Façam qualquer coisa,

Demarquem-se da "Corja"

e não deixem que o façam por vocês.

Chegou a vossa vez.

Fechem as escolas,

As fábricas, e as "portas" todas.

E, se ficarem abertas,

Luza esta "chave" na mão de quem as não fechou.

Muita Unidade.

___________________

Paulo Duarte

(Não sei quem é o Paulo Duarte mas subscrevo)

Greve com salários pagos

PME portuguesas vão "aderir" à greve geral

As 12.800 empresas associadas da Associação Nacional de PME (ANPME) vão pagar salários aos trabalhadores que amanhã fizerem greve e algumas delas vão mesmo encerrar.

Não direi que esta medida a ser aplicada pelo ME, num cenário surreal obviamente, garantiria a adesão massificada dos professores à greve geral. Mas que diminuiriam os pretextos risíveis para não aderir, disso não tenho qualquer dúvida.

Disputa pelo pedaço de tempo.

O fim da Área de Projecto e do Estudo Acompanhado, previsto na proposta OE, vai deixar em risco pelo menos 5 mil professores, estima a FENPROF. Não sendo uma boa notícia para os professores contratados por razões óbvias, a extinção das áreas curriculares não disciplinares pode ser uma boa notícia para a escola. Desde logo se for acompanhada por uma diminuição do tempo de permanência dos alunos na escola contrariando a ideia peregrina de que a escola deve ser a tempo inteiro, relegando a família para uma espécie de baldio ao dispor do empregador. Pode ser uma boa notícia se o emagrecimento do currículo formal decorrer de uma política escolar centrada na cultura, ao invés de estar subordinada ao económico. Pode ser uma boa notícia se não decorrer de uma lógica reformadora burocrática, secundarizando e instrumentalizando o acto educativo.

A notícia de que chegou o fim das áreas não disciplinares parece ter desencadeado uma corrida ao pedaço de tempo: A Matemática, o Português, a História, a EVT, enfim, não faltam candidatos em bicos de pés acenando com benefícios pretensamente intrínsecos a cada disciplina. É evidente que a Educação Física também concorre nesta competição porque não lhe faltam motivos e argumentos sólidos para reforçar a sua importância no espaço escolar.

A meu ver, não deve prevalecer a lógica do feudo de uma qualquer corporação relativamente às restantes. É uma discussão inócua porque há que reflectir sobre a lógica política mais adequada à natureza da educação. E essa lógica dever ser a de longo prazo que tenha em linha de conta as carências culturais e educativas da população. Carências essas que não se remedeiam com o tipo de formação acelerada que é promovida pelos CNO´s socratinos.

Acólitos escondidos com o rabo de fora

Agradeço ao Nuno Teles a desmistificação dos números.

Estou longe de ser um defensor do trabalho científico do Banco de Portugal, onde reina o que Pedro Lains bem intitulou como o “Consenso da Almirante Reis”. No entanto, esta notícia do I “Banco central culpa função pública por fraca produtividade do país” é pura e simplesmente falsa. O Banco de Portugal refere no seu boletim de Outono um aumento da produtividade do trabalho no sector privado de 3% em 2010, ao mesmo tempo que o factor trabalho continua a ter um contributo negativo no crescimento do PIB (de -0.9%. em 2010), associado à forte queda do emprego. É fácil de perceber como surgem estes números. Depois da forte contracção do produto em 2009, muitas empresas reduziram o seu número de trabalhadores e aumentaram a pressão sobre os seus trabalhadores: o trabalho intensifica-se em esforço e horas de trabalho (o que os marxistas definem como aumento da taxa de exploração). Ou seja, o custo do factor trabalho em relação ao produto diminuiu, aumentando a produtividade. Por outro lado, sabemos que foram muitas as empresas a encerrar, aumentando o desemprego e contribuindo para a queda do PIB. Sendo as empresas trabalho intensivas as mais afectadas, é também normal que o contributo negativo no crescimento do PIB seja maior no factor trabalho.

Pois bem, qual a conclusão do I perante estes números? Confundem alhos (taxas de produtividade) com bugalhos (contributo absoluto dos factores de produção no produto). Se a produtividade do trabalho no sector privado aumentou, mas o contributo do factor trabalho na economia é negativo, então a culpa tem de ser dos funcionários públicos: “o crescimento deste ano (1,2%) inclui um contributo negativo do factor trabalho, sendo que a produtividade aparente do trabalho do privado "deverá subir 3%" este ano. O sector público, que forma o resto da equação, será responsável pelo comportamento negativo deste indicador considerado crucial para a retoma, embora o Banco não o concretize em números.” Existe uma óbvia razão para o Banco não concretizar em números. Como a maior parte dos serviços públicos não tem um preço (uma cirurgia, uma aula de geografia, uma ronda da polícia), é um exercício complicado o de calcular a produtividade (produto/número de horas trabalhadas) neste sector.
Ok, argumentarão que esta peça do I não é mais do que o resultado do erro de leitura do jornalista. Não, não é só isso. Como o título da peça demonstra, pode ter havido condicionamento ideológico na interpretação dos dados: a culpa tem de ser desses mandriões dos funcionários públicos, de quem o BP não diz uma palavra. E assim se legitimam os cortes que afectam particularmente esta fatia da população…

in: http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/

Já há metas?!

Sempre houve metas de aprendizagem. Um professor que não se limita a programar as suas actividades lectivas pela cartilha do manual escolar, que disseca os programas nacionais para definir prioridades na selecção das matérias de ensino, dispensará esta pseudo articulação vertical cuja aplicabilidade é, evidentemente, facultativa.

Com esta prescrição inócua, o ME acabou de passar mais um atestado de menoridade aos professores.

E quando a Terra gira ao contrário?

Pais defendem ajuste no horário

A maior associação representativa de pais e encarregados de educação (Confap) defende que os horários dos professores têm de ser reduzidos, tal como pretendem os sindicatos, que amanhã vão negociar o tema com o Ministério da Educação. "Os professores, em especial em início de carreira, têm horários brutais e há ajustamentos a fazer. Têm 22 horas semanais para aulas e 13 para componente não-lectiva, mas muitas vezes trabalham mais do que essas 13 horas e têm de tirar tempo às suas famílias para preparar aulas", disse ao CM Albino Almeida, presidente da Confap. (Correio da Manhã)

hummm… quando a esmola é grande o pobre desconfia!

Proposta do ME (2 de Dezembro) – Um enigma.

Dir-me-ão que estou demasiado optimista face ao faz que vai e não vai, simula para a direita e finta para a esquerda. É evidente que o governo insiste num ponto que é, no mínimo, controverso: a manutenção das quotas para os docentes plumas e meios-pesados (3º, 5º, 7º escalão).

Isto só para nós que ninguém nos escuta, das duas uma: ou este ME quer confundir a comunicação social dando a entender que preservará intocável uma das bandeiras do trio maravilha, que saiu para férias sabáticas 😉 , para a deixar a meia haste, paulatinamente; ou então está a jogar com dois baralhos. Eu quero continuar a crer que o ME está de boa-fé negocial.

Mas as quotas para as melhores notas, que permitirão aos professores avançar na carreira sem estarem dependentes de vagas nos escalões superiores, estão definitivamente “em cima da mesa”.

“A percentagem [dessas quotas] é que pode ser discutida”, admitiu o secretário de Estado.

Contudo, salientou, os professores que sejam classificados com “excelente” ou “muito bom” poderão progredir na carreira sem precisarem de “esperar por vagas nos escalões seguintes”. (in: JN)

Confusos? Afinal, há quotas, ou não? Que grande nóia…

Parece-me claro que as classificações de Muito Bom e Excelente só serão atribuídas com aulas observadas, uma espécie  de livre de trânsito para a progressão na carreira, como se lê aqui:

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O problema é que esta redacção é, no mínimo, enigmática. Há vagas a granel, o problema é que as classificações terão freio, em condições a regular!? Valha-me Deus… Decidam-se: Não há contingentação de vagas mas há contingentação das classificações de Muito Bom e de Excelente!?

Não deixa de ser curioso que o pessoal mais antigo na carreira possa ficar dispensado destas modernices sendo dispensado de solicitar o que quer que seja para progredir até ao índice 370. O que me leva a depreender que o excelso mérito será obrigatório apenas para quem estiver estacionado abaixo do índice 245, a não ser que os pesos-pesados requeiram a observação de aulas só para fortalecer a auto-estima, não é verdade?

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Marco Fortes

Estão lembrados das declarações polémicas de Marco Fortes depois de ser eliminado no concurso do lançamento do peso nos jogos olímpicos de Pequim?
Muitas vozes se ergueram a condenar o atleta pelo modo como reagiu à eliminação, tendo sido “convidado” a regressar a Portugal pelo chefe da comitiva.


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Marco Fortes bateu hoje, uma vez mais, o recorde nacional do lançamento do peso.  A vida e o desporto em particular têm destas coisas. De besta a bestial vai um passo.
Parabéns, Marco!

:)

Um email que faço questão de partilhar.
Obrigado, NunoRR.

«O Tropfest» é o maior festival de curtas metragens do mundo. Começou há 17 anos em Sydney, na Austrália.
Teve a sua 1ª edição no ano passado em Nova York.
O vencedor de 2008 foi este filme totalmente filmado com um telemóvel em Sidney e NY por Jason van Genderen.

O seu orçamento foi de 40 dólares (+/- 30 euros)!