Hilariante

Quem se presta a negociar com este governo sabe que terá de contracenar no palco mediático. Está na sua génese, ou melhor, está na génese do grande líder esta apetência para a encenação política. Dir-me-ão que a acção política contém uma faceta mediática, que a mesma é inevitável, e sem a qual não é possível mediar a relação entre representantes e representados. É verdade. Só que o problema não está na competência mediática do político sendo consensual que José Sócrates é um bom actor. O problema começa quando o político promove os meios (da sua acção política) à categoria dos fins. Ao esquecer que o fim da sua acção política não é a manutenção do poder nem a eternização dos seus apaniguados no governo mas, realidade bem diferente, a criação das condições de desenvolvimento do país face aos constrangimentos circunstanciais e conjunturais.

Tem sido penoso assistir à degradação das condições de desenvolvimento do país enquanto os actores políticos mandatados pelo povo se entretêm em jogos florais. Temos assistido, estupefactos, a inúmeros episódios inverosímeis que, face aos testemunhos contraditórios, têm o mérito de comprovar que há pelo menos um mentiroso entre dois implicados. A confiança parece ser uma palavra vã nesta política rasteira onde as declarações de Eduardo Catroga depois de ter assinado o protocolo sobre o Orçamento do Estado para 2011 constituem apenas o mais recente e hilariante exemplo.

O chefe da equipa negocial do PSD fez questão de mostrar para as câmaras uma fotografia tirada com o seu telemóvel que regista o momento em que assinava, em sua casa, o Protocolo de Entendimento sobre o OE, ao lado de Teixeira dos Santos.

Acham isto normal?