(Imagem daqui)
O futebol é um desporto multifacetado. A sua dimensão mais mediática parece reduzir o jogo ao espectáculo e as implicações deste olhar são óbvias: os protagonistas, e quando me refiro aos protagonistas estou a pensar nos jogadores, dirigentes e demais profissionais dependentes, acabam por desenvolver competências artísticas próprias de qualquer actor hollywoodesco.
É por esta razão que considero o presidente da FPF um artista. O verdadeiro artista. E se pensa que este intróito é descabido então é porque não gosta do fenómeno, ou considera um exagero mobilizar um neurónio que seja para cogitar sobre o assunto. É uma posição respeitável, certamente, e se assim pensa este post acaba aqui porque nada lhe dirá. Se gosta do fenómeno, o que não significa aceitar discuti-lo como se fosse unidimensional, não ficou indiferente à notícia do dia: Madaíl está em Madrid para convidar Mourinho para 2 jogos.
Depois do canto de finados da reestruturação do futebol português, porque foi abandonado o mentor do projecto mais consistente e bem delineado, credível e exequível, que alguma vez se produzira, é extraordinário que tudo se tenha passado sem conhecer uma única voz dissonante que fosse a contestar o projecto. O que se conhece são opiniões de figuras públicas ou de figurantes, aparentemente preocupadas com as questões comezinhas da substituição frustrada, ou da relação empática falhada, como se apenas existisse a árvore quando o que está em jogo é a qualidade da floresta.
A solução Mourinho parece divinal. Madaíl e os seus acólitos da federação estão de parabéns. O number one é, quiçá, a única estrela capaz de ofuscar o buraco negro da agnosia em que mergulhou o futebol nacional. Para que a porcaria não seja atirada para debaixo do tapete, uma vez mais, é bom que Mourinho decline o frete.