Como penso que tenho uma boa noção das minhas limitações, não correrei o risco de ser acusado de dividir a “classe”. Malogradamente 😉 , estou numa posição confortável porque posso defender os meus pontos de vista sabendo que o impacto do que disser será despiciendo face à (des)união dos professores.
Temos (este plural quer significar, nós, professores) motivos de sobra para agir e lutar contra as políticas deste ME.
Temos razões para ir para a rua e protestar.
Temos necessidade de extravasar o nosso descontentamento até por uma questão terapêutica.
Há três formas de luta possíveis: intra ou extra-muros da escola e uma forma que posso designar de híbrida.
Há três tipos de organizações: as organizações sindicais, os grupos organizados parasindicais ou acções esporádicas das duas organizações. Há adeptos para todos os tipos de organizações!
Tenho acompanhado a discussão na blogosfera sobre o momento difícil que atravessamos e os blogues do Paulo e do Ramiro têm-me permitido perceber o sentir colectivo (seja lá o que isso for) dos bloggers. O que verifico, naturalmente, é que cada cabeça sua sentença: as soluções para os problemas divergem a tal ponto que o problema principal deveria ser a busca de um denominador comum que permitisse sustentar uma acção colectiva que produzisse efeitos positivos. Ora, apesar de ser evidente esse esforço por parte do Paulo e do Ramiro, e de outros colegas onde me incluo, assistimos, não raras vezes, à radicalização no discurso à medida que o tempo e a paciência se esgotam.
Há dias alguém decidiu manifestar-se em frente ao ME (por razões legítimas e válidas, obviamente) e a convocatória foi realizada por SMS e por email. As organizações sindicais, que têm a sua própria agenda, não aderiram. Os manifestantes puderam verificar as dificuldades da mobilização, no terreno. Agora repete-se a experiência (combinando uma manifestação para o 15 de Novembro) sem se garantir, até ao momento, o apoio das organizações sindicais. Dizem os mais entusiastas da iniciativa que os sindicatos irão a reboque ou que serão até dispensáveis. Não irei fazer futurologia: Veremos. Veremos se os sindicatos irão a reboque e veremos se serão dispensáveis…
A meu ver, o caminho que está a ser trilhado é perigoso… sei que numa luta política com este governo, os professores precisam de uma boa organização política. Ao mantermos este divisionismo corremos o risco de ficarmos ainda mais vulneráveis, mais espartilhados e encurralados, entretidos numa luta individual nas escolas situadas.
Olhemos para o exemplo dos professores contratados. No ano lectivo transacto surgiram problemas com a avaliação do desempenho. Quantos é que protestaram junto dos órgãos de gestão e quantos decidiram recorrer das classificações? Quantos colegas abdicaram do direito de exigir informação sobre pseudo classificações injustas e quantos agiram em conformidade? Pois…
Adenda: Tal como receara, começou a guerra nas trincheiras.
Miguel,
tens toda a razão quanto aos cuidados e caldos de galinha.
Até porque atrás de um ecran de computador todos somos “heróis”, mas no combate à prepotência, ao nepotismo e ao autoritarismo de muitos PCE’s/directores/ditadores, a coisa “pia mais fino”.
Todos não somos demais para derrubar estas políticas (não chega derrubar este governo, já que os laranjas nada mudariam).
Plataforma Sindical, movimentos autónomos e professores nas escolas, todos temos que agir contra o ECD, a classificação de serviço e a empresarialização dos directores.
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Já é tarde para discutir epistemologia! O tempo agora é de mobilização; não é de questionamento. Miguel, dessa forma não ajudas nada! Desculpa lá! A FENPROF apelará aos professores para uma marcha em Lisboa, em Novembro. Se não for a 15/11, será noutro dia. Podes estar tranquilo: a FENPROF vai estar com os professores. Farias melhor em ajudar a aquecer os motores. O que estás a fazer é a arrefecê-los. Em vez de gasolina, estás a meter água. A situação nas escolas está intolerável quer para avaliadores quer para avaliados. É uma questão de sobrevivência e de luta pela sanidade mental e fisica. O comboio já está em movimento. A opção é tua: salta para dentro dele ou fica na estação.
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😆 Tiro na água, Ramiro
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Bora lá, Miguel!
Todos somos poucos. O combate, “a céu aberto”, fora das trincheiras, já começou.
“as crianças e as mulheres” já estão nos abrigos!
fjsantos,
“Até porque atrás de um ecran de computador todos somos “heróis”, mas no combate à prepotência, ao nepotismo e ao autoritarismo de muitos PCE’s/directores/ditadores, a coisa “pia mais fino”.”
Os homens do desporto têm a deformação profissional de considerarem que são o máximo. Trabalhei ,directamente, com muitos nos serviços centrais (24 de Julho) e fiz amigos e (bons)inimigos – estes últimos com um “ego” e “vaidade” insuportáveis.
Tudo uma questão de “pilinhas” (…)
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Bora lá, Ana! 🙂
Não sei para quem é dirigida a farpa mas, pela parte que me toca, o combate já começou há muito tempo.
Creio que terei de relembrar a minha posição sobre o assunto e dispenso-me de evocar, uma vez mais, as razões: sem sindicatos isto não vai lá!
Há muitos colegas que não pensam assim e estão decididos a avançar para uma manif sem burilar a estratégia com os sindicatos. Respeito mas discordo.
Como divulguei aqui (https://olhardomiguel.wordpress.com/2008/10/07/2%C2%AA-mega-manifestacao-de-professores/): O Mário Nogueira já avisou que uma marcha nacional, à semelhança da realizada em Março, poderá surgir «ainda antes do segundo período» lectivo. Pela parte que me toca, e sendo coerente com o que tenho defendido, aguardarei: Creio que na próxima semana teremos novidades.
Quanto ao comentário que citas do fjsantos, não creio que se dirija a algum delegado sindical 😉 … quando muito será dirigido aos activistas de gabinete, o que não é o meu caso.
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Miguel, mas vamos fazer todos forças, para nas tuas palavras, se me permites, “burilar a estratégia com os sindicatos”.
Eu vou estar atentíssima (…) . Amanhã (hoje!), reune a Plataforma!
Abraço
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De facto não estava a falar de sindicalistas (embora muitos também se sentem atrás de écrans de computadores). Falava mais de todos os que nos comentários dos blogues matam e esfolam, mas quando é preciso ir à luta dizem: «temos que fazer assim ,porque senão vem um inspector, vem o PCE ou vem um processo às costas.»
E, claro que também me referia aos que querem subir de galho por acharem que têm uma pila muito grande e nos galhos de baixo ainda arrasta pelo chão.
http://fjsantos.wordpress.com/2008/10/13/1511-manifestacao-ou-facto-politico/
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Olha, eu estou disponível para as duas manifestações, caso existam.
Tu estás?
Eu não estou contra colegas professores, mesmo quando eles me acusam de anti isto e aquilo e se assumem como mais importantes porque estão no topo de uma nomenklatura que, sem as bases, não tem sentido de existir.
Foram consultadas as bases?
Mas, repito, estou disponível para as duas.
Tu estás?
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Não estou disponível para duas manifestações, Paulo.
Não estou disponível para dar para esse peditório porque não sou amigo, nem pai, nem mãe das organizações que promoveram a manifestação de 15 de Novembro. Não me sinto implicado, Paulo. Respeito os colegas que desejam manifestar-se contra o ME e contra o governo nos locais e nas datas que bem entenderem. Só contarão com o meu apoio se essas manifestações fizerem sentido [para mim, obviamente], se tiverem um alcance político que não fragilize a acção sindical.
Esta luta é política e como tenho defendido aqui, e repito uma vez mais, os sindicatos são o braço político dos professores. Esta luta deve ser liderada pelos sindicatos. Considerei desde o primeiro momento em que foi marcada a manif. de 15/11 que seria um erro crasso fazê-lo sem procurar burilar a estratégia com a FENPROF. E como prezo a frontalidade e a coerência (embora nem sempre esteja à altura de o ser… acredita que me esforço), dir-te-ei que não seria capaz de alinhar nestas coisas só para parecer politicamente correcto ou para não defraudar as expectativas de quem passa por aqui.
Se pensas aderir às duas acções, ainda bem. TODOS seremos poucos para ganhar esta batalha política.
Quanto às fragilidades da organização sindical, não deixarei de criticar uma pretensa ausência de democraticidade, sempre que ela exista, nos locais onde essas questões devem ser discutidas. E posso fazê-lo por dentro porque sou sindicalizado.
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Mas por seres sindicalizado tens uma autoridade superior para discutir esses assuntos, é isso?
Mas por seres sindicalizado, achas correctas as afirmações do Mário Nogueira, ou apenas podes dizer isso nos locais certo?
Desculpa-me Miguel, mas sendo frontal: sei que és sindicalizado porque essa é a tua vontade, mas essa circunstância limita-te a liberdade de expressão, ao ponto de só falares “por dentro”?
Só quem está na Fenprof é um bom professor (e já agora bom cefe de família 😉 ) e com visão política?
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Paulo
“Desculpa-me Miguel, mas sendo frontal: sei que és sindicalizado porque essa é a tua vontade, mas essa circunstância limita-te a liberdade de expressão, ao ponto de só falares “por dentro”?”
Eu não falo só por dentro, e não será necessário fazer nenhuma visita guiada ao blogue. Trata-se apenas de optar pelos canais que em cada momento considerar mais adequados para ajudar. Só isso…
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