O Ramiro relançou o debate sobre a avaliação do desempenho docente. Justifica esta sua (re)acção pela necessidade de “criar argumentos racionais, rigorosos e coerentes para que os professores possam justificar a luta pelas alterações ao ECD e ao modelo de avaliação burocrática de desempenho.”
Sendo louvável o esforço (de demonstrar a incoerência das políticas educativas deste governo) ele será inócuo porque assenta no pressuposto de que este governo é sensível ao argumento científico ou ao argumento do bom senso e da prática vivida.
Já se percebeu que os ventos da racionalidade económica determinam o sentido das políticas sociais. Mais urgente do que procurar argumentos é preciso procurar aliados. Há que pensar hereticamente, como diria Apple. Há que procurar alianças tácticas onde elas forem possíveis e onde elas implicarem benefício mútuo – desde que essas alianças não ponham em risco as crenças e valores humanistas.
Discordo da posição do Miguel, nesta matéria, justamente porque o que o professorado não teve e não tem são “aliados”, com raríssimas e pontuais excepções. Também ,sejamos claros, tem existido uma falta de “argumentos racionais, rigorosos e coerentes para que os professores possam justificar a luta pelas alterações ao ECD e ao modelo de avaliação burocrática de desempenho”.
Repare que um dos argumentos deste ME , que passou para a população, era a de que os professores não queriam era ser avaliados. Todos o sabemos que é uma mentira fraudulenta e quais são os intuitos preversos que a justificam.
Contudo, os sindicalistas foram totalmente incapazes de desmontar essa mentira que condiciona quase tudo, quer em termos da comunicação social, quer informando os próprios professores.
Coloquei no blog do fjsantos, 3 comentários num seu post, que me parecem ser argumentos de peso para os professores puderem esgrimir. Para não me estar a repetir ,creio que não se importará, que coloque o ite
http://fjsantos.wordpress.com/2008/08/17/reflectindo-sobre-as-bases-para-uma-avaliacao-de-desempenho-dos-professores-iii/
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É um errado dizer que o professorado nunca teve aliados: o PC e o BE (para o bem e para o mal) têm dado voz à voz dos professores, não sendo despiciente o facto desse apoio advir dos partidos de oposição que viveram sempre fora da acção governativa. Há que alargar o conceito de aliado a qualquer organização que possa influir o curso da decisão política. Venha essa ajuda de onde vier, é necessário introduzir no senso comum uma imagem positiva do professorado. É evidente que a comunicação social tem um papel determinante neste desiderato. É preciso, no entanto, ir mais além. Há que descobrir quem e onde faz a decisão política. Seria uma ideia romântica pensar que essa decisão se faz nos gabinetes governativos…
A Ana crê que foi a força da argumentação do ME a pedra de toque que terá aberto o caminho às políticas lesivas dos interesses dos professores. Se o problema se resolvesse com os argumentos, o elevado consenso na comunicação social e, quero crer, na população em geral acerca da iniquidade das políticas deste governo já teriam obrigado o governo a inflectir.
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Olá, Miguel!
Obrigado pela referência ao debate que tenho procurado criar no blog ProfAvaliação. O meu receio é que os sindicatos fiquem à espera do final do ano lectivo para apresentarem propostas concretas de alteração ao Decreto-Lei 15/2007, a mãe de todas as injustiças, desigualdades e humilhações. É por isso que vou continuar a dedicar tempo, energia e espaço à procura de argumentos racionais que justifiquem as alterações ao articulado do novo ECD. Tenho desafiado outros blogs -sem grande resultado – a associarem-se a mim na criação desse debate.
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Miguel estou em desacordo consigo. E passo a explicar. O PCP apoia estas políticas, não porque de todo as subscreva, mas porque em termos de ideário mantem que é através das “massas descontentes que será implementada a ditadura do proletariado”. Conheço muito bem as “cartas mentais” dos membros do PCP, da forma de funcionamento e organização. São aliados táticos destas políticas. Se dúvidas existissem basta pensar que desde início da legislatura que a voz no Parlamento que denunciava o ataque aos professores e à Educação era a Luísa Mesquita. Foi simplesmente convidada a sair da bancada parlamentar pela direcção do Partido. Estava a ter posições incómodas para a estratégia política do Partido.
Um aliado de peso, por tática política, do desgoverno de Sócrates tem sido o PCP. Aliás, o “Entendimento” foi a manifestação desse entendimento tático de mútuos benefícios. O Mário Nogueira sempre foi um feroz defensor “das iniquidades do anterior estatuto de carreira” e de que os professores do Ensino Superior estavam muito prejudicados, em termos remunerativos, em relação aos do Básico e Secundário. Etc.
Aliás, durante dois anos e tal, a Fenprof esteve simplesmente apostada em aniquilar os sindicatos que assinaram com o anterior governo do PS o ECD agora revogado. Tente esclarecer-se.
Quanto ao BE nem me pronuncio. Só nos tempos recentes, com a Ana Drago, pegaram no assunto. Deixaram passar tudo, sem uma única intervenção pública em defesa da Educação e dos Professores. Nada. Na agenda política só existiam desmpregados.
Relativamente aos professores estarem conscientes do que realmente se passa, não é verdade.
Sem Ordem, sem Sindicatos e com uma campanha de marketing e publicidade desta dimensão, restou a informação que se foi obtendo via informal. Mails, blogues, SMS, conversa a conversa, e pouco mais.
Informação é poder. Desmontar a pulhice com os professores a estarem informados ,com os tais argumentos a que se refere o Ramiro, é meio caminho para inverter a situação.
Temos que começar a meter golos. Isto é, de facto, uma guerra ideológica. E, creio, que os aliados dos professores são os democratas portugueses.
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